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Rubens Lemos Filho
Série D jamais será campeonato, sempre será calvário. É animador que estejamos a duas rodadas do fim da interminável primeira fase. O ABC disparado na liderança do seu grupo, o 3, deve enfrentar o Retrô, time de empresários, mais interessado em negócios do que em títulos. O Retrô é o quarto colocado do Grupo 4.

Gustavo Henrique comemorando contra o América

O América, pela derrota de domingo para o ABC por 3×1, ainda é o segundo colocado nos critérios técnicos, mas está empatado em número de pontos ganhos – 21 -, com o Campinense, contra quem fará um confronto mortal no sábado, às 16horas, na Arena das Dunas.

O América não pode mais errar. O América pareceu cansar no segundo tempo contra o ABC, pareceu , como diziam nas peladas de minha infância “pregado”. Sem forças, foi visível. Não adianta matar o time no treino para fazer feio quando valem três pontos.

 Para subir à Série C, é preciso passar por três fases eliminatórias. É fundamental o direito de jogar a segunda partida em casa, que o ABC vem mantendo e o América está correndo o risco de perder. O América pegaria o Sergipe. Se for terceiro, em desvantagem no mando de campo, encara outro sergipano, o Itabaiana. Quem lidera a chave 4 é a Juazeirense(BA), que já eliminou o América em Série D.

É briga de foice no escuro. Ninguém é de ninguém na selva da Série D. Qualquer clube de fachada fundado há dois anos pode superar clube tradicional, com títulos e boas campanhas na Série A do Campeonato Brasileiro.  Vale a transpiração, não a inspiração.

O exemplo da melancolia da Série D estava na solidão do Fantão, o Elefante mascote do ABC, impaciente subindo degraus da arquibancada vazia ou parado, olhando para o vazio de um setor onde pulsa a emoção da massa. Fantão é elefante, mas tem sentimento.

Claro que a culpada pela falta de público nos estádios é a Covid-19 – para mim, nenhuma medida de precaução mudou -, mas a ruindade do futebol contribui para o desânimo.  O ABC 3×1 América poderia ter sido favorável ao América, se seu meio-campo não houvesse dormido, especialmente o seu criativo-mor, Esquerdinha, decepcionante, apesar do gol feito, gol presenteado pela terrível defesa do ABC.

Quem ama o futebol não admite jogador profissional, treinado, envolto nas tecnologias que não substituem o talento, nas terminologias complicadas e nas filosofias táticas absurdas, dominar uma bola de canela, bola esta vinda de uma cobrança de lateral. Não pode tolerar um atacante, sozinho com o goleiro, bater de tornozelo, bola saindo maltratada pela linha de fundo.

O não perder passou a mandamento primordial. Fazer gol, caso seja prêmio do acaso. Aconteceu no ABC x América, no primeiro gol do ABC. Wellington rebateu na defesa e a bola caiu prontinha para Gustavo Henrique invadir a área e tirar do goleiro.

Com 25 pontos, líder absoluto, o ABC não dispõe do principal instrumento de um time, um meio de campo razoável, minimamente criativo. O meio-campo, quando inventaram o futebol, foi pensado como área e inteligência, organização e criatividade. No Brasil, para jogar por lá, só sabendo muito de técnica, de drible e de lançamento.

Treinadores burros, incompetentes e medrosos, deformaram a meia-cancha. De espaço de liberdade e improvisação, virou bunker de cabeças de bagre violentos e maratonistas, homens mais adequados ao atletismo, ao boxe e ao MMA do que ao uso correto de um par de chuteiras.

 O ABC, líder, tem mais de 20 jogadores em seu elenco, mas não conta com um, unzinho sequer, para inverter jogada, abrir espaços na defesa adversária ou enfiar bolas em pontos onde só ele seria capaz de enxergar.

É uma pobreza tão acintosa que a torcida ora à Nossa Senhora da Apresentação, pela volta do ligeiro e voluntarioso Negueba. Depender de Negueba, para quem já teve Danilo Menezes, dói. No saco. Lado esquerdo.

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