segunda-feira, 6 de maio, 2024
24.1 C
Natal
segunda-feira, 6 de maio, 2024

China, Kourou e as amazonas

- Publicidade -

José Sarney – Senador

Vamos imaginar o que foi, na Idade da Pedra Lascada, o domínio do fogo ou a descoberta de novas terras, a aventura de navegar contra o vento, entender o funcionamento da natureza, com a Terra a girar em fantástica velocidade em torno de seu luzeiro maior -como diz a Bíblia-, o Sol.

E, hoje, avaliemos as conseqüências destes tempos transformados da sociedade de comunicação, que entrou instantaneamente, possibilitando a era da globalização, em que todos somos atingidos por tudo.

A Revolução Industrial teve maior impacto naqueles anos do fim do século 18 e começo do 19 do que a que assistimos agora na área de tecnologia. A máquina a vapor, concorrente do homem na substituição do trabalho braçal, surpreendeu mais do que a TV, o celular, os bancos de dados, a internet.

Quando estes chegaram, já havia a desconfiança de que nunca pararia a aventura do homem -e nos preparamos para isso. Acreditamos que chegaríamos aos limites da natureza. E o seu fim só vai esbarrar no próprio homem. “O homem é o lobo do homem” (Hobbes, “De Civi”, Plautus, “Asinaria -homo homini lupus”).

Imagino a cabeça dos 600 frades franciscanos que levaram à catedral de Notre Dame os índios do Brasil para serem batizados por Luís 13. Aqueles seres nus, pobres, ingênuos. Os espanhóis levaram da América ouro e prata. Os franceses, só aquelas pobres almas entregues ao Diabo, para serem convertidas ao cristianismo e salvas para Deus.

Falo essas coisas para avaliar o espanto que ainda nos causam as descobertas. Não as desconhecidas, mas as renovadas, como as da China. A Xangai envolvida na penumbra do ópio e a de hoje, das Bolsas derrubando a economia no mundo inteiro. O Ano Novo chinês lunar, o país já tendo 460 milhões de celulares, registrou 14 bilhões de mensagens de felicitações, no sistema de torpedos. O mundo fica estreito para tanto afeto.

Tudo caminha. Mudando de um pólo a outro, a base de Kourou vai lançar naves espaciais tripuladas, e os russos fazem um acordo com os franceses para operar o Soyuz renovado -o famoso foguete que leva os astronautas russos desde 1967 e o nosso astronauta Marcos Pontes- aqui em nossas barbas.

E Alcântara, mais bem localizada que Kourou, dorme o sono da satisfação de nossa burrice. Recusamos os acordos internacionais e ficamos no ramerrame da xenofobia.

O Brasil tem que entrar nas tecnologias do futuro, senão seremos uma colônia cultural. Ou então mostrar nossos índios em Notre Dame e ainda pensar nas lendárias Amazonas de um seio só, mulheres guerreiras que só recebiam machos nas noites de lua, banhando-se num lago de ouro.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas