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China: o grande desafio

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Dois no mundo – Karla Larissa – especial para a Tribuna do Norte

“A China é um outro mundo e será o nosso maior desafio”. Era o que eu dizia sempre durante nossos três primeiros meses de viagem. E, de fato, foi no país mais populoso do mundo que nos deparamos com as maiores diferenças culturais. O que, ao invés de nos assustar, nos conquistou.
Fred e Karla na Muralha da China, no trecho da cidade de Badaling, que fica mais próximo a Pequim
Hong Kong foi a nossa porta de entrada para a China. A cidade, na verdade, é, junto com Macau, uma região administrativa especial (RAE) o que lhe dá um alto grau de autonomia, exceto no que diz respeito às relações exteriores e defesa militar.

HK tem um pouco de Rio de Janeiro, com um terreno montanhoso e muitas praias, e um pouco de São Paulo com seus arranha-céus.

Em pleno verão, a cidade tinha um clima agradável de sol e muita brisa, apesar de períodos curtos de chuva forte.

Em Hong Kong viajamos em companhia de Jasmine Chong, a malaia de origem chinesa que nos hospedou na Malásia através do Couchsurfing. E com a ajuda dela foi tudo mais fácil.

Apesar de ter sido colônia britânica até 1997, a população da cidade é formada por 95% de chineses e boa parte não fala inglês. Então, ter alguém por perto que sabia mandarim foi uma grande sorte.

Mas viajar por Hong Kong não é difícil. A cidade está muito preparada para o turismo e tem um transporte muito eficiente.

Passear pelas ruas de uma das maiores metrópoles do mundo com seus prédios moderníssimos e telões de néon (em mandarim e inglês) já é um grande passeio. HK, no entanto, oferece muito mais opções de turismo e lazer. A cidade tem a Avenida das Estrelas, com destaque para a estátua de Bruce Lee; show de luzes; mirantes; teleférico que leva até o Buda Gigante; museus; templos; praias; praças e parques temáticos, inclusive, fica lá a mais recente Disneylândia do mundo, que nós aproveitamos para conhecer. HK também é o paraíso das compras com shoppings em cada esquina e mercados de rua. Dá para comprar de tudo e com preços bem atrativos. Hong Kong foi aquele lugar que nos fez pensar “eu moraria aqui”.

Pequim

Como dizem que Hong Kong não é China de verdade, a nossa viagem pelo país começou mesmo em Pequim, a capital e segunda maior cidade, com mais de 20 milhões de habitantes em sua região metropolitana. E desta vez, estávamos sozinhos.

Pequim é diferente de tudo que tínhamos em mente. A cidade é gigantesca e tudo é um exagero: prédios, carros, gente, bicicletas. Mas tudo segue um ritmo de organização ditado pelo Partido Comunista.

No entanto, se não fosse o bloqueio das redes sociais, mal perceberíamos que estávamos em um país comunista, mas sim em uma grande potência capitalista.

Mesmo entregues às dores e às delícias do capitalismo, os chineses sabem como ninguém preservar sua cultura e hábitos. Aliás, é difícil entender os chineses com raciocínio ocidental. Para nós, à primeira vista eles podem parecer grosseiros e mal educados (jogam lixo e cospem o tempo todo no chão, falam sempre como se tivessem brigando e empurram sem dó nem piedade se tiver alguém no seu caminho).  Mas também são muito sorridentes, prestativos e adoram praticar atividades físicas, principalmente, ao ar livre.

Mímicas e bilhetes

Em Pequim nossa comunicação era basicamente com mímicas e bilhetes escritos em mandarim. Com exceção de alguns funcionários de hostels e hotéis, pouquíssimas pessoas falam inglês. E o mandarim é uma língua quase impossível de aprender, pelo menos em curto prazo. Além do alfabeto ser completamente diferente, existem quatro entonações. Assim a mesma palavra pode ter sentido completamente diferente dependendo do tom usado.

A língua foi uma barreira para termos mais contato com chineses, no entanto, vivenciamos Pequim de outras formas. Experimentamos bastante a culinária chinesa.

Para ajudar aos turistas, os restaurantes chineses têm cardápios com fotos, então, é só apontar e esperar a surpresa, que quase sempre era muito boa. Andávamos de metrô, que é muito eficiente e barato, e nos horários de pico éramos espremidos como sardinhas em lata, dormíamos em uma cama inacreditávelmente dura, pois o colchão chinês é mais fino do que um colchonete e usávamos o banheiro chinês (latrina). Aliás, banheiro na China é um capítulo à parte. Há muitos banheiros públicos e não são só para os passantes. No subúrbio onde nos hospedamos em parte de nossa estadia em Pequim havia banheiros públicos para uso dos próprios moradores, pois na antiga tradição chinesa os banheiros eram impuros e não deveriam ficar dentro das casas. Coisas da China!

Patrimônio arquitetônico é atração

Pequim é uma cidade lindíssima com um riquíssimo patrimônio arquitetônico e cultural, legado de três milênios de dinastia imperial.

Os palácios (Cidade Proibida com seus 800 prédios e o Palácio de Verão) são grandiosos e levam-se horas e horas para conhecer cada um deles. Há também inúmeros parques com imensas áreas verdes, lagos e prédios imperiais. O Behai Park é o mais antigo deles e também o mais bonito. E os templos são muitos, um deles, o Templo do Céu (Temple of Heaven) é o símbolo da cidade.

A Praça da Paz Celestial (Tian´anmen Square), a maior praça pública do mundo, é considerada o coração da cidade e é lá onde tudo acontece, inclusive, foi onde Mao Tse Tung anunciou a criação da  República Popular da China e onde hoje está o seu mausoléu. 

Casal visita Grande  Muralha da China

O ponto alto de nossa viagem à China e talvez de toda nossa Volta ao Mundo foi a visita à Grande Muralha. Construída ao longo de quase 2 mil anos por mais de 300 mil trabalhadores, a Muralha da China tem 6.700 quilômetros de extensão. Escolhemos conhecer o trecho da cidade de Badaling, que fica mais próximo a Pequim.

Por dia, vários ônibus de agências de turismo saem de Pequim a Badaling, mas decidimos fazer a viagem de pouco mais de uma hora de transporte público, o que foi fácil e infinitamente mais barato.

Por ser um trecho mais turístico, a Muralha da China em Badaling é lotada, o que diminui, mas não tira o encanto de estar ali em um lugar tão incrível e repleto de significado histórico.

Caminhamos por cerca de duas horas debaixo do sol de verão chinês, aliviado por uma brisa gostosa, até chegar a um ponto mais alto. A paisagem é incrível. Falta ar pela subida difícil, pelo calor, pela beleza do lugar e por estar ali tão longe.

E assim nos despedimos da Ásia e agora seguimos com nossa viagem pela Austrália. Um novo continente, novas histórias.

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