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Chocolate

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Rubens Lemos Filho
Errado. A primeira bicicleta, o golpe desafiador da física quando se jogava  o corpo de costas no ar para o chute, não foi de Leônidas da Silva. Quem inventou o lance foi o chileno Ramón Unzaga em 1914. Leônidas fez mais bonito dezoito anos depois jogando pelo Bonsucesso(RJ) contra o Carioca, na vitória por 5×2. 
Leônidas realizava voos artísticos. Saltava de costas igual gaivota negra e batia com estilo, transformando o campo num palco de teatro ou em circo nobre. 
Leônidas era tão habilidoso atacante que seu sabor virou chocolate. É, o Diamante Negro que você costuma comprar no mercado é homenagem ao grande jogador brasileiro das três primeiras décadas do século passado. 
Era refino puro, Leônidas. Uma habilidade de meio-campista duelando com zagueiros na área ou simplesmente driblando-os, sem nenhum recato. Seu toque encantava a Belle Epoque alinhada nas cadeiras e arquibancadas. 
Ao chegar ao São Paulo, time da elite, passou a usar a bicicleta como fazem hoje, em comboio, os ciclistas equipados e ansiosos pela boa forma física, cortando estradas de asfalto, caminhos vicinais e trilhas traiçoeiras. A bicicleta de Leônidas era mais suave e bela. Ele era o motor e o design. Belíssimos.
 
Antes de Pelé – e de Zizinho entre os anos 1940/50 – o Brasil aplaudia Leônidas. Na Copa do Mundo de 1934, confusão absoluta. Dirigentes profissionais e amadores, cariocas e paulistas brigaram e enfraqueceram a seleção, ainda nem de longe a referência de qualidade que viria com Pelé. 
O Brasil viajou de navio para a Suíça e fez apenas uma partida oficial, perdendo para a Espanha por 3×1 e engolindo a eliminação. Ainda assim, um jovem atrevido despertou atenções: Leônidas fez o gol de honra quando estava 3×0, espanhóis dando olé. Na equipe, um personagem que merece todas as honras: Waldemar de Brito, atacante do São Paulo da Floresta, que seria o descobridor de Pelé. 
Na segunda metade dos anos 1930, Leônidas ganhou fama e dinheiro modesto. A fábrica Lacta produziu o Diamante Negro, em homenagem ao craque e lhe pagou 3 mil dólares, uns 15 mil reais hoje, para ter os direitos sobre a marca. Leônidas topou e fez muita pose. 
O auge veio em 1938. Foi o melhor jogador da Copa do Mundo da Itália, feita para o fascismo de Benito Mussolini ganhar à força. Leônidas também foi artilheiro do Mundial com sete gols. Ele e o zagueiro Domingos da Guia mandavam no time. 
O técnico Ademar Pimenta passou o resto da vida explicando que Leônidas não havia sido barrado da semifinal contra os italianos, mas estava machucado desde a batalha contra a Polônia(Brasil 6×5). A Itália venceu de 2×1 e Domingos da Guia falhou ao cometer pênalti inexplicável sobre o atacante Piola. A Azzurra abriu 2×0 e o Brasil não conseguiu empatar. Romeu fez o gol de honra. 
Leônidas da Silva manteve o charme de craque do país até meados da década de 1940. Foi campeão pelo Vasco, Flamengo, Botafogo e São Paulo. Fez 37 gols em 37 jogos pelo Brasil. Passou a ser comentarista de futebol. 
Tinha ciúme de Pelé. Com medo de perder o topo. E perdeu. Pegava no pé do então garoto do Santos e evitava encontros. Depois, aceitou a divindade. Leônidas, conforme passavam seus fãs, deixava de ser escalado em seleções de todos os tempos, junto com Domingos da Guia e Fausto, volante, a Maravilha Negra. 
Na foto acima, Zico e Roberto Dinamite, dois dos maiores ídolos da história, não estão auxiliando ou dando amparo físico a Leônidas numa tarde de Maracanã em 1987(Flamengo 2×1 Vasco). Estão reverenciando, homenageando, mimando a lenda. Um gesto de dignidade, respeito, admiração. Tudo o que acabou no futebol. Leônidas da Silva morreu em 2004, do Mal de Alzheimer.
América 
O colunista aqui, com o tempo de confidente, apostou que o América seria outro com o técnico Paulinho Kobayashi. E ficou de verdade. Mesmo sendo baixo o nível da Série D, o América vai cumprindo seu papel e ganhando. 
Oriental 
A presença oriental de Paulinho Kobayashi afugentou a tenebrosa e demorada nuvem da arrogância que fez o clube ficar refém durante muito tempo. Agressividade pessoal  e pouco rendimento funcional. Kobayashi, que não faz questão de aparecer, botou o time para vencer. Seis vezes. 
ABC 
É complicada a situação   no ABC, sem opções e com João Paulo quase transformado num ídolo verdadeiro, como única reserva técnica. O que está acontecendo no alvinegro  é asfixia. Não comprovadamente ainda se proposital ou acidental. Estão pensando em mudanças estruturais. 
Patrimônio 
Quando o ABC pensa em guinadas  radicais, pode esperar que vem negócio. 
Um nome 
O jornalista Augusto Gomes, da Intertv e do Globo Esporte foi mordaz e cheio de pontaria quando perguntou onde estaria um, apenas um, atacante das divisões de base para entrar no time. O ABC parece mosca de padaria em campo. Voa e não pousa. Aí a opinião é minha. Depois de ver sofríveis partidas. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.








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