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Chuva provoca alagamentos em 140 casas em Natal

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Felipe Salustino
Repórter
As chuvas que caíram em Natal no final de semana alagaram pelo menos 140 residências, após transbordamentos registrados em quatro lagoas de captação (Panatis, Jardim Progresso, José Sarney e Santarém). Os alagamentos, segundo a  Defesa Civil do Município, ocorreram no Panatis (cerca de 70 casas foram inundadas) e em Jardim Progresso (aproximadamente outras 70 residências foram invadidas por águas das chuvas). Até a manhã da segunda-feira (7), cinco residências haviam sido interditadas na capital.
Maria Helena perdeu tudo após as chuvas no fim de semana. “Vou preparar um frango, mas depois não sei o que vou comer”, diz
Segundo a Defesa Civil, uma das interdições ocorreu em uma casa próximo à cratera que se abriu na Mário Negócio, a principal ocorrência da noite de sábado (5) para domingo (6),  conforme explicou o órgão. Mais três residências no conjunto Novo Horizonte, nas Quintas, foram condenadas, além de uma casa no Passo da Pátria.
A Defesa Civil afirmou que está monitorando e avaliando outras áreas e lagoas de captação do Município e explicou que está com um plano de contingência ativado para situações de emergência. “O plano de contingência é o procedimento que diz quais são as atividades do Município em situação de desastre. Nesse período, a gente ativa naturalmente o plano, em razão da quadra chuvosa. Todos os órgãos já sabem que podem ser acionados e nós ficamos o tempo todo em alerta para qualquer evento”, explica a chefe da Defesa Civil de Natal, Fernanda Jucá.
No domingo (6), o Gabinete de Gerenciamento de Crise do Município também foi ativado e poderá ser acionado assim que necessário. “Fizemos uma reunião com todos os secretários das pastas envolvidas nas ações de respostas a desastres. Com o Gabinete, cada pasta aciona seus planos de ação interna para deixar tudo encaminhado para o momento em que for  acionada”, esclareceu a chefe da Defesa Civil de Natal.
Além das inundações registradas em decorrência do transbordamento de lagoas de captação, outras cenas de alagamento puderam ser observadas na capital no último final de semana. Na Avenida Afonso Pena, no Tirol, zona Leste de Natal, as marcas d’água na parede são o sinal de que os últimos dias para as famílias que moram ali, não foram fáceis. As chuvas  invadiram pelo menos sete residências na região, a maioria, pertencente a pessoas da mesma família.
 Os moradores perderam móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos. “O marido da minha prima passou mal e está no Walfredo Gurgel”, diz Maria Helena de Sá, de 57 anos. “Não tenho emprego. Dependo somente do Bolsa Família. Perdi tudo, até comida. Para o almoço de hoje, vou preparar um frango que tem na geladeira junto com um pedaço de gelo, mas, depois, não sei o que vou comer”, desabafa emocionada. 
A situação dos vizinhos e parentes de Maria Helena, que moram todos vizinhos a ela, não é diferente. A aposentada Maria das Graças Henrique, de 72 anos, conta como tudo começou. “Estava chovendo fininho e, de repente, aumentou. A água começou a subir e nem a barricada aqui na frente de casa, adiantou. Quando vi foi aquela marola, com um redemoinho. Fiquei com água no peito”, relata. 
Os momentos de desespero não cessaram quando a água baixou dentro de casa. A constatação de perdas foi um choque para a aposentada. “Está tudo aqui na sala: roupa, louça, colchão… perdemos tudo. Os móveis estão encharcados. A água subiu mais de um metro”, conta. Sara de Sá, de 35 anos, está desempregada e também perdeu a maior parte do que tinha dentro de casa com a chuva do fim de semana.
“Não tenho mais cama nem a cômoda do meu filho, de 14 anos. Moramos só nós dois. Graças a Deus ele estava na casa do pai. Chegou aqui ontem, mas quando viu a situação, começou a chorar e voltou para a casa do pai”, afirma Sara. Com medo da água, ela conta que abandonou a casa e se abrigou na residência de um conhecido, que mora um pouco mais  afastado do local de inundação. 
Emergência
A Prefeitura do Natal decretou, na manhã (7), situação de emergência em razão das chuvas que atingiram regiões vulneráveis da cidade durante o fim de semana. O decreto prevê o prazo de 180 dias para situação de emergência. Com o decreto, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social nas ações de resposta ao desastre e reabilitação do cenário e reconstrução.
A Prefeitura também autorizou a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre e realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade. Além disso, as autoridades administrativas e os agentes de defesa civil estão autorizadas a adentrar em residências para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação, assim como também poderão usar de propriedade particular, no caso de iminente perigo público, “assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
O secretário de obras de Natal, Carlson Gomes, explicou que todas as regiões da capital sofreram com alagamentos e pequenas crateras, além do transbordo em lagoas em algumas áreas. Segundo ele, o Município realiza um trabalho de prevenção, que consiste em monitorar, junto com a Defesa Civil, todas as lagoas, que recebem uma classificação de risco. Aquelas com maior grau de perigo têm um acompanhamento mais de perto, a fim de evitar transtornos.
“Viemos fazendo também um trabalho de limpeza de bocas de lobo, o que ajudou a dar vazão à agua durante essas chuvas”, disse o secretário. Para as vias que sofreram com crateras, Carlson Gomes afirmou que uma equipe está vistoriando os locais desde o domingo. “Aquelas situações mais graves terão prioridade na solução de demandas.”
Inundações atingiram ocupação na Ribeira
As fortes chuvas do final de semana afetaram, ainda, as 36 famílias da ocupação Emmanuel Bezerra, na Ribeira, zona Leste de Natal. Praticamente todas as mais de 70 pessoas que estão no local (um galpão, na rua Teotônio Freire) foram atingidas. Edilma Barros, de 55 anos, mora em um dos barracos da ocupação com filhos e netos. No total, nove pessoas dividem o pequeno espaço atualmente, a maioria (5), crianças.
“Quando começou a inundar, eu estava lá fora, no portão. Eu percebi que a quantidade de água estava aumentando. Ela descia na parede aqui do lado e começou a chegar ao meu barraco. No começo, parecia que estava tudo controlado, mas, de madrugada, o volume de água aumentou junto com a chuva. Tudo encheu muito rápido”, narrou Edilma.
Sem ter como se proteger, ela disse que a opção foi ficar dentro d’água. “Ficamos observando os colchões boiarem. Perdemos quase tudo. As comidas das crianças foram embora com a água também. Agora, a gente está pedindo doações. Esperamos que as pessoas vejam a nossa situação e procurem ajudar”, diz em forma de apelo.
O Movimento de Luta nos Bairros (MLB) tem dado apoio aos moradores da ocupação. Bianca Soares, uma das coordenadoras do MLB, conta que nem as barricadas no local evitaram a entrada de um grande volume de água no local. “A água chegou de vários lados e até de infiltrações no chão. Nós ficamos ilhados, sem saber o que fazer”, recorda.
O Movimento tem providenciado doações para os moradores da ocupação, que está no local desde fevereiro do ano passado. O aluguel do galpão é pago Prefeitura. Em nota, a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (Semtas), disse que está identificando as demandas das famílias que tiveram seus imóveis atingidos pelas chuvas para intervenção de ações
“A secretaria realizou a entrega de cestas básicas e botijões de água mineral para a ocupação Emmanuel Bezerra. Em relação ao restante da cidade, não foi identificada a necessidade de montar um abrigo para alojar famílias, Até o momento, 85 famílias foram atendidas com  kits com alimentos”, explicou .
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