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Chuvas: a esperança está de volta ao sertão

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ARADO - Confiantes num ano de bom inverno, agricultores que preparam a terra aguardam distribuição de sementes para iniciar o plantioNo dia em que o Rio Grande do Norte registrou o maior volume de chuvas de 2007, os meteorologistas do Nordeste reforçaram o que  os agricultores já previam: haverá inverno no sertão nordestino este ano. A probabilidade de que as chuvas fiquem em torno normal é de 40%, mesmo com El Niño ainda atuando no Pacífico.  O prognóstico foi divulgado ontem sob uma fina chuva, ao final da 2ª Reunião de Análise Climática para o Semi-Árido do Nordeste, realizada em Currais Novos.

“A atual configuração do Oceano Atlântico Tropical mostra-se mais favorável à migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para posições mais ao sul da Linha do Equador, quando comparada ao período anterior, isto é, dezembro de 2006”, informa o documento elaborado pelos técnicos e divulgado por Gilmar Bristot, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn). A zona de convergência é um aglomerado de nuvens que migra do Hemisfério Norte para o Sul neste período do ano, provocando a estação chuvosa na área mais seca do Nordeste.

Segundo os meteorologistas, apesar da garantia de inverno normal, há também a possibilidade de veranicos num período de oito ou mais dias, o que pode prejudicar a agricultura.

Gilmar Bristot, ao detalhar melhor o relatório para a governadora Wilma de Faria e os demais presentes à sede da Associação dos Municípios do Seridó Oriental, disse que a tendência é a seguinte: 30% abaixo da média, 40% normal e 30% acima da média histórica, devido à evolução contínua favorável dos campos atmosféricos e oceânicos globais observados, tanto sobre a bacia do oceano Pacífico Equatorial quanto o Atlântico Tropical durante os meses de outubro de 2006 a janeiro deste ano.

Ele explicou que isso se deve ao fato de as temperaturas da superfície do mar no Oceano Pacífico se apresentarem um pouco mais quentes que a média, no entanto, os resultados dos modelos de previsão daquela temperatura apontam para uma situação de neutralidade para os próximos meses, indicando o fim de El Niño, que provoca desequilíbrio na distribuição de chuvas no Brasil.

Gilmar Bristot observou ser importante ressaltar a grande variabilidade e temporal das chuvas, significando que algumas localidades poderão receber uma quantidade maior de chuva do que outras, além da possibilidade de ocorrências de eventos extremos de chuva localizada e de ocorrência de veranicos. Por isso, recomendou aos produtores rurais que acompanhem as previsões diárias de tempo, análises e tendências climáticas.

Participaram da reunião em Currais Novos, além de técnicos de institutos de meteorologia dos estados Nordestinos, representantes do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; da Agência Executiva de Gestão de Águas da Paraíba e do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Semente será liberada após o Carnaval

A secretária da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Larissa Rosado, presente à reunião dos meteorologistas em Currais Novos, disse ontem que a licitação para a compra das sementes já foi realizada pela Sape e que a distribuição vai ser iniciada após o carnaval. A distribuição começa pela região do Oeste e Alto Oeste onde as chuvas chegam primeiro, para logo em seguida ser feita no Seridó, Sertão-Central, Trairi, Potengi, e litoral.

A Secretária confirmou que o Governo do Estado está investindo mais de R$ 2,5 milhões na compra de 55 toneladas de sementes de milho; 65 de feijão; 80 de algodão; 50 de sorgo; 5 de mamona e 20 de girassol além de 200 mil mudas de cajueiro anão-precoce.

Larissa Rosado fez questão de ressaltar a importância dos bancos de sementes que já estão formados e que estão entendendo aos produtores associados para, em seguida observar que o programa, que foi uma reivindicação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Norte, vai continuar com a implantação de mais bancos de sementes em todas as regiões do Estado.

Emparn registra chuvas em mais de 100 cidades

O serviço de meteorologia da Emparn registrou a ocorrência de chuvas, no período de 7 horas da manhã de terça-feira às 7 horas da manhã de ontem em 117 dos 178 postos de medição espalhados pelas dezenove microrregiões do Rio Grande do Norte.

A maior delas foi em São João do Sabugi, com 117,3 milímetros. A chuva começou por volta das 21 horas e entrou pela madrugada, segundo relato de moradores. As barragens construídas no leito do rio Sabugi transbordaram, fazendo com que uma lâmina de água, apesar de fina, descesse em direção ao Açude Sabugi, reservatório que abastece a cidade.

O açude tem capacidade para 65,3 milhões de metros cúbicos. Antes da chuva de ontem estava com 40,7 milhões, ou 62% da capacidade máxima. O rio Sabugi nasce na Paraíba e abastece as cidades de São Mamede (PB) e Ipueira (RN). Em São João já choveu 181,8 milímetros este ano.

Em Serra Negra do Norte, município que faz limite com São João do Sabugi, a chuva foi de 107 milímetros, contribuindo para aumentar o nível das barragens submersas do rio Espinharas. Em Ipueira, onde já havia chovido 73 milímetros no dia anterior, a Emparn registrou mais 96 ontem, totalizando 209,3 milímetros, quase a 40% da média histórica da região, que é de 554 mm.

No município de Encanto o pluviômetro marcou 100,5 milímetros. Boas chuvas foram registradas também em Viçosa, Francisco Dantas, Portalegre, Água Nova, Martins, São Francisco do Oeste, Lucrécia, Severiano Melo e Pau dos Ferros, no Alto Oeste.

Em Natal o final da noite de terça-feira foi marcada por relâmpagos e trovões, mas caiu apenas uma sereno. Ontem, o dia permaneceu nublado, com a temperatura em queda.

Estrutura hídrica vai ser reforçada

A governadora Wilma de Faria, que participou do encerramento do encontro de meteorologistas, lembrou que o governo tem assegurado, além de assistência técnica ao homem do campo, a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento rural. E entre as obras e ações destacou o Programa de Desenvolvimento Solidário, que tem possibilitado a perfuração e instalação de poços tubulares, a construção de cisternas de placas – 13 mil delas já foram construídas no primeiro governo Wilma de Faria -, barragens submersas, sub-adutoras, o programa Compra Direta, executado pela Emater. O programa adquire a produção de hortifrutigranjeiros do produtor rural para atender asilos, creches, hospitais, entre outras entidades de assistência social.

Wilma de Faria anunciou ainda que no início de março fará a apresentação oficial da Agenda de Crescimento elaborada pelo governo estadual que compõe os investimentos orçamentários para os próximos quatro anos de administração. A agenda, acrescentou, assegura recursos para o saneamento básico da região Seridó e para as adutoras Alto Oeste,  Currais NovosE Serra de Santana.

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