terça-feira, 14 de maio, 2024
32.1 C
Natal
terça-feira, 14 de maio, 2024

Chuvas atraem turistas e lotam hotéis no interior

- Publicidade -

INVERNO - Pessoas de todo o Estado vão ao Gargalheiras ver beleza do açudeAs chuvas trouxeram uma nova perspectiva ao turismo da região do Seridó. A emoção de ver o açude Gargalheiras sangrando é singular, inesquecível, por isso muitas pessoas estão se deslocando de Natal ou de outras cidades, no Rio Grande no Norte ou estados vizinhos, para assistir de perto ao maior espetáculo do sertão.

A sangria do açude construído em meio a  uma paisagem deslumbrante, em Acari (distante 210 km da capital), tem sido a principal atração turística da região. Melhor impossível para os proprietários de pousadas, que escutam o telefone tocar desde que a régua apontava menos de 50 centímetros para sangria começar.

O proprietário da pousada Gargalheiras, Francisco Bezerra, mais conhecido como Chico de Balá, está se sentindo um convidado especial da festa. “Estávamos muito apreensivos, temendo um inverno fraco, e agora estamos todos felizes. Teve até foguetório”, afirmou. Do alto de seus 61 anos de idade, ele chora de emoção como se fosse um menino feliz por ter ganho um presente muito esperado.

Desde o primeiro final de semana da sangria, a pousada tem permanecido lotada e com reservas até meados de maio. “Este ano o pessoal está mais eufórico, porque o reservatório estava com apenas 25% de sua capacidade, ou seja, 10 milhões de metros cúbicos. Agora o cenário é outro”, comenta.

O açude cheio é sinônimo de beleza, frescor, água limpa para abastecimento das cidades, divisas para a economia do Seridó, orgulho para os acarienses e, claro, deleite aos olhos dos visitantes. O músico paraibano Wallyson Zamir, 23, conheceu o Gargalheiras alguns anos atrás, quando as águas estavam muito baixas. A convite de uma amiga, ele viajou 110 km, de Cuité (PB), para passar uma tarde em Acari.

“Estou impressionado com a beleza e o tamanho do açude”, declarou. Seu colega Robson Peixoto, 21, também estava boquiaberto com a visão da queda d’água. “É tudo muito belo, é maravilhoso”. Outra integrante do grupo, a pedagoga Sueli Queiroz, 48, da vizinha Jardim do Seridó, afirmou que nunca tinha visto o Gargalheiras tão cheio. “A natureza existe e mostra sua força. Chegaram a dizer que este ano não haveria inverno, mas graças a Deus foi generalizado”.

 A cicerone do grupo, empresária acariense Jacira Bezerra, 45, está muito feliz e se diz incansável na divulgação do patrimônio natural. “Estou aberta para receber todos os amigos que quiserem visitar o Gargalheiras. Quanto mais divulgarmos o açude e sua importância, mais pessoas estarão imbuídas de lutar por sua preservação”, acredita.

Visitantes admiram beleza de açudes

“O Gargalheiras é uma das maravilhas do mundo. Essa paisagem é incomparável. Estava ansiosa para ver pessoalmente toda essa beleza”, disse emocionada a pedagoga Socorro Medeiros, 49, acariense que reside em Natal e aproveitou uma folga na semana para voltar à cidade de origem. Ela estava acompanhada de seu pai, José Jacinto de Araújo, 84, que trabalhou na construção do açude no período de 1954 a 60.

Posando para fotos em frente à queda d’água, seu Bio Rinho, como é mais conhecido, estava muito feliz com o espetáculo das  águas. “Eu vivo em Acari mas morei na comunidade Gargalheiras 40 anos atrás. Estou muito satisfeito com o que estamos vendo hoje”, declarou. 

O estudante acariense Jair Soares, 19, cita a importância do açude para as pessoas que vivem da pesca. “Com a sangria, além da água ficar limpa, é mais peixe e camarão para o povo”, disse, mostrando os peixes pulando ao cair da água.

Almoçar com a noiva e uma amiga no ambiente que tem como pano de fundo o Gargalheiras – “e esse peixinho do cardápio” – é a motivação do professor de artes marciais, Alexandre Fregonesi, 36 anos, para se deslocar de Parelhas até Acari sempre que pode. “Este açude é o mais bonito, depois do Boqueirão. E o melhor é que tem essa estrutura de pousada e restaurante”.

A sangria do Gargalheiras está contribuindo para aumentar também o movimento de outros meios de hospedagem de Acari. O comerciante Evaldo Cavalcante de Medeiros, 40, proprietário da pousada A Palhoça, comentou que a ocupação está garantida para os próximos finais de semana. “Nesse meio tempo, teremos o Rally de Motos, agendado para o período de 17 a 19 de maio”, informa.

Otimista, ele conta que oferece passeios a cachoeiras como atrativo para quem se hospeda em seu estabelecimento. “Nós temos um sítio e o pessoal gosta muito desses passeios. Acho que o turismo no Seridó tende a se desenvolver cada vez mais, está ficando mais profissional”, declara.

Acari é muito aconchegante e concentra as atenções dos visitantes com relação à sangrias dos açudes da região. Na opinião do proprietário do Hotel Acari, João Medeiros Filho, 45, esse é o motivo das pousadas da cidade terem aumentando o movimento. “O pessoal fica aqui e aproveita para visitar Cruzeta, Caicó, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, etc”.

Hotéis preparados para receber turistas

A fartura de águas encanta a todos. A sangria dos açudes de Currais Novos, Caicó, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, dentre outros municípios da região do Seridó, também atraem visitantes que arriscam um banho na água fria ou apenas contemplam o visual de beleza indiscutível.

A região dispõe de estrutura para hospedagem, porém, os turistas têm que fazer reservas para evitar surpresas de superlotação. Em Currais Novos, o Hotel Tungstênio é o mais tradicional, em funcionamento desde setembro de 1954. A decoração é bem clássica, embora não guarde tantos móveis da época.

O gerente Daniel Paulino, 45, informou que os últimos finais têm sido agitados na cidade. “A procura tem sido muito alta. As reservas estão completas para este final de semana. O pessoal faz uma verdadeira romaria em torno do açude Totoró”, comentou. Há diversos açudes na cidade e todos estão sangrando, por isso tanta alegria.

O comerciante Manoel Augusto D’Almeida também sente o reflexo das chuvas. Ele recebeu a reportagem da TN, em seu Hotel D’Almeida, com muito entusiasmo. “Esse feriadão veio bem a calhar para o movimento gerado pela sangria dos açudes”, declarou, explicando que geralmente tem mais hóspedes durante a semana porque o hotel é muito procurado por viajantes. 

O D’Almeida é tocado pessoalmente pelo proprietário, o que garante um caráter familiar ao ambiente. “Eu sou pernambucano e resido há muito tempo em Currais Novos. Passei 38 anos viajando e alimentei a idéia de ter meu próprio hotel. Construí este sonho em 20 anos, as pessoas me chamavam de louco”, relembra.

Ele e outros comerciantes da região, do segmento turístico, estão otimistas com a criação do pólo regional que gerou o Roteiro Seridó. “Com certeza vai ser muito bom para nós”, acredita. O gerente do hotel Tungstênio, Daniel Paulino, também vislumbra bons ares para o setor. “Temos a festa da padroeira em julho, vaquejada, o carnaxelita em setembro. Com a divulgação do roteiro, tudo ficará mais fácil”.

No entanto, a gerente da pousada Centro Comercial Marize Dantas (CCMD) se mantém ainda na retaguarda das novidades. O movimento da pousada gerenciada por Simone Gundim, 35, não melhorou com a sangria dos açudes e ela não enxerga melhorias para a região com a implementação do Pólo Seridó. “Talvez isso dê resultados daqui a dez anos”, aponta.

A cidade de Caicó, auto-intitulada Rainha do Seridó, também sente o reflexo positivo das chuvas. O açude Itans está cheio e as pessoas aproveitam para relaxar, curtir e apreciar a beleza. Os hotéis também estão tendo movimento extra gerado pelo “inverno sertanejo”. Os hotéis Regente e Porto Bello estão com reservas garantidas para os próximos finais de semana.

“Fazia muito tempo que o Itans não sangrava, por isso essa correria. Tem gente que é da cidade mas prefere vir para o hotel e não incomodar parentes”, comentou o recepcionista Josa de Souza, 38, do Porto Bello. Segundo ele, as pessoas estão aproveitando para se informar sobre a famosa Festa de Sant’Ana, em julho, mas os pacotes ainda não estão fechados.

Setur cria roteiro de passeios para o Seridó

As cidades Acari, Caicó, Currais Novos, Parelhas, Cerro Corá, Jardim do Seridó  e Carnaúba dos Dantas compõem o Pólo Seridó, criado em 2006 através de um decreto assinado pela governadora Wilma de Faria. A Secretaria Estadual de Turismo caiu em campo e criou o roteiro com pousadas, restaurantes e principais atrações turísticas.

Na pesquisa, verificou-se que a região dispõe de 1.500 leitos. O material já pode ser conferido no site www.roteiroserido.com.br e também está publicado no portal do Ministério do Turismo. A região tem características marcantes, fortes, e mesmo quando não é período de inverno há muito bons motivos para ser visitada.

Vários aspectos podem ser explorados, desde o turismo de aventura, religioso, gastronômico e histórico. Há muito o que se ver, comer, aprender e curtir  sobre aquele pedaço privilegiado de nosso Estado. O secretário Fernando Fernandes aponta que além dos açudes essa época do ano atrai também pela paisagem.

“Agora a vegetação está bem verde e o visual fica muito bonito. Aliás, tudo é muito bom no Seridó, o clima é diferente, as pessoas são muito acolhedoras”, afirmou. A Setur participará de do  Salão Nacional do Turismo, que será realizado de 18 a 22 de junho, e levará a folheteria do Roteiro Seridó para divulgar o destino.

“Além de divulgarmos para turistas brasileiros, também queremos criar estratégias para que o norte-rio-grandense comece a visitar as cidades do Seridó. Na Europa, é muito comum as pessoas visitarem o interior”, aponta. Para fazer o pólo funcionar, está sendo criado o Conselho do Pólo do Seridó, importante para a implementação das ações que devem incrementar o turismo na região.  

A Setur está concluindo os preparativos para a realização de um Press Trip, em parceria com a TAP, para trazer um grupo de jornalistas portugueses para conhecer o Roteiro Seridó. “Será no meio do ano porque a região ainda estará verdinha, o clima ameno”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas