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Chuvas destroem açudes e deixam desabrigados no RN

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CHUVAS - De acordo com números, mais de sete mil pessoas estão desabrigadas

Terminou ao meio-dia de ontem a contagem regressiva para a sangria do açude Itans, um dos maiores reservatórios de água do Seridó. As fortes chuvas na cabeceira do rio elevaram o volume do açude, que transbordou por volta das 12h20, segundo informações das emissoras de rádio da região. A sangria também elevou o nível do rio Barra Nova, causando problemas para os moradores ribeirinhos. O Corpo de Bombeiros interditou seis casas. Uma adutora da Caern foi danificada, deixando três bairros sem água potável.

Até o início da noite, o prefeito Bibi Costa estudava a possibilidade de decretar estado de calamidade. O prefeito esteve reunido até o meio da tarde com a defesa civil, analisando os danos provocados pelas águas. De acordo com informações do bloqueiro Marcos Dantas, o prefeito Bibi Costa trabalhava com a possibilidade de usar o Ginásio “Manoel Torres”, no Castelo Branco; algumas instalações do Estádio Marizão e até mesmo o ginásio da Ilha de Santana, que ainda não foi inaugurado, para alojar os desabrigados.

O maior reservatório de Caicó, com capacidade para 80 milhões de metros cúbicos, atingiu a lâmina de sangria pouco depois do meio-dia para felicidade e alegria de centenas de pessoas que participaram de uma espécie de contagem regressiva, acompanhada ao vivo pelas emissoras de rádio da cidade e de bloqueiros que transmitiam informações ilustradas por fotografias.

As chuvas vieram em boa hora. Antes delas o açude caminhava para um nível conhecido na linguagem técnica como “volume morto”. Isso ocorre devido a grande concentração de substâncias orgânicas, dando à água uma cor esverdeada e um odor parecido com o da despesca de peixe.

O açude é usado no abastecimento de Caicó, município de 60 mil habitantes, dos quais dois terços na área urbana. A última vez que transbordou foi no inverno de 2004. “É um espetáculo que enche os olhos”, disse a dona-de-casa Maria das Dores, que se dirigiu para o Itans tão logo as emissoras de rádio começaram a noticiar que a água se aproximava do sangradouro. Outra moradora, Maria Dalva, fez questão de ir ao açude. Levou o terço para dar graças aos céus. “Agradecer a Deus é parte desta festa”, disse Dalva. No meio da tarde, a euforia virou preocupação. O prefeito Bibi Costa se reuniu com o pessoal da Defesa Civil para adotar medidas emergenciais. A prefeitura colocou dois telefones à disposição dos moradores: 3421-2680 e 3421-2279. A TN tentou manter contato, ontem no final da tarde com autoridades de Caicó para falar sobre as chuvas. No telefone 2279 ninguém atendia, e no 2680, uma funcionária informou que já não havia ninguém na prefeitura e que o jornal buscasse informações nas emissoras de rádio.

As chuvas no Seridó foram tão abundantes que o Açude dos Cablocos, numa comunidade rural do Seridó, sangrou depois de doze anos.

Currais Novos

Em Currais Novos o prefeito José Lins decretou estado de calamidade. As chuvas destruíram o acesso rodoviário a uma dezena de comunidades rurais, impedindo, inclusive, o tráfego do transporte escolar. Por isso, as aulas estão suspensas na área rural.

Ainda ontem, o pessoal da Defesa Civil procurava abrigo para 30 famílias que foram obrigadas a sair de casa, expulsas pela águas. Elas vivem em moradias de risco no bairro Sílvio Bezerra.

Antes da chegada do inverno, a situação em Currais Novos era mais grave que em Caicó. O açude que abastecia a cidade – o Dourados – estava completamente seco e o sistema complementar que trazia água do Gargalheiras via adutora, comprometido.

Com as chuvas, o Dourado sangrou e o Gargalheiras também. Os técnicos calculam que Caicó e Currais Novos não terão problemas de abastecimento pelos próximos três anos.

Segundo informações da Secretaria de Recursos Hídricos, dos nove reservatórios da Bacia do Piranhas/Açu, no Seridó, apenas o Boqueirão de Parelhas não havia sangrado até o início da noite de ontem, mas já acumulava 80 milhões de metros cúbicos, 94% da capacidade total.

Emparn prevê mais chuvas no RN

A população do Rio Grande do Norte está em alerta. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) um grande volume de chuvas é aguardado para hoje e para o fim de semana em todo o Estado. As regiões mais afetadas pelas últimas chuvas, Central e Norte continuam em estado de atenção. O volume de chuvas que já caiu no RN até o momento foi de 420 mm. É esperado ainda pela Emparn um volume de 400 mm até o final do períodos das chuvas.

“Já choveu o suficiente para encher todos os 33 reservatórios do Estado. Vai continuar chovendo e não há mais como suportar tanta chuva. A população precisa ficar atenta”, alegou Gilmar Bristot, meteorologista da Emparn. O período de chuvas que vai de fevereiro até o meio de maio já foi surpreendido por um volume total de chuva inesperado para essa época do ano. Devido a isso há uma mobilização de atenção principalmente com as barragens.

Até a manhã de ontem números alarmantes de volumes de chuva foram registrados pela Emparn. Em Lajes choveu 171,4 milímetros do dia dois de abril para ontem, a média para todo esse mês é de 120,9 mm. Nesse dia foi registrado um volume quase igual ao esperado para todo o mês de abril. Essa foi a maior chuva registrada na região em 40 anos. Em Riacho da Cruz choveu acima de 177,0 milímetros no mesmo período. Média acima da esperada para esse mês que era de 143,5 mm.

Segundo Gilmar Bristot o que agravou a chuva  de ontem nas zonas Oeste e Central foram as condições climáticas de domingo e segunda-feira. Uma convergência intertropical propiciou a incidência dos raios solares, junto com um sistema de instabilidade, gerando fortes chuvas. “Isso ocasionou um intenso volume de chuva que surpreendeu todos nós”, disse.

A Defesa Civil oferece um serviço que vai funcionar 24 horas, até amanhã. Em ligações recebidas da Grande Natal é acionada a Defesa Civil do município. De acordo com o Sargento PM Josué Pereira da vice governadoria da Defesa Civil, o número recebe ligações inclusive de outros municípios. “Nesse caso, ouvimos o pedido e direcionamos o tipo de socorro.  O número da Defesa Civil é 3232-1197. A partir de sábado o horário de atendimento passará de 8h00 até 18h00.

Dnit fará levantamento das estradas

As unidades do Dnit em Mossoró, Currais Novos e Macaíba irão fazer um levantamento das condições de toda malha viária federal no Rio Grande do Norte. Até a terça-feira, quando será concedida uma entrevista coletiva, o departamento espera ter em mãos uma “radiografia” do estado de conservação das rodovias, após as fortes chuvas que caíram em todo o território potiguar nos últimos dias. Somente a partir dessa avaliação, será possível também avaliar se os trabalhos de duplicação da BR-101 serão prejudicados.

Há três semanas, o superintendente do Dnit no Estado, José Narcélio Marques, anunciou para este mês de abril a conclusão e liberação de um trecho de 15km da rodovia, entre Parnamirim e São José do Mipibu. As más condições do tempo, porém, podem adiar a liberação. O mesmo problema, ainda não se sabe, pode afetar também a retomada das obras das três passarelas sobre o trecho da BR-101 que vai de Parnamirim a Natal.

A previsão de José Narcélio era de entregar essas passarelas para os pedestres ainda em abril. Contudo, até terça-feira não será possível confirmar se o prazo será cumprido. As passarelas estão localizadas próximo ao acesso ao aeroporto Augusto Severo, a segunda entre Cidade Satélite e Nova Parnamirim e a outra já nas proximidades do viaduto de Ponta Negra, ao lado de um hipermercado.

As obras de duplicação da BR-101 estão sendo realizadas em duas etapas, uma a cargo do Exército e outra de empresas privadas. Ambas deveriam ser concluídas este ano, mas foram adiadas para meados de 2009. 

Chuvas causam enchentes no Apodi

Márcio Morais – Especial para a TN

Apodi – As chuvas fortes que têm caído no interior do RN nos últimos dias têm provocado destruição, alagamentos e deixado famílias desabrigadas em vários municípios, principalmente no Médio Oeste Potiguar, onde algumas cidades já decretaram estado de emergência, por conta das cheias nos rio Apodi/Mossoró.

A elevação do nível das águas do Rio Apodi/Mossoró tem feito com que dezenas de comunidades rurais e o bairro periférico Baixa do Caic permaneçam inundados causando medo e incerteza para as famílias que precisam desocupar a área, sob a ameaça da chegada de mais água, já que vários açudes no Médio e Alto Oeste estão iniciando sangrias e outros estourando.

Na região do Médio Oeste, municípios como Apodi, Felipe Guerra, Dix-sept Rosado, Umarizal, Riacho da Cruz estão em situação complicada, centenas de famílias na região estão desabrigadas e perderam todos os moveis e bens materiais construídos ao longo de suas vidas.

Em Apodi a situação é mais complicada, pois dezenas de comunidades rurais encravadas ao longo do Rio Apodi que vem sendo abastecido pelas águas da Barragem de Santa Cruz já foram inundadas e outras ilhadas e as famílias estão sendo  acomodadas nas dependências do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Escolas, Igrejas Evangélicas dentre outras importantes instituições que estão prestando solidariedade às pessoas que sofrem com as enchentes. A Barragem de Santa Cruz estava sangrando na tarde de ontem com uma lâmina de 1.30 (um metro de trinta centímetros).

Zona Rural

Na zona rural apodiense existem pessoas penduradas nos tetos de suas residências devido à elevação do nível das águas que não para de aumentar e levar desespero para as famílias de comunidades como Baixa Fechada, Bico Torto, Espinheiro, Cipó, Trápia I e II, Baixa Fechada, Várzea da Salina, Juazeiro dentre varias outras. O acesso a algumas localidades só está sendo possível pelo espaço aéreo e está sendo solicitado um  helicóptero ao Governo do Estado para a retirada das pessoas que estavam em áreas de difícil acesso.

O agricultor Francisco Deodato da Costa que mora no Sítio Baixa Fechada na manhã de ontem estava em desespero, pois sua mãe de 90 anos e a sua sogra de 85 anos estão ilhadas à espera de ajuda da defesa civil que poucas horas depois conseguiu retirar as duas idosas da localidade.

As dificuldades são grandes. Os moradores estão deixando tudo que construíram durante todas suas vidas para trás e a grande preocupação é com a salvação da própria vida como é o caso do casal de aposentados Antônia Alice Maia, 71 e o marido José Benevides Mota, 78, que moram no Sítio Baixa Fechada e foram socorridos por um grupo de pessoas em canoas.

Situação complicada é da agricultora Francisca Alves do Sitio Cipó que quase que perdia a sua própria vida devido à força das águas. “Perdi tudo que passei toda minha vida para construir e agora só me restou esse periquito e a minha família. Não sei o que vai ser das nossas vidas daqui pra frente, mas o importante é que estamos vivos”, disse em lágrimas Francisca Alves quando estava sendo alojada no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi.

Açudes estouram e rodovia é destruída

O grande volume de água em três açudes que vieram a estourar entre os municípios de Itaú e Riacho da Cruz trouxeram grandes prejuízos para a região, pois a RN 076 que liga as cidades de Itaú a Umarizal foi destruída pela forças das águas em três locais diferentes. O asfalto não suportou a enxurrada que transbordou o estreito riacho que passa sob a pista e sem base de sustentação, o asfalto cedeu.

Desvio

Os motoristas que diariamente costumam trafegar pela rodovia terão que fazer um grande desvio. Já na rodovia que liga Apodi ao município de Caraúbas uma ponte caiu e o acesso entre os dois municípios está cortado e devido à gravidade do problema e a força das águas é difícil que as áreas das rodovias destruídas sejam logo recuperadas.

Na zona rural o acesso é feito apenas por lanchas, canoas ou helicópteros. Em Apodi comerciantes, empresários e a população em geral estão se colocando à disposição da defesa civil para auxiliar nos trabalhos. Mas embarcações são insuficientes

33 municípios pedem estado de emergências

Os estragos ocasionados pelas intensas chuvas da quarta para a quinta-feira obrigaram 33 municípios — informações registradas até a tarde de ontem — a pedir que o Governo do Estado reconheça estado de emergência. Desse total, 25 já foram homologados e outros oito aguardam resposta. Boa parte dos prefeitos encaminhou pedido nas últimas 48 horas. A situação mais grave, segundo o secretário de Interior Justiça e Cidadania (Sejuc), Leonardo Arruda, é no Vale do Apodi (Oeste), Trairi e Ipanguaçu (Vale do Açu).

A Defesa Civil não sabe ainda quantas pessoas estão desabrigadas nos municípios castigados pelas cheias dos rios e açudes que não suportaram o  volume d’água e arrombaram. Os problemas são diversos e em diferentes regiões do Estado. Em Jucurutu, de acordo com Leonardo Arruda, a população está apreensiva porque os equipamentos usados para bombear parte da água represada por um dique estão quebrados.

A manutenção seria de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e a Sejuc pretende informar a situação com pedido de providência. As chuvas ocorridas nos três primeiros meses de 2008 mostram um comportamento acima do normal quando comparado com a climatologia do período, segundo a Emparn.

A contribuição mais forte ocorreu durante o mês de março, que devido às condições dos oceanos Atlântico e Pacífico favoreceram a ocorrência de boas chuvas. Neste período, os municípios da região Central apresentaram um valor acumulado de 410,8 mm, significando um desvio de 41% acima do valor médio que é de 291,3 mm.

Isso confirma as previsões realizadas pela meteorologia que era um período chuvoso com precipitações de normal à acima do normal. A Emparn prevê ainda que no restante do período chuvoso – meses de abril e maio – as chuvas continuarão ocorrendo com boa distribuição, tanto espacial como temporal. “Está previsto para o início de abril (provavelmente entre a primeira e a segunda semana) ocorrer um pequeno veranico que pode durar até sete dias”, disse Gilmar Bristot, meteorologista da Emparn.

Canoeiro faz travessias e aproveita para ganhar dinheiro

Há vários dias informações sobre chuvas fortes e as más conseqüências causadas por elas são divulgadas em todos os jornais do Rio Grande do Norte.

Se para alguns as enchentes é sinônimo de prejuízos para o agricultor e agora canoeiro José Gomes, 44, a cheia do Rio Apodi está sendo motivo de mesa farta em sua residência. É que o canoeiro desde as primeiras horas da manhã de ontem transporta em sua canoa dezenas de pessoas vindas do Vale do Apodi para o outro lado do rio que da acesso à cidade.

 O canoeiro José Gomes vibra com o lucro que está obtendo com a sua canoa que ao transportar uma pessoa cobra a importância de R$ 1,00. A canoa tem condições para transportar de três a quatro pessoas por viagem e somente ontem ele conseguiu realizar  mais de 50 idas e voltas no mesmo percurso. 

Além de transportar pessoas a canoa também transporta bicicletas, motos e outras coisas. O canoeiro José Gomes também usa da humildade em seu novo trabalho e diz que sempre transporta pessoas sem pagamento. “São agricultores que não têm condições de pagar e por isso não vou deixar de transportá-los”, assegurou. 

No Rio Apodi, já existem varias canoas e lanchas cedidas pelo IBAMA, Prefeitura do Apodi, Empresa Cristalina do Oeste, Cantor de Aviões do Forro, Alexandre, César do Forro dentre vários outros. O problema é que a demanda é muito grande e as lanchas que existem não estão dando conta.

Moradores são obrigados a deixar casas

As inundações também estão acontecendo na periferia de Apodi, mais precisamente no bairro Baixa do Caic onde várias casas estão ameaçadas de cair e ontem por volta de 02hs da madrugada, cerca de 100 famílias que moram na Baixado Caic invadiram o Conjunto Habitacional Garilândia que foi construído pela Prefeitura do Apodi e que seria inaugurado dentro dos próximos dias. A policia está no local apenas para manter a ordem.

“Minha residência estava caindo devido às forças das águas e não tive outra opção a não ser vir aqui para o Garilandia”, disse a dona-de-casa Francisca Núbia.

A moradora da Rua Senador Severo Gomes na baixa do Caic pede providências, pois sua rua está sendo tomada por uma grande cratera, que além de impedir o trafego pela rua ainda ameaça a estrutura das casas.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Francisco Edison Neto disse que no Vale do Apodi existem cerca de 7 mil pessoas desabrigadas, enfrentando graves problemas. “Aqui existem pessoas penduradas em teto de casa e árvores para não ser levado pelas águas e até agora não apareceu um helicóptero aqui, a promessa é que venha amanhã (hoje sexta), mas será que essa estará vivo para ser resgatado”, lamento Edílson.

O prefeito de Apodi, José Pinheiro – PR está em Natal tentando viabilizar a vinda de cestas básicas, roupas e do helicóptero. Na cidade as Secretarias de Saúde, Urbanismo, Agricultura e Assistência Social estão de plantão dando total apoio às famílias desabrigadas que estão chegando das comunidades rurais para as escolas, igrejas e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

O número exato de pessoas resgatadas ainda não foi liberado pela Comissão de Defesa Civil, mas estima-se que mais de 500 pessoas já foram retiradas das áreas de risco e estão em casa de familiares ou nos pontos de apoios.

Chuvas destroem açudes no interior

Apesar de situado na região Central, onde a média pluviométrica anual mal passa de 500 milímetros cúbicos, os municípios de Angicos e Santana do Matos também estão sofrendo com a intensidade das chuvas deste ano, onde já foram arrombados pelo menos dez açudes pequenos e médios de particulares. Em Angicos, as cheias do rio São Pedro levaram o maior açude particular, na Fazenda Canaã, a dois quilômetros da cidade de Angicos.

 O proprietário Clemenceau Alves, que já foi prefeito do município, disse que o açude tinha capacidade para armazenar dois milhões de metros cúbicos de água, mas não agüentou o arrombamento de três açudes que existiam antes dele, um na fazenda Peci e outro na Fazenda São Pedro, que acabaram jorrando água para o outro açude no leito do rio São Pedro.

“As águas levaram uma parede de concreto com 100 toneladas”, disse Alves, impressionado com a força das águas. Dos três açudes da cidade, dois estão sangrando, o chamado popularmente de “açude velho” e o “Novo Angicos”, com seis milhões de metros cúbicos, que está sangrando por dois vertedouros. O chamado “açude novo” falta 20 centímetros para sangrar. Os três açudes foram construídos para abastecimento d’água humano, mas perderam essa utilidade depois da construção da adutora que traz água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves para a cidade. “Angicos foi a segunda cidade a receber água por adutoras”, lembra o radialista Carlos Costa.

A situação mais crítica é em Santana do Matos, onde o secretário municipal de Educação, professor Luiz Soares disse que as aulas na zona rural estão suspensas, bem como os 47 transportes de estudantes dos estudantes da zona rural para a cidade. “As aulas estão ocorrendo apenas para os alunos da zona urbana e em horários reduzidos”, explicou ele, “devido as estradas vicinais estarem intransitáveis por causa das cheias dos rios”.

Por causa das chuvas, houve o rompimento da estrada que liga Santana do Matos ao distrito de Barão de Serra Branca, a RN-203, na proximidade da comunidade Várzea do Juazeiro, que por sua vez, dá acesso aos municípios de Jucurutu, Caicó, Currais Novos e São Rafael.

Já a rodovia RN-041, que liga Santana do Matos aos municípios da Serra de Sant’Ana, como Lagoa Nova e Tenente Laurentino, Florânia, São Vicente e até Cerro Cora, foi interrompida pela sangria do açude Alecrim, com seis milhões de metros cúbicos. “Aqui só passa a pé ou de moto”, disse o servidor público João Bosco Mendes.

Santana do Matos só não ficou praticamente isolado do restante do Rio Grande do Norte, porque os dois trechos da RN-041 que foram danificados a altura do açude Timbaúba, no domingo, e ligam a cidade à rodovia federal BR-304, foram consertado nos dois últimos dias. “Foi feito apenas um serviço de recuperação para dar acesso à cidade”, completou Soares.

Motorista da Fazenda Timbaúba, Sucleudo Silveira, disse que os dois trechos foram arrombados porque a bueiro não suportou o volume de água do rio Timbaúba.

Quanto ao açude Caldeirão, construído próximo ao bairro Boa Vista, Soares acredita que não é muito preocupante a sua situação, mesmo que a água tenha transbordado para duas ruas, pois as águas estão sangrando por um segundo sangradouro recentemente construído.

Em Santana do Matos o acumulado de chuvas no ano já ultrapassa 600 milímetros, somente o pluviômetro localizado no distrito de Barão de Serra Branca já registrou um volume de água de 454 milímetros no ano, enquanto o pluviômetro da Emater registrou 169 milímetros. No município de Angicos, o acumulado do ano chega a 253 milímetros de água.

Em Lajes, em apenas um dia choveu o equivalente a todo o mês de abril. A chuva de ontem foi de 171 milímetros; a média histórica de abril é de 120 mm, segundo informações da Emparn. As chuvas acumuladas já atingiram 502 milímetros no município de Lajes.

Vale do Açu

No Vale do Açu, as águas da sangria da barragem Armando Ribeiro Gonçalves invadiram plantações, deixaram dezenas de comunidades rurais ilhadas, e começaram a atingir as casas das famílias da cidade de Assu. Dezenas delas foram levadas ontem para locais seguros. Em Mossoró, estão suspensos os serviços do posto do Detran na Central do Cidadão. A suspensão, que se estenderá  até o dia 14, se deve à interdição ocorrida nas instalações do prédio.  As chuvas  causaram infiltração em quatro salas, e o teto de gesso desabou parcialmente.

Governo envia ajuda para desabrigados

As vítimas das enchentes nos vales dos rios Açu e Apodi começam a receber, ainda hoje, alimentos, remédios, vacinas e colchões. A decisão foi tomada ontem pela governadora Wilma de Faria, durante reunião com auxiliares, integrantes da Defesa Civil e das Forças Armadas. A partir de hoje, o governo contará com três helicópteros, inclusive um da Marinha, para atuar no resgates de pessoas ilhadas. Hoje, a governadora faz uma visita às cidades do Vale do Açu e no sábado à Chapada do Apodi e até o final do dia deverá ser divulgado o número de famílias desabrigadas, que podem chegar a cinco mil. Ontem, 40 homens foram enviados para as regiões de Assu, Caicó, Apodi e Mossoró, as áreas mais críticas do Estado.

O Departamento Estadual de Estradas de Rodagens (DER) está recuperando 19 trechos de rodovias estaduais danificados pelas chuvas. “Existem equipes de plantão no DER para identificar os problemas nas estradas e solucioná-los o quanto antes”, disse o secretário de Recursos Hídricos Iberê Ferreira de Souza.

De acordo com o DER, na região de Mossoró a RN 404 no trecho que liga Porto do Mangue a Praia do Rosado, ficou alagada e será construído um bueiro para solucionar o problema. Na região do Apodi, o trecho da RN 177, entre Portalegre e Francisco Dantas foi interditado e será liberado em até quatro dias. Nas RNs 076 e 177, que ligam Riacho da Cruz a Itaú, houve o rompimento da cabeceira da ponte e a equipe de técnicos já se deslocou para o local nesta quinta-feira.

Na região do Seridó, o trecho da RN 041, que liga Currais Novos a Lagoa Nova, teve desmoronamento e o serviço será concluído em dois dias. Na RN 203, entre Santana do Matos e Barão de Serra Branca, uma passagem molhada foi destruída pelo rio Juazeiro e o trecho foi interditado. Outra passagem molhada na RN 041, que liga Santana do Matos a Currais Novos, também foi atingida pelo rio Alecrim, mas foi construído um acesso provisório. Em 2 dias, o acesso definitivo será reconstruído.

No município de São Tomé as crianças estão sem assistir aulas, as paredes do estádio Rainel Pereira desabaram, quatro açudes estouraram e uma família está desabrigada. Situação parecida, sofrem os moradores de São José do Campestre, onde 4 mil pessoas estavam ilhadas.

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