A barragem Dinamarca, a maior de uma série de dez construídas no leito do rio Espinharas, é o primeiro reservatório público a ‘sangrar’ no inverno de 2008 no Rio Grande do Norte. A barragem encheu depois de uma chuva forte na região Patos, na Paraíba, despejando 136 milímetros de água. A água atingiu o ponto de transbordamento no sangradouro por volta das cinco horas da manhã e, se confirmadas as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), poderá causar um “efeito dominó, enchendo às demais. Juntas, as dez barragens submersas têm capacidade para acumular 15 milhões de metros cúbicos de água. Elas foram construídas no final do século passado para garantir a produção de alimentos numa faixa de 30 quilômetros. Em 2005, o reservatório ‘sangrou’ duas vezes no mesmo ano – em fevereiro e em dezembro.
A previsão do Inmet é de chuvas de fortes a moderadas em quatro estados nordestinos, onde está encravada boa parte do semi-árido, a região mais seca do Brasil. O alerta da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) foi enviado ontem para os governos de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí.
As chuvas atingirão também outros 16 estados, segundo a Sedec. “Alerta-se que, entre sexta e segunda-feira, a chuva poderá ser de forte intensidade, acompanhada de descargas elétricas e de rajadas de vento entre 50 e 60 km/hora, particularmente, no centro sul do Maranhão; centro-sul do Piauí; na região serrana fluminense; no Triângulo Mineiro, oeste e centro-sul de Minas Gerais; norte do Mato Grosso; sul e leste do Pará; litoral e planalto de Santa Catarina; norte, centro-leste do Estado de São Paulo e no litoral e leste do Amapá.”
A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) prevê chuvas para o final de semana no Alto Oeste e na região de Mossoró, podendo atingir também o Médio Oeste e a região Seridó. As chuvas são provocadas pela área de instabilidade estacionada sobre a Bahia e não pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável pela regularidade do inverno no sertão nordestino. Mas a previsão para este ano é de inverno em torno ou acima das médias históricas no RN. Ontem, a Emparn registrou a ocorrência de precipitações pluviométricas em 37 dos 182 postos de medição instalados em 150 municípios do Estado. A maior delas foi em Rodolfo Fernandes, com 47 milímetros. Em Marcelino Vieira choveu 41mm e em Martins, 35 milímetros.
Catarinenses contabilizam prejuízos
Florianópolis (AE) – Após cessarem as chuvas, as autoridades de Santa Catarina começaram o trabalho de recuperação nas cidades e rodovias atingidas por alagamentos e deslizamentos de terra. De acordo com a Defesa Civil do Estado, cerca de 7.500 pessoas tiveram de deixar seus lares devido aos estragos causados pela chuva forte que caiu sobre o litoral desde a noite de quarta-feira até a manhã de ontem. As autoridades afirmam que o número de desabrigados deve aumentar com a chegada de novos relatórios. Uma pessoa continua desaparecida em Biguaçú, na Grande Florianópolis. O governo do Estado já iniciou o levantamento dos prejuízos causados.
Ao todo, 29 municípios registraram ocorrências. No momento, 21 municípios estão em situação de emergência e dois com estado de calamidade pública decretado – Navegantes, no litoral norte, e Santo Amaro da Imperatriz, na região de Florianópolis. A rodovia BR-101 voltou a ser bloqueada na manhã desta sexta-feira em quatro trechos, devido a alagamentos e quedas de barreira. Porém, o único trecho que permanece bloqueado está em Palhoça, município próximo da capital, onde o congestionamento atingiu 40 quilômetros no sentido norte-sul. De acordo com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o trânsito no local deve voltar à normalidade durante a tarde, caso não volte a chover forte.
