Jean Paul Prates
Senador da República (PT-RN)
Em meio a toda essa tragédia do coronavírus, a natureza parece disposta a dar uma pequena compensação ao povo do Rio Grande do Norte. Uma semana depois do dia de São José, os meteorologistas já avisam que teremos chuvas de normal a acima do normal no período que vai de maio até junho. A chuva esperada deve ser bem distribuída em todas as regiões do Estado: de 578,7 mm para o Leste, 328,1 mm para o Oeste, 317,7 mm para o Agreste e 256,5 mm para a Central.
Nas áreas urbanas, essas chuvas podem até causar problemas e prejuízos, mas para o interior ela só leva alegria para a população que passou por pelo menos sete anos de seca.
As chuvas que caem na maior parte do estado já mudaram a paisagem potiguar. O que era cinza, ficou verde. Em cada árvore vão surgindo novos brotos. Rios que estavam secos voltam a correr. A barragem que estava seca, agora já está sangrando. O sertanejo se anima com as nuvens no céu que convidam a sair de casa e ir preparar o roçado na esperança de um bom inverno.
Na hora em que escrevo esse texto, constato que em Portalegre, lá no Alto Oeste do estado, choveu, em um dia, 12% de toda a média esperada para um ano. Chuva assim também caiu em Pau dos Ferros, Serrinha dos Pintos, Riacho de Santana e Martins. O programa Banco de Sementes 2020, coordenado pela Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca já distribuiu toneladas de sementes de milho, feijão, sorgo, castanha de caju, fava e arroz vermelho.
A chegada do inverno deste ano promete fartura para o sertão. A barragem de Pau dos Ferros, que tem capacidade para 54,8 milhões de m³ ultrapassou o volume de 2018 e está com 6,58 milhões de m³ de água. E o mais animador é que a barragem continua enchendo e já alcançou 12% de sua capacidade.
Outras barragens espalhadas pelo estado já estão a plena capacidade. Em Itaú e em Riacho da Cruz os açudes sangraram. Pela internet, eu vi a alegria dos moradores das duas cidades que registraram o fato nas redes sociais.
Chuva é sinônimo de prosperidade para o nordestino. Açude enchendo e céu nublado são sinais de que está na hora de se preparar para os tempos mais difíceis. O sertanejo é prevenido, tinhoso, e no período chuvoso ele trabalha em dobro para assegurar o futuro incerto.
Para encerrar esse agradecimento à chuva e ao bem que ela traz a todos os nordestinos deixo aqui as palavras de Câmara Cascudo, um dos nossos maiores escritores, que registrou a fé do povo do Rio Grande do Norte numa prece que recolheu em suas andanças pelo interior do estado:
“Maria, mãe dos que sofrem
Nosso clamor ouvi;
À terra tão ressequida
A chuva deixai cair!