O ano letivo da Universidade Federal do RN (UFRN) começou com aula magna do cientista norte-americano Gabe Gabrielle. Engenheiro de estruturas da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), educador e palestrante motivacional, Gabrielle cumpriu agenda no Rio Grande do Norte entre os dias 4 e 6 de março que incluiu palestras em escolas públicas e unidade de educação infantil, encontro com universitários e aula de surf – na tarde dessa quinta-feira (5), o cientista encarou as ondas da praia de Miami, em Areia Preta, auxiliado por alunos da Escola de Surf Filhos de Mãe Luiza.
A aula magna proferida ontem pela manhã no auditório da Reitoria da UFRN, contou com equipamento de tradução simultânea, foi transmitida ao vivo pela internet e está disponível no canal de YouTube da TV Universitária (TVU). A atividade teve abertura do reitor José Daniel Diniz Melo, e marcou o início oficial do semestre letivo de 2020.1.
Intitulada “Ao infinito e além”, a palestra de Gabe também foi apresentada nesta sexta-feira (6) para estudantes da Escola Municipal Henrique Fagundes no município de Pureza, e para turmas da Escola Estadual Santos Dumont em Parnamirim. Na quarta-feira (4), o cientista visitou o Núcleo de Educação da Infância (NEI/UFRN) e a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ).
O cientista utiliza experiências pessoais e profissionais para motivar e despertar o interesse nos jovens por ciência, educação e pesquisa ao redor do mundo.
“Poucas pessoas vão aparecer para uma palestra motivacional, mas se faço uma apresentação falando de NASA, de espaço e ciência, consigo atrair a atenção do público. Percebi que essa era a melhor forma de chegar nos jovens e repassar mensagens que podem ser resumidas a partir de três dimensões: faça sempre o seu melhor, goste do que você faz, e acredite em você!”, disse, durante entrevista exclusiva, ainda de roupa de banho e salgado do mar, logo após participar da aula de surfe na Praia de Miami, zona Leste da cidade.
“A aula de surfe foi excelente! Amo a praia, amo o mar, a água, essa foi minha primeira vez com uma prancha de surfe”, comemorou.
Poucas pessoas vão aparecer para uma apresentação sobre motivação, sobre acreditar em si mesmo; isso independentemente da palestra ser com crianças em Natal ou jovens universitários de qualquer parte do mundo. Mas se faço uma palestra para falar de NASA, de espaço e ciência, isso atrai a atenção do público. Percebi que dessa forma consigo chegar mais fácil nas pessoas, e passar mensagens que podem ser resumidas a partir de três dimensões: faça sempre o seu melhor, goste do que você faz, e acredite em você! Acredito que através dessas premissas uma pessoa pode ser mais feliz, mais realizada, e mais produtiva. As crianças aqui do Rio Grande do Norte podem sim acreditar nelas mesmas: eu vim de uma família simples, trabalhei como chapeiro em lanchonete mas tinha um sonho (de ser cientista da NASA) – trabalhei, me esforcei e consegui realizar esse sonho. É isso que quero trazer como principal mensagem: é possível realizar sonhos quando acreditamos no próprio potencial.
Investir em educação é uma das soluções para reduzir a desigualdade social, pobreza e violência?
Também. Claro que o investir em educação é muito importante, fundamental, mas não é só isso que vai resolver. As crianças precisam acreditar nelas, ter motivação, acreditar no futuro delas, e isso se faz também através da educação. Acreditar em si é essencial, ter esperança no futuro e acreditar que pode conseguir, alcançar o sonho. É preciso haver essa combinação.
A forma como a Ciência é ensinada hoje em dia nas escolas é a melhor maneira de estimular e envolver os estudantes?
Naturalmente algumas pessoas gostam de ciências, esportes, entre outras áreas. Mas há maneiras de tornar o aprendizado de ciências mais interessante. Eu trouxe alguns filmes curta-metragem que certamente vai despertar o interesse da garotada. Algumas crianças acham que ser cientista é algo inatingível, por isso falo da minha experiência: fui um mal aluno, trabalhei em lanchonete fritando hambúrguer, e consegui chegar lá (na NASA). O que quero mostrar é que qualquer um pode chegar, basta acreditar. E trago uma mensagem especial para as meninas: quando comecei, basicamente, só havia homens envolvido com ciência, e hoje vemos cada vez mais mulheres. Temos bons exemplos de mulheres cientistas, modelos de sucesso; se uma garota gosta de ciência, ela precisa acreditar que pode chegar lá.
Atualmente o Brasil atravessa um período de dificuldades na área de educação e da ciência. Quais as consequências que isso pode trazer em um futuro próximo?
Não conheço tanto a questão política do Brasil, não gosto de acompanhar a política nem daqui nem dos Estados Unidos. Prefiro não assistir noticiários, tem muita coisa negativa. Procuro fazer minha parte. Cumpro meu dever de cidadão (indo votar), mas prefiro inspirar as crianças, levar mensagens positivas e trocando experiências. É sempre uma oportunidade poder me conectar com as pessoas que assistem minhas palestras.
