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Cientistas europeus vêm analisar missão espacial

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Marco Carvalho – repórter

A partir da noite de hoje, mais de 120 cientistas do Brasil e de dez países da Europa estarão reunidos no Ocean Palace, na Via Costeira, participando do 4º CoRoT Brasil Workshop, para discutir e analisar os resultados da missão espacial CoRoT. A missão teve início em 2006, com o lançamento de um satélite no Cazaquistão, e a capital potiguar sedia o encontro pela terceira vez. O 4º CoRoT Brasil Workshop será encerrado na próxima quarta-feira (1º).

Cientista Renan de Medeiros: “Olhar para o céu, para mim, tem o mesmo valor do ar que respiro”Os resultados da missão, que desde o início da avaliação em 2007 surpreenderam a equipe, foram antecipados pelo professor titular do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Renan de Medeiros, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. “Mais de cem mil estrelas foram contabilizadas e vinte planetas descobertos fora do Sistema Solar, tendo um, inclusive, com características semelhantes à Terra. Temos uma diversidade muito maior do que imaginávamos e isso servirá de base para diversos projetos de pesquisa tanto na Europa quanto no Brasil”, disse. O CoRoT ganhou grande repercussão mundial pela sua busca por vida fora da Terra e também do Sistema Solar.

Além da apresentação do status atual da missão, o evento tratará as principais questões científicas que contam com a atuação de brasileiros. Os seguintes temas estão pautados para discussões: Exoplanetas e astrobiologia; Rotação e Atividade estelar; Oscilações;  Estrelas jovens; Sismologia de estrelas quentes.

Toda a missão teve o gasto de 155 milhões de euros (cerca de  R$ 350 milhões). O professor Renan de Medeiros explicou o objetivo do investimento: “O objetivo era procurar planetas dentro da zona de habitabilidade, ou seja, que possam desenvolver algum tipo de vida. Mas, a longo prazo, pretende contribuir com as grande questões da humanidade, como de onde viemos e para onde vamos”.

 Para o cientista, por meio da observação de planetas em diferentes estágios de desenvolvimento é possível entender o próprio desenvolvimento da Terra. “Fazemos uma espécie de filme. Quando encontramos planetas menos ‘desenvolvidos’, podemos entender como a Terra costumava se comportar. Já o oposto ocorre quando nos deparamos com planetas mais ‘avançados’: podemos prever o que acontecerá com o nosso”, esclareceu.

Missão Plato

O 4º CoRoT workshop também apresentará a missão espacial Plato (o nome do filósofo grego Platão em inglês). A missão será uma continuação da atual, porém muito maior e mais ambiciosa. Os investimentos serão de 500 milhões de euros, contra os 155 milhões da CoRoT.

O satélite tem lançamento programado para   2018 com previsão de observar por seis anos cerca de 500 mil estrelas. A busca por planetas idênticos à Terra e também dentro da zona de habitabilidade continua. O Brasil terá o papel de analisar previamente as estrelas para o Plato, além de enviar engenheiros para desenvolver softwares.

O Homem das estrelas

“A vida sorrir sempre para as pessoas que têm uma atividade a serviço do bem”

Ele já acreditou que os trovões eram causados por anjos tocando tambores e, a partir daí, criou interesse em estudar o céu. Hoje, além de ser o único cientista astrônomo do Nordeste brasileiro, tem o trabalho disputado pela NASA e pela Agência Espacial Europeia. A pesquisa desenvolvida por ele colocou o Brasil no cenário internacional de estudos astronômicos e permitiu ao país ser incluído em duas missões espaciais, a CoRot e a Plato.

José Renan de Medeiros, natalense que cresceu nas ruas do bairro das Quintas torcendo pelo  ABC, tem longos cabelos brancos presos em “rabo-de-cavalo” e só usa sandália de couro. “Posso ir  para um jogo no Frasqueirão, visitar um ministro ou um presidente, não abro mão da sandália por qualquer sapato do mundo. Quero me sentir bem e é assim que desenvolvo meu trabalho”, conta sorridente o responsável pela “floresta de conhecimento” nesse assunto visto hoje em dia no estado.

A felicidade e a paixão pelo que faz é algo notado de longe. “Olhar para o céu, para mim, tem o mesmo valor do ar que respiro”, diz homem que herdou o gosto por cálculos do pai. Pai que trabalhou como mestre de obras no distrito de Cachoeira dos Morenos, no município de Santa Cruz, a 115 quilômetros de Natal. “Ele sempre me dizia que a vida está dentro dos livros, tem que ler”, lembra Renan em sua sala no Departamento de Física da UFRN.

A mesa de trabalho do cientista está cheia de livros e artigos, alguns falam da abundância química na Via Láctea, todos em inglês. Mexe no computador e organiza alguns dos muitos afazeres.

Pós-doutor pela Universidade de Genebra, na Suíça, o professor conta que só foi alfabetizado com mais de  10 anos. “Meu pai viajava bastante por causa das obras e nós íamos com ele. Isso me fez ter uma vida escolar estranha”.  Estranha porque após ser alfabetizado tardiamente, foi incentivado a pular séries e acabou cursando três anos letivos em um só.

Estudou na Escola Municipal Maria Lígia, nas Quintas, e fez o ensino médio na Escola Industrial, hoje Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). A decisão pela astronomia ocorreu neste período, quando “a ideia do céu começou a colar” na sua cabeça. “Me empolgava tentando olhar para mais distante. Imagina o porquê dos brilhos das estrelas”, confidencia. Leia mais na página 4

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