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Clima global volta aos holofotes

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Irene Quaile
Deutsche Welle

Nova York – A convite do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cerca de 120 chefes de Estado e de governo participam da Cúpula do Clima das Nações Unidas nesta terça-feira em Nova York. O encontro ocorre sob o impacto das manifestações pela proteção climática que mobilizaram centenas de milhares de pessoas em diversos países no último fim de semana. Em todo o mundo, organizações não governamentais e pessoas comuns atenderam ao chamado, entenderam a urgência da questão. No fim de semana, centenas de milhares demonstraram nas ruas de Nova York, Londres, Berlim e Melbourne ter reconhecido os perigos das mudanças climáticas e esperar ações eficazes de seus governos.
Ban Ki-Moon pede a líderes que acelerem iniciativas e espera ‘anúncios ousados’ em Nova York
Ao convocar uma reunião de cúpula do clima extraordinária – fora das rodadas habituais de negociações –, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sinaliza a importância da política climática para o futuro. Para o futuro de uma população em crescimento mais acelerado do que o esperado, num planeta cujos recursos consumimos rápido demais.

O secretário-geral tirou, ao menos por alguns dias, as mudanças climáticas das salas escuras de negociações, onde os políticos debatem as mínimas cláusulas contratuais, e as levou ao palco da opinião pública mundial, na sede da ONU em Nova York. A política e a economia devem mostrar juntas que entenderam as ameaças para o clima global, que as soluções existem e que estão prontas para implementá-las. Imediatamente.

Há sinais de aviso mais do que suficientes para a necessidade urgente de ação. Os números mais recentes mostram que liberamos cada vez mais CO2 na atmosfera. O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) foi assustador: a meta de dois graus Celsius está praticamente fora de alcance. Este verão foi o mais quente desde o início dos registros, em 1880.

Especialistas alertam para condições meteorológicas extremas, fome, escassez de água, elevação do nível do mar. Especialmente nas regiões mais pobres do mundo, as pessoas estão perdendo seus meios de subsistência. Conflitos sobre recursos escassos e ondas de refugiados estão previstos.

O abandono dos combustíveis fósseis e o desenvolvimento de fontes renováveis de energia são essenciais para reduzir as emissões de dióxido de carbono. E existe tecnologia para isso. De acordo com um estudo publicado recentemente, para a implementação de uma mudança completa da matriz energética falta apenas vontade política. E a política não pode ser freada pela pressão das indústrias do setor de combustíveis fósseis.

Cento e vinte chefes de governo atenderam ao chamado do secretário-geral da ONU. A “chanceler-clima” da Alemanha não está entre eles, e ONGs não são as únicas que consideram isso um erro. A Alemanha tem problemas para cumprir suas ambiciosas metas climáticas. A revolução energética desacelerou. E agora o país perdeu uma importante oportunidade de voltar à fileira dos países-modelos em temas climáticos. Entre os principais países industrializados, há muito poucos que não serão representados por seus chefes de Estado ou de governo, incluindo sobretudo aqueles que vão na contramão da proteção ambiental, como Rússia, Austrália e Canadá.

Ban Ki-Moon pediu aos líderes políticos e econômicos para “acelerarem o momento político”. Nesta reunião de cúpula, ele espera “anúncios ousados” de iniciativas de mudanças climáticas. Mas o principal dessa reunião deve ser um clamor público por uma ajuda eficaz para o clima mundial.

Ban Ki-Moon oferece aos poderosos do mundo uma oportunidade de serem reconhecidos internacionalmente como amigos do meio ambiente. Em seu palco em Nova York, eles poderão mostrar que entenderam a urgência do momento e que finalmente vão encarar a proteção ambiental de maneira séria.

Não há plano B para o clima global, porque não temos um planeta B, disse Ban Ki-Moon antes da cúpula. Os olhos da opinião pública estão voltados para Nova York. Precisa-se urgentemente de um sinal de que “business as usual” levará a mudanças climáticas catastróficas e de que política e economia estão dispostas a impedir que isso aconteça.

Bate-papo – Christiana Figueres
Chefe da Convenção do Clima da ONU

‘É preciso enfrentar mudanças climáticas em tempo hábil’

Qual a finalidade de uma cúpula do clima extraordinária e como ela se encaixa nas conferências climáticas anuais?
As conferências anuais se destinam a um acordo climático vinculativo, que deverá ser fechado no próximo ano, em Paris. Na cúpula em Nova York, não haverá negociações. Trata-se de uma tentativa de impulsionar o processo formal, de fortalecer a vontade política e a consciência pública. É uma boa oportunidade para chefes de Estado e líderes empresariais apresentarem seus planos.

Ban Ki-moon pediu aos participantes que preparassem para o encontro anúncios corajosos e compromissos de ação. O que você espera disso?
Muitos governos vão relatar sobre projetos já iniciados, sobre suas pretensões para reduzir as emissões de gases tóxicos, sobre como querem preparar sua infraestrutura para os efeitos das mudanças climáticas.
Do setor privado, esperamos o mesmo: queremos saber qual será a sua contribuição para reduzir as emissões. Estamos particularmente interessados em como esse setor pretende transferir o seu capital em prol de produtos e serviços de baixa emissão de CO2, para que possamos acelerar a mudança global com vista a uma economia de baixas emissões de gases tóxicos.

Esperam-se anúncios significativos do país anfitrião EUA ou da China, país-chave para o clima?
Sim. Acreditamos que todos os países vão mostrar as suas propostas formais para as negociações no próximo ano. No entanto, eles ainda têm até março de 2015 para isso. Eles deverão dar apenas uma ideia de quais serão suas contribuições. Eles já estão calculando em âmbito nacional o que é possível fazer em termos financeiros, políticos, econômicos e técnicos.

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