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Clovis Santos

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Vicente Serejo
Foi com ele que fui cumprir a pauta mais esperada daqueles dias: entrevistar Vinícius de Morais, hospedado numa casa no alto de Ponta Negra, que pertencia a um médico. O poeta pediu a Roberto Macedo, então o principal empresário de shows da cidade, para ser trazido de carro de Recife a Natal e não ficar em hotel. Desejava passar uns dias aqui, diante do mar, com Maria Creuza e Toquinho. Assim foi feito, com direito a uísque, garçom, cozinheiro e longe dos assédios.
Naquele tempo, Clovis Santos era o principal fotógrafo do Diário. Um gaúcho da fronteira, de pouca conversa, alto, magro, de rosto comprido e de traços finos desenhando uma fisionomia magra. Meticuloso na operação e zelo da sua máquina fotográfica. Não gostava de vê-la nas mãos de outros. Era dedicado ao seu ofício. Tinha a noção perfeita do repórter fotográfico, o olho indo buscar os detalhes que a gente só ia perceber, de verdade, quando as fotografias eram reveladas.  
Naquela manhã, saímos cedo, ansiosos para o encontro com Vinícius de Morais. Rejane foi com a gente e lá encontramos João Batista Machado. Ficamos na casa ao lado, recebidos por Roberto Macedo. Chegou a hora e subimos os poucos degraus até o terraço da casa vizinha. Era ali que o poeta estava. Alguns minutos depois das onze horas, ele surgiu: bermuda, camisa listada e aqueles seus óculos escuros. Falou com todos, elogiou a beleza do mar e do luar na noite anterior.
Clovis ouvia a conversa, mas andava para um lado e outro já procurando os ângulos que seriam melhores. Apareceu Toquinho e só no meio da tarde surgiu Maria Creuza, os cabelos ainda cheios de sono. Vinícius perguntou se éramos casados, e Rejane respondeu: ‘Há três meses”. Vinícius, maroto, completou: “Está gostando da profissão?”. Da cerveja, como se para avisar que os trabalhos estavam começando, pediu um uísque e o garçom voltou com uma garrafa de Vat 69. 
O poeta não cumpriu a promessa de chamar ‘Samba de Natal’ a canção que solfejou com Toquinho ainda sem letra. Quando o disco saiu, ele contou que aquela canção tinha sido composta numa noite de luar muito bonito, numa praia de Natal que chamou ‘Ponta Preta’ e a letra passou a ser a ‘Carta ao Tom 74’. Duas moças vieram visitá-lo. Traziam uma garrafa de Murim Mirim. Ele tomou um gole, elogiou o gosto e o cheiro, e passou, a partir daquela hora, a só olhar para elas.  
Estava perto da noite, e saímos. Era preciso guardar um resto de fôlego para assistir ao show no Teatro Alberto Maranhão. Muitas vezes relembramos a entrevista com Vinícius. E as sempre inesquecíveis, com Newton Navarro. Ele ligava de vez em quando e gostava de relembrar aquele tempo. Mas andava sumido ultimamente. Segunda-feira, ainda de manhã, Gilvan Azevedo ligou para avisar: nosso amigo Clovis Santos partiu. É duro esse pobre ofício de anotar tristezas… 
LUTA – O ex-deputado Wober Júnior é um dos mais ativos articuladores da chapa Álvaro Dias-Carlos Eduardo Alves. Chegou ao almoço de Jacumã com Carlos e foi dos últimos a se despedir.  

JOGO – O deputado João Maia, só agora, quer o PL longe da base governista, mas sabe que tem no governo o secretário de desenvolvimento, Jaime Calado, e sua irmã, senadora Zenaide Maia. 
ALIÁS – João controla o PROS, o PL bolsonarista e é aliado do PT, por isso, joga o faz-de-conta da independência. E Jaime quer ser candidato a deputado federal ao lado do cunhado João Maia.

MILAGRE – De um bem-humorado prócer provinciano, em pleno veraneio, quando soube da chapa Álvaro-Carlos Eduardo: “É tão engenhosa que até pode reunir os Alves, hoje separados”.  

FUGA – Nascido e criado na Fazenda Saudade, no calor dos sertões do Seridó, só com direito à sombra dos velhos umbuzeiros, o jornalista Aluísio Lacerda acaba de fugir na direção do mar. 
AVISO – Esta coluna não é feita para agradar ou desagradar a ninguém. O agrado e o desagrado são consequências do que publica e das opiniões que emite. Seu limite intocável é a vida privada. 
– De João Medeiros Filho, com a sua fé nos milagres sobre os vastos campos da alma, citando São Sebastião: “Antes de ser oficial do Império Romano, sou filho de Deus e soldado de Cristo”. 
AMOR – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, sobre a arte de amar, desde as velhas lições de Ovídio, hoje tão esquecidas: ‘Só é feliz no amor quem amar do jeito que o amor desejar’.    
LUTA – Há nove anos sem reajuste salarial, sequer dos percentuais de inflação, os engenheiros da Prefeitura de Natal estão mobilizados. O Sindicato e o Crea não conseguiram audiência com o prefeito Álvaro Dias e, por isso mesmo, convocaram uma reunião geral no auditório do CREA.  

QUANDO – A categoria, inconformada, espera sentar à mesa da negociação, representada por suas instituições – sindicado e conselho – com o apoio da classe política. A reunião será segunda-feira, às 11h, no CREA. A injustiça é herança da gestão do então prefeito Carlos Eduardo Alves.     
MISTURA – De um prócer muito bem humorado, quando viu o ex-senador José Agripino e os deputados Nélter Queiroz e Tomba Farias apoiando uma possível candidatura de Álvaro Dias a governador: “Só um líder é capaz de misturar água, óleo e álcool-gel”. E virou o gole de café.   
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