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Clube Laguna será o primeiro time de futebol vegano do Brasil

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Pedro Henrique Dias
Repórter

O Clube Laguna será o primeiro clube vegano no Brasil e terá o Rio Grande do Norte como sede. Além da peculiaridade nutricional em relação aos demais clubes de futebol, os gestores desse projeto pretendem reformular os conceitos de gestão administrativa e prospecção de jogadores da base em um projeto de dez anos. A ideia é que o time faça sua estreia pela Segunda Divisão do Campeonato Potiguar ainda este ano.
Este será o símbolo do Clube Laguna que será fundado no RN
Em relação ao modelo de gestão, será o primeiro time de futebol do RN que se enquadra como Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Os sócios são Rafael Eschiavi, Deia Nabinger e Gustavo Nabinger. Este último com maior experiência no meio esportivo, já que foi ex-jogador e treinador das categorias de base de times do interior de São Paulo.

Gustavo também é empresário e tem duas formações acadêmicas nas faculdades ESAMC (Propaganda e Marketing) e ESEF Jundiai (Educação Física). Além das licenças de treinador A e B da CBF/CONMEBOL.

Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Gustavo Nabinger explicou como surgiu a ideia de ser um clube vegano. Ele ainda respondeu se os atletas irão se adaptar ao veganismo e como vai funcionar a geração de receitas. Além de responder do motivo da casa  do segundo time de futebol vegano do mundo, atrás do Forest Green Rovers, sediado na Inglaterra, ser no Rio Grande do Norte.

“O veganismo é um estilo de vida que exclui totalmente o consumo e uso de qualquer tipo de produto de origem animal. Isso não vale apenas para alimentação, e sim para não utilização de prática que contenha violência contra o animal, como por exemplo marcas de roupas que usam o couro para a feitura da mercadoria”, explicou.

Segundo Gustavo, a oportunidade de implantar essa filosofia de vida, que o profissional segue há dois anos e meio, foi algo natural e indispensável para a montagem do projeto do time de futebol.

“Para mim não fazia sentido como valor pessoal, de vida, oferecer carne dentro do clube. Se eu não faço isso na minha casa, não quero provocar esse tipo de coisa. Então, não faz sentido fazer isso em larga escala”.  

Apesar da filosofia de vida, apenas o Forest Green Rovers, sediado na Inglaterra, adota essa prática no mundo. A nutrição dos atletas de alto rendimento, geralmente, é a mistura de carboidratos, proteínas de origem animal, gordura e outros nutrientes.
Apenas o Forest Green Rovers, sediado na Inglaterra (foto), adota essa prática no mundo e tem conseguido sucesso econômico
Sobre o tradicional histórico alimentar de jogadores de futebol, Gustavo detalha que os esportistas das mais diversas modalidades estão se adaptando ao estilo vegano.

“É só observar os exemplos que estão no mundo: Lewis Hamilton, Novak Djokovic, Vênus Willians, Macris e Carol (jogadoras de vôlei da seleção brasileira). Além dos benefícios e da menor possibilidade de se desenvolver doenças cardíacas e cancerígenas, o número de atletas que só relatam benefícios da exclusão da carne na alimentação é grande.”

De acordo com a página de nutrição esportiva, “Eu Atleta”, em conversa com a nutricionista Luna Azevedo e o endocrinologista Yago Fernandes, após parar de comer carne por um mês existe uma melhora no humor, disposição e também no desempenho na atividade física.

Já se o produto não for consumido durante um ano, há uma melhora nos estados antioxidantes e anti-inflamatórios, o que pode ajudar o sistema imunológico a se recuperar depois de feito o exercício físico. Por último, depois de dez anos sem consumir, há uma melhora na performance esportiva.

Gustavo explicou que nenhum jogador terá obrigação de seguir a filosofia do veganismo. No entanto, o clube vai disponibilizar alimentação vegana, além de instruções nutricionais acerca desse tipo de alimentação.

A ideia é deixar claro as condições alimentares do Clube Laguna durante as contratações dos atletas e orientar os jogadores sobre o melhor condicionamento físico, saúde atlética e parâmetros internos para obtenção de fontes de vitaminas, aminoácidos, proteínas e carboidratos.

“O atleta não mora no clube, ele mora na casa dele e se alimenta por conta própria, ok. Se estiver tudo bem. Não tenho intenção de obrigar ninguém a nada. Acreditamos na liberdade das pessoas”, esclareceu.

Por que o RN?

“Por alguns motivos, eu joguei em 2007 no Corintians de Caicó. Foi uma experiência muito legal e fiquei encantado com as pessoas, com o Estado. Em 2008, eu estava jogando em São Paulo e tinha 15 jogadores que pertenciam a Escolinha do Quebra Osso (empresário que revelou jogadores como Gabriel Veron) e ficamos amigos, fizemos até grupo. Por conta disso, acabei vindo para o Rio Grande do Norte muitas vezes”.

Além do fator emocional, a densidade demográfica – muita concentração de pessoas na Região Metropolitana – vai facilitar a captação de jogadores próximo na Grande Natal.
Gustavo Nabinger (à esquerda) é um dos dirigentes do clube e já trabalhou como técnico
O Estado do Rio Grande do Norte também tem um caminho mais fácil para chegar em competições nacionais e regionais se for comparado com times do sul e sudeste.

A proximidade com Recife (maior cidade do Nordeste com veganos) e o Ceará (Estado com potencial de crescimento para esses consumidores) foi um atrativo a mais para a escolha do RN. Ou seja, existe uma tendência de expansão do veganismo em terras potiguares.

Finanças

O Laguna é uma startup, ou seja, empresa que trabalha com um produto inovador e busca formas de investimento de maneira mais agressiva para o desenvolvimento e retorno mais rápido. Por conta disso, a equipe vegana vai ganhar um aporte financeiro de investidores para a disputa da Segunda Divisão do Campeonato Potiguar de Futebol de 2022.

Os sócios já fizeram investimentos, com um ano e meio atuando no plano de negócio do time. Uma empresa de consultoria foi contratada para auxiliar os empresários, um escritório de advocacia também foi consultado para ajudar no ordenamento jurídico.

Segundo os organizadores, a principal geração de receitas será pelos meios esportivos, como a disputa de campeonatos que deem retorno para os cofres do clube. As vendas de atletas jovens não será a primeira prioridade da gestão.

Perspectivas

O principal projeto esportivo do Clube Laguna é chegar na Série A do Campeonato Brasileiro em 10 anos, assim como foi o caso do Cuiabá. Um outro exemplo foi a rápida ascensão da Chapecoense que saiu da última divisão para a primeira em seis anos e ainda foi campeão da Copa Sul-Americana.

É a partir desses exemplos esportivos, sem citar outros tantos do próprio interior do Estado que Gustavo mora, como o São Caetano e Grêmio Novorizontino, que mostram o maior desejo dos sócios do Laguna.  

“Sabemos que é difícil, mas não é impossível, temos exemplos que é possível. Por isso, temos um planejamento a longo prazo, paciência, investimento e estruturar a empresa em todos os níveis de gestão. Imaginamos o futebol de maneira vertical, planejando da base até o profissional para conseguir esse objetivo”, destacou.

Localização

O Clube Laguna ainda não tem uma sede definida dentro do Rio Grande do Norte. Algumas regiões dentro do Estado foram estudadas, como foi o caso de Carnaúba dos Dantas, na região Seridó do Estado, mas a ideia não foi para frente. De acordo com Gustavo, a localidade deve ficar em Pipa, na cidade de Tibau do Sul.

Ainda de acordo com Gustavo, está 90% certo, falta apenas fechar contrato do aluguel do campo para treino da equipe.

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