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Clubes brasileiros apostam no digital para minimizar impactos pela falta de jogos

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Uma crise provocada por uma pandemia sem precedentes nos últimos 100 anos assola o mundo. No futebol brasileiro, são quase quatro meses sem partidas na maioria dos Estados. Ainda com a incerteza do retorno das atividades, os clubes operam com a ausência das principais fontes de renda: transmissão televisiva, bilheteria e ainda enfrentam a dificuldade em manter o sócio-torcedor em regularidade.
A SportsValue, agência especializada em marketing esportivo, estima que os clubes vão perder até R$ 2,5 bilhões em receitas em 2020 por causa da pandemia. O especialista Amir Somoggi chama de “novo normal”. “É uma receita muito mais baixa”, disse.
O estudo aponta que, dependendo de como os clubes reagirem à crise e como se comportará o mercado de transferências, as receitas podem ser similares à temporada 2010/2011. Um retrocesso sem precedentes no futebol brasileiro. A queda é estimada num valor entre 29% a 37% em comparação com 2019, ano recorde em receita para os clubes. O Flamengo, por exemplo, já registrou uma perda de 20 mil sócios durante o período de quarentena.
Os clubes brasileiros tentam botar a criatividade em ação – alguns deles antecipam planos que estavam guardados para conseguir minimizar os impactos da ausência de jogos.
“Como o futebol é um produto ligado à aglomeração, tem queda de receita imediata a partir de uma paralisação como essa. O futebol mostra que vai demorar para recuperar”, pontuou Guilherme Bellintani, presidente do Bahia. Para minimizar o dano financeiro, estimado por ele que esteja em um valor entre R$ 20 a 60 milhões, o clube antecipou uma ideia que estava prevista para ser lançado no final deste ano: a Plataforma Sócio Digital
Em um modelo de streaming similar ao Netflix, o Bahia lançou um serviço contratado por assinatura, no valor de R$ 10 por mês em que o torcedor tem acesso a mais de 100 horas de conteúdo em vídeo mensal do clube. A plataforma tem entrevistas com jogadores, transmissão de embarque e desembarque do plantel e outros conteúdos. Segundo Bellintani, a ideia é que mais da metade desse conteúdo em vídeo seja ao vivo.
O clube há algum tempo propõe a inovação como algo de sua cultura organizacional. E, no momento, é algo que usa para enfrentar a crise. O Bahia também anunciou um novo pacote de vantagens para os sócios que permanecerem fiéis ao plano durante a quarentena, com sorteio de camisas, carros e outros benefícios “Tenho segurança em dizer que o Bahia tem um futuro de inovação muito forte”, disse o presidente.
O Botafogo é outro clube que seguiu caminho similar com a sua própria plataforma digital, o E-Botafogo, lançada na segunda semana do mês de junho. Lá, o torcedor pode ter acesso a conteúdos exclusivos, como momentos históricos da história do time. O E-Botafogo cobra valores de 3 vezes de R$ 10, com descontos para sócios, que receberão link para compra no valor total de R$ 24,99.
O Botafogo define a ação como “a maior decisão de 2020”. “Algumas iniciativas furaram a fila de prioridades. A crise canalizou a atenção para todos os assuntos que a gente não pensava antes. O clube se reinventou em algumas áreas”, afirmou Júlio Gracco, coordenador de comunicação. A tecnologia e o ambiente digital se tornaram terreno fértil para planejar algumas ações.
“A visão do Botafogo é de que a atividade do departamento comercial vai ter que reformular o produto” adicionou Caio Araújo, gerente de gestão comercial do clube carioca. Além do E-Botafogo, a BotafogoTV, canal do clube no YouTube, vem criando produtos para manter a torcida com o clube. Uma das iniciativas que ganham força durante a pandemia.
“Estamos focando mais em produtos que possam dar mais entregas virtuais, mais interação virtual e nosso planejamento mira esse novo cenário. Vamos aproximar o torcedor. Se ele não pode vir ao estádio, o estádio vai até ele”, falou Caio Araújo.
No Sul
Para os clubes do Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional, uma grande prioridade é preservar o quadro de sócios-torcedores. “A gente entende que o quadro social é o grande alicerce do Internacional. Somos o primeiro clube a ter 100 mil sócios e a gente tem 120 mil sócios. Esse quadro social é muito sólido”, pontuou Nelson Pires, vice-presidente de marketing.
Além de ações com benefícios, o Internacional pretende criar um monumento ao sócio que se manter adimplente. Segundo Pires, o clube ganhou mais de cinco mil sócios novos no período de pandemia.
A crise afetou parte do planejamento que o clube projetava para o ano. Uma das ideias era ter um hub exclusivo para inovação – algo que acabou por ter que ser uma ideia posta para o futuro. Para Nelson Pires, o digital é uma boa plataforma para trazer entretenimento ao torcedor. Além de atividades interativas, o clube realizou campanhas conscientização à torcida sobre como se prevenir do vírus e iniciou campanhas de ação social.
O Grêmio também entende que o fortalecimento da marca é fundamental no momento. “A marca é essência e a monetização é consequência. Se eu tenho a marca forte, tenho percepção de valor”, disse Beto Carvalho, diretor executivo de marketing. As ações concentram em incentivar a fidelidade sócio-torcedor.
Além do desconto em itens do clube, o sócio-torcedor ganhará uma placa em homenagem. “Tivemos uma queda na receita de sócio de 15% em relação à média dos três primeiros meses do ano. Quando lançamos essa ação o mês de maio teve o patamar foi o mesmo de abril. Ou seja, estancou a queda”, afirmou Carvalho.
Estadão Conteúdo

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