Originalmente inaugurada como unidade penal de segurança máxima, em março de 1998, a Penitenciária Estadual Francisco Nogueira Fernandes, em Alcaçuz (Nísia Floresta), passa por seu pior momento, em virtude da série de fugas de presos que vem ocorrendo este ano. A última fuga ocorreu na noite da quinta-feira (26), quando seis presos escaparam por um túnel, dentre muitos que são escavados desde as rebeliões de março no sistema prisional do Rio Grande do Norte.
Pelo menos até o fim da tarde de ontem, nenhum dos presos foragidos do pavilhão 2 do estabelecimento penal – José Carlos Firmino Varela, Adriano da Conceição, Rivanildo Pereira Medeiros, Antonio Fernandes de Oliveira, Thiago da Silva Bento e Wilson Rodrigues de Medeiros Filho, haviam sido recapturados, segundo a Coordenação de Administração Penitenciária (Coape), subordinada à Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania (Sejuc).
Em virtude da falta de iluminação nos arredores da penirtenciária, somente pela manhã a direção da Penitenciária de Alcaçuz fez a contagem dos presos, a fim de saber quantos apenados tinham realmente empreendido fuga. O Grupo de Operações Especiais dos agentes penitenciários (GOE), vinculado à Sejuc e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (BOPE) passaram pelo menos duas horas no pavilhão 2, dando segurança aos agentes penitenciários e à direção da unidade prisional durante a contagem dos presos. O GOE e o BOPE deixaram as dependências de Alcaçuz por volta das 11:20. Uma retroescavadeira também foi acionada para tapar o túnel que serviu de rota de fuga para os seis presos.
O coordenador da Coape, Durval Franco, antecipava que os presos do pavilhão 2 continuarão agrupados naquela área, que foi destruída na rebelião do primeiro semestre, reconstruída e depois depredada pelos presos: “Não há para onde se levar”.
Durval Franco disse que na semana passada ocorreu uma inspeção para apreensão de celulares e outros objetos proibidos de uso pelos apenados nos pavilhões 2 e 4. Mesma coisa seria feita, ontem, nos pavilhões 1 e 3, mas por conta da fuga dos seis presos, teve que se voltar atenção para a contagem de presos do pavilhão 2.
Na quinta-feira (19), outra vistoria feita em Alcaçuz, descobriu-se a escavação de dois buracos nos pavilhões 2 e 4.
A abertura de túneis na penitenciária de Alcaçuz já virou rotina. Tanto que na segunda-feira (9), dois presos morreram soterrados sob um túnel que desabou e estava também sendo escavado a partir do pavilhão 2: Arlindo de Lima Silva, 29 anos, o “Boneco” e Rodrigo Nascimento Silva, 28 anos, o “Baby”.
Em 8 de setembro o preso Maycon Souza da Silva, que estava fugindo da cela 1 do Pavilhão 4, ficou entalado dentro de um túnel, por onde tinha fugido Rafael da Costa Silva, de 23, recapturado três horas depois de ter escapado.
Em 30 de maio, o detento Anderson Carlos Inácio do Nascimento fugiu por outro túnel, tendo sido preso seis dias depois por assalto, em Santa Rita (PB). As fugas mais emblemáticas do ano, o maior presídio do Rio Grande do Norte, com capacidade para abrigar 450 presos, mas tem mais de mil, ocorreram em 6 e 22 de abril, quando, respectivamente, fugiram 32 e 34 presos.
Túnel
Em uma semana agentes penitenciários em Natal e no interior descobriram a escavação de quatro túneis. Já na manhã de ontem, uma revista ocorrida no presídio de Pau dos Ferros, na região Oeste do Rio Grande do Norte, descobriu-se um túnel que contava até com iluminação, a fim de facilitar o trabalho de escavação pelos presos.
O diretor da unidade penal de Pau dos Ferros, Francisco Caio Arnauld Sampaio, explicou que o túnel foi aberto próximo ao vaso sanitário de uma cela, e estava “quase chegando na rua”.
A unidade penal de Pau dos Ferros tem capacidade para 80 presos, mas hoje tem 156 apenados.
Na sexta-feira (20), agentes penitenciários também descobriram um túnel na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), a partir de uma denúncia anônima. Já na quarta (25), foi encontrado outro túnel no PEP.