Os ideais de inclusão social através do esporte, a complementação da educação pedagógica nas escolas e a revelação de novos valores podem não ser renovados como quer o Comitê Olímpico Brasileiro com a realização das Olimpíadas Escolares, se for mantido a política de distribuição de verbas, principalmente, em relação as passagens.
Depois de viver alguns momentos de “cinderela”, em 2004, quando os jogos ganharam um novo impulso, inclusive, com apoio da Globo, a carroagem do esporte escolar, aos poucos, pode se transformar em “abóbora” como nos contos de fada. E com a realização dos Jogos Pan-americanos do Rio, as Olimpíadas Escolares correm o risco de não acontecerem no ano que vem.
Tudo começou depois que o COB anunciou a transformação das passagens aéreas em rodoviárias. A situação revoltou pais e professores, que reivindicaram do governo federal e estadual uma providência. Pai de Amanda Trindade, atleta de basquete do Marista, uma das equipes classificadas para representar o RN nas Olimpíadas Escolares deste ano, o funcionário público, Auridan Trindade, chegou a enviar um manifesto ao Palácio do Planalto. Num primeiro instante não houve retorno positivo do governo. Mas, diante de uma pressão, que partia da maioria dos Estados, com destaque aos mais distantes da cidade-sede, e depois do acidente com um ônibus da delegação baiana da categoria sub-17, que vitimou um professor de judô, os promotores do evento voltaram atrás e resolveram manter as passagens aéreas.
“A situação precária das nossas estradas, a falta de segurança com assaltos constantes, além do desgaste físico e emocional dos atletas pelo longo trecho que tem que percorrer, colocam em dúvida os reais objetivos das Olimpíadas. Mas, parece que eles viram o erro que estavam cometendo e resolveram voltar atrás”, destacou o pai de Amanda, agora, mais aliviado. Com a nova proposta do COB, os “paitrocinadores” vão ter menos despesas, já que a equipe do Marista estava disposta a bancar as passagens aéreas, mesmo sem o apoio do COB.
“Até rifas nós estamos vendendo”, disparou a professora Lourdinha, técnica do time sub-14 do Marista, que vai à Poço de Caldas, destacando a vontade das meninas em representar o Estado, já que de ônibus muitas não viajariam por decisão dos pais.
O acidente ocorrido em meados do mês passado com o ônibus que transportava as equipes de judô e atletismo da delegação baiana, da categoria sub17, que vitimou fatalmente Nelson Neri dos Santos Filho, professor de judô do Colégio Persona, foi outro motivo que apressou a alteração no planejamento do COB. O acidente ocorreu por volta das 22h30 do último dia 14, na localidade de Alvorada do Norte (GO), a 260 Km de Brasília, quando o ônibus retornava a Salvador, e foi noticiado no site do próprio COB.
Os seis atletas que ficaram feridos receberam atendimento no hospital da região e foram liberados. O COB e o Ministério do Esporte deram toda a assistência necessária a delegação, mas ficou o alerta para as longas viagens de ônibus pelas rodovias mal conservadas do território brasileiro.
“É lamentável porque verba tinha. Não entendo porque eles entendem que os alunos da fixa etária dos 15 aos 17 anos podem ir de ônibus e os de 12 a 14 anos vão de avião. Era para todos irem de avião. A responsabilidade é a mesma. Acho que este ano, além de envolver questões administrativas, o processo eleitoral pode ter influenciado também. Tomara que isso não se repita”, declarou Carlos Félix, professor de judô do Marista, que lamentou a morte do amigo da delegação baiana.
Pais e Estados dividem o ônus com o Comitê
O COB informou em seu site oficial que, de acordo com o artigo 6 do Regulamento Geral da competição, as despesas com o transporte das equipes até as cidades-sede das Olimpíadas Escolares é dividida em partes iguais – 50% – com os Estados. No Rio Grande do Norte, escolas e “paitrocinadores” recebem o ônus do Estado, que não disponibilizam de verba para tanto.
Para o deslocamento das equipes até Brasília, assim como para o retorno aos estados de origem, no caso da primeira etapa das Olimpíadas – para a faixa etária dos 15 aos 17 anos – foram utilizados 70 ônibus para transportar 2.600 pessoas, entre atletas, técnicos e chefes de equipe.
Para as Olimpíadas na faixa etária dos 12 aos 14 anos, o RN vai enviar à Poço de Caldas/MG, 132 pessoas, entre atletas, professores e mais quatro dirigentes.
Contemporâneo leva a maior delegação
Mal tiveram tempo de comemorar o tricampeonato dos 36º Jern’s, os atletas do Colégio Contemporâneo já estão de malas prontas para participar, entre 17 e 26 de novembro próximo, da segunda fase das Olimpíadas Escolares – JEB’s 2006, que serão realizadas em Poços de Caldas (MG), com alunos de 12 a 14 anos.
A escola está levando a maior delegação de técnicos e atletas do Estado: quatro técnicos e 15 atletas que irão participar de quatro modalidades – Natação, Vôlei, Tênis de mesa e Xadrez.
Segundo o coordenador de esporte do colégio, Emerson Macedo “nós estamos com ótimos atletas’’. A escola comemora o tri-campeonato do Jern’s, competição que participou com 708 atletas, em 29 modalidades.
O Tênis de Mesa fez sua estréia na primeira fase das Olimpíadas Escolares (categoria de 15 a 17 anos), realizada no Distrito Federal, aumentando para nove o número de modalidades esportivas, composto ainda por Futsal, Vôlei, Basquete, Handebol, Xadrez, Natação, atletismo e judô.
