Everaldo Lopes – Repórter e Pesquisador
O árbitro pode até cometer vários erros comuns de interpretação numa única partida de futebol, e escapar de qualquer punição do órgão que controla a arbitragem. Entretanto, uma falha na elaboração da súmula tem tudo pra lhe custar bastante caro. Foi exatamente o que aconteceu com o atual presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol do RN, ex-árbitro do quadro nacional da Cobraf, Wilson da Conceição Araújo. O fato aconteceu em Campina Grande, era o mês de dezembro de 1989, Conceição de Araújo tinha apitado o jogo Treze/PB x Santa Cruz/PE valendo a Divisão Especial do Campeonato Brasileiro daquele ano No gramado, tudo correu certinho, uma boa arbitragem do potiguar Wilson da Conceição, um árbitro novo mas que vinha apitando alguns jogos principais do Campeonato do RN desde 1982, fazendo parte do grupo onde trabalhavam também César Virgílio Pereira, Jáder Correia, Luiz Meireles, Aldemir Cândido, Níldeme Antunes, Barros Neto, Nelson Luzia, Welllington Ramos, Antônio Lira, Guaracy Picado, Anecildo Batista, Reinaldo Gomes, Múcio Trindade, Jackson Inácio, Agamenom Matos, entre outros.
Enviada a súmula de Treze x Santa Cruz para a Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol, que era dirigida por Ivens Mendes, a partir desse momento teve início a via crucis de Conceição. É que ele mostrou cartão amarelo ao jogador do Treze de nome Hélio, porém na hora de preencher a súmula trocou o nome de Hélio por Hermes. Resultado, como Hermes estava “pendurado” com dois amarelos, com o terceiro citado por Conceição da súmula, passou a somar três e, nesse caso, não teria condições de voltar a enfrentar o Campinense no jogo de volta. Só, que, inocente, Hermes nada transmitiu para o seu clube. Claro, a bomba estourou. Ao tomar conhecimento do grave cochilo, Wilson entrou em contato com a Cobraf e comunicou seu erro. Era tarde, Ivens Mendes não perdoou a falha do seu subalterno, e o eliminou do quadro nacional. O que mais doeu em Wilson da Conceição, sempre considerado um dos melhores árbitros da FNF, apitando inclusive duas decisões de Estaduais ABC x América em 92 e 95, é que no despacho que o eliminando , Mendes colocou a palavra incompetente, quando ficou patente que aconteceu apenas um cochilo do árbitro, até pela semelhança dos nomes Hélio e Hermes. Não satisfeito com a eliminação do árbitro potiguar, o todo poderoso presidente da antiga Cobraf ainda mandou abrir inquérito para apurar as conseqüências do equívoco de Conceição, já que houve muita confusão quando se noticiou que o jogador Hermes havia sido escalado mesmo com três cartões amarelos. Na verdade, o cartão era pra ser debitado a seu colega Hélio.
Wilson da Conceição hoje faz excelente trabalho na Comissão de Arbitragem de Futebol na FNF, mas sem esquecer do vexame que causou por conta de um simples cochilo, mas que lhe causou grande frustração no já bem distante 1989.
