Luiz Henrique gomes
Repórter
O pior momento da pandemia de coronavírus no Rio Grande do Norte pode acontecer entre o final de abril e 15 de maio, projeta o secretário de saúde Cipriano Maia. Esse pico pode colapsar a rede hospitalar com a falta de leitos em hospitais privados e públicos, mesmo com expansão de leitos. A projeção considera a situação atual da pandemia no estado, que tem 212 casos confirmados, e as medidas de contenção social em vigor.

Secretários de Estado esclareceram medidas que estão sendo tomadas para enfrentar pandemia
Essa curva pode se alterar se as medidas de contenção forem radicalizadas. O melhor cenário é que o pico seja em junho e o pior por volta do dia 20 de abril.
O Estado não divulgou o número de casos confirmados estimados durante o pico. Entretanto, a projeção do número de mortes divulgada na sexta-feira, 3, é de 300 nos próximos 30 dias, afirmou o secretário-adjunto da Saúde, Petrônio Spinelli.
Para tentar evitar o colapso da rede, o secretário Cipriano Maia estima uma expansão de 600 leitos intensivos e semi-intensivos, entre hospitais particulares, estaduais, municipais e de campanha, nos próximos 45 dias. “Já trabalhamos com um número lotado de pessoas nas UTIs e essa expansão é para dar suporte durante o pico”, afirmou Maia.
Esses 600 leitos dependem, no entanto, da disponibilidade de equipamentos para montar UTIs, como os respiradores. A demanda pelos equipamentos está alta em todo mundo é o temor é que não haja suficientes daqui a 45 dias. “Nosso maior gargalo é a falta de respiradores hoje”, completou o secretário.
Outra dificuldade do Estado para a expansão de leitos é a pressão contra o hospital de campanha pensado para ser instalado na Arena das Dunas. O Sindicato dos Médicos do RN chegou a entrar na Justiça com uma ação pedindo a suspensão do edital de contratação de instituições para operar o hospital, aberto na quarta-feira, 1, mas a ação foi negada.
Cipriano Maia voltou a defender a abertura do Hospital, na Arena das Dunas. “Precisamos de todos os esforços e trabalhamos em varias frentes pra expandir o número de leitos, se não vamos chegar em uma situação crítica”, disse. O hospital vai contar 53 leitos de UTI, 46 de retaguarda clínica e 2 de isolamento.
Hospitais estaduais também estão com 170 leitos intensivos e semi-intensivos planejados para estarem prontos daqui a 40 dias para atender pacientes de coronavírus. Atualmente, há 36 instalados e em funcionamento.
Além desses, municípios e redes particulares também expandem seus leitos para a epidemia.
Nas projeções de epidemias, os picos são os momentos em que o número de novos casos da doença alcançam o máximo. Após esse período, há uma tendência de o número registrado por dia baixar. “Nos cálculos que temos esse tempo de curva mais alta é variável”, concluiu Maia.
Justiça nega liminar
A Justiça do Estado recusou a ação do Sindicato dos Médicos para suspender o edital de campanha da Arena das Dunas. A justificativa foi falta de “legitimidade institucional” é a “urgência do momento”.
A procuradora do Estado Ana Carolina Araújo afirmou neste sábado, 4, que o Sinmed “extrapolou os limites que pode atuar”. “O Sinmed não pode agir fora dos interesses da categoria, e foi o que fizeram. Esse momento de urgência também requer uma celeridade nos processos”.
O sindicato havia pedido a suspensão do edital com o argumento de que o Estado não estaria priorizando a expansão dos leitos nos hospitais existentes. Outra crítica ao hospital de campanha foi o preço do edital, de R$ 37 milhões para estruturação e operação durante seis meses.
Cipriano Maia voltou a defender que o Estado atua em mais de uma frente e disse que o preço da licitação segue um momento de urgência. “Esse custo vai englobar a estruturação, compra de equipamentos e operação durante seis meses”, disse.
Licitação
O Estado cogita dispensar licitação do hospital de campanha da Arena das Dunas se o processo der deserto nesta segunda-feira, 6. A abertura foi na última quarta-feira, 1, com prazo de fechamento na sexta, mas a Secretaria da Saúde decidiu estender o prazo.
A mudança foi para “empresas terem mais tempo de se preparar e se adequar para a proposta”, defendeu Cipriano Maia. Entretanto, ele disse que se o processo for deserto “o Estado não vai poupar nenhuma medida legal para expandir os leitos”. “A dispensa de licitação é sim uma das medidas estudadas caso isso ocorra”, afirmou.
A escolha pelo processo de licitação foi para “tornar o processo mais transparente”, não restringir para empresas interessadas e ter mais opções de custos, argumentou o secretário. “Com a licitação todas as empresas que se interessarem participam e isso da mais opção para a gente analisar o melhor custo-benefício.”