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Com juros pesados, cartão vira vilão

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Andrielle Mendes – Repórter

Sete em cada dez brasileiros endividados consultados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) em outubro admitiram que têm dívidas no cartão de crédito. Em Natal, mais da metade (24,8%) dos endividados (43,3%) apontam o cartão de crédito como causa do seu endividamento, segundo pesquisa realizada este mês pelo Serviço de Proteção ao Crédito do RN.
Um levantamento realizado no banco de dados do Banco Central ajuda a explicar porque o total de pessoas com dívidas no cartão chega a ser até quatro vezes maior que o total de brasileiros com dívidas no carnê – segunda maior causa de endividamento – no país.

Apesar de ter as taxas de juros mais altas do mercado, o rotativo do cartão de crédito – quando se paga o mínimo e financia o restante da dívida no cartão – foi a segunda ‘modalidade de crédito’ mais usada pelos brasileiros em setembro desse ano, dado mais recente fornecido. O rotativo só ficou atrás do cheque especial, em termos de valor emprestado através de novas operações.
A preferência pelo cartão de crédito é uma das razões para a taxa de inadimplência no Rio Grande do Norte entre janeiro e outubro desse ano ter atingido 17,4%, a maior para o período desde 2010, diz o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal e diretor do SPC no estado, Augusto Vaz. “O rotativo do cartão é um trampolim para a inadimplência”, observa Vaz.
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A explicação por trás da preferência dos brasileiros, apesar das altas taxas de juros, está na facilidade com a qual se ‘acessa’ essa modalidade de crédito, diz Vinício de Souza e Almeida, doutor em Finanças pela Coppead/UFRJ, professor adjunto no Departamento de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e coordenador do programa de especialização em mercado de capitais da universidade. “A concessão é menos restritiva”.

Toda essa facilidade, no entanto, tem um preço. Enquanto as taxas de juros de um empréstimo consignado (modalidade com taxas mais baixas) giram em torno de 2% ao mês, as do cartão de crédito podem ultrapassar 14% ao mês.

Uma ferramenta recém-lançada pelo Banco Central mostra quanto ‘pesa’ pagar o mínimo do cartão de crédito. Segundo a Calculadora do Cidadão, disponível no site do BC, uma dívida contraída no cartão chega a mais do que dobrar em poucos meses, tornando-se muito maior do que se tivesse sido contraída através do cheque especial, crédito pessoal ou consignado, com taxas de juros menores.

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