Os três formaram o setor titular do meio-campo alviverde na vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, na Argentina, na partida de ida da semifinal. As atuações deles arrancaram elogios até da imprensa argentina. O trio foi captado pelos olheiros do Palmeiras para a base, sendo desenvolvidos pelo clube e somente em 2020 ganhou a chance de atuar pelo time profissional. “O jogo de ontem nos fez lembrar a final do Paulista sub-20 de 2019, onde o meio de campo foi formado pelos três que começaram como titulares”, disse ao Estadão o técnico do sub-20 do Palmeiras, Wesley Carvalho.
A rapidez com que o sucesso chegou enche de orgulho quem acompanha o volante Danilo, de 19 anos. O garoto criado na periferia de Salvador foi descoberto pelo Palmeiras enquanto disputava o Campeonato Baiano da Segunda Divisão. Autor de uma assistência no jogo contra o River, o garoto iniciou no futebol em um projeto social e era um dos melhores goleiros do time.
“Se o Abel Ferreira precisar colocar o Danilo no gol, coitado do Weverton”, brincou o técnico Adenilson Freitas, primeiro treinador de Danilo. O volante palmeirense alternava de posição durante a adolescência, mas mesmo após se fixar no meio-campo passou por uma decepção imensa. A dispensa do Bahia, aos 14 anos, fez o menino pensar em abandonar de vez o futebol.
“Eu não deixei que ele desistisse. Ele sempre foi um talento e é capaz de jogar contra o River como se estivesse jogando aqui no nosso campinho”, disse o técnico. Antes da partida na Argentina, o treinador e o palmeirense fizeram uma chamada de vídeo. Os dois ainda se falam com frequência principalmente porque agora é a vez de o irmão mais novo de Danilo, Johnata, de nove anos, ser aluno do projeto social.
Outra “cria da Academia” vinda da periferia foi Patrick de Paula, de 21 anos. O jogador iniciou no futebol em um time chamado Cara Virada, no bairro de Santa Margarida, no Rio. A participação em campeonatos amadores entre times de periferia fez o Palmeiras perceber o talento dele há três anos. O clube fez uma proposta e conseguiu levar o garoto para São Paulo.
No Cara Virada, Patrick de Paula foi treinado desde os 13 anos pelo técnico Carlos Felipe. Uma grande qualidade do futuro palmeirense já era evidente desde o início. “Ele tinha fama de ‘marrento’, mas na verdade sempre foi muito autoconfiante e de grande personalidade. Gostava de assumir a responsabilidade em momentos importantes”, contou. Nos últimos anos ele tem feito o mesmo.
Em 2020 Patrick fez questão de bater o último pênalti na final contra o Corinthians pelo Campeonato Paulista. Um chute forte e no ângulo. Anos antes, ele já tinha feito o mesmo pela base. “Lembro-me que na Copa RS de 2018 fomos para os pênaltis com o São Paulo na final. Ele me disse: ‘Deixa o último comigo!’. Fez o gol e acabamos conquistando um título inédito para o clube”, contou o técnico do sub-20 do clube, Wesley Carvalho.
Do trio, Gabriel Menino é quem tem conquistado mais prestígio. O jogador de 20 anos foi até convocado pelo técnico Tite para defender a seleção brasileira. Após se destacar na base do Guarani, ele recusou a primeira investida do Palmeiras. Porém, o clube insistiu e depois da segunda proposta, Gabriel se juntou à equipe.