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Combatendo o mau hálito

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Isaac Ribeiro – Repórter

Não há nada mais constrangedor do que comunicar a alguém o fato dele ter mau hálito — seja irmão, amigo do peito, namorada, namorado, marido ou esposa. O problema é um verdadeiro tabu. Aqueles que sabem possuir o problema geralmente são pessoas acanhadas e inseguras, não muito afeitas ao contato social. Embora quase sempre relacionada à falta de higiene bucal, a halitose (nome científico) pode ter várias origens e até mesmo ser o sinal de uma doença séria.
A dentista Maria Cecília integra o Centro de Tratamento da Halitose
Segundo a Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO), cerca de 40% da população brasileira apresenta halitose crônica.

O odor desagradável no ar expelido pelo pulmão através da boca e das narinas pode estar relacionado a problemas estomacais, renais, hepáticos, nutricionais, constipação, uso de medicamentos controlados e ansiolíticos, uso de álcool, tabaco e  outras drogas.

Muitas vezes, quem tem mau hálito não percebe; fica sabendo por outras pessoas. (Quase sempre de forma constrangedora…). A halitose interfere nas relações interpessoais, afeta a auto-estima, gera insegurança, depressão, exclusão social, timidez, ansiedade, dificuldade de ter uma relação amorosa ou pivô de final de relacionamentos e ainda afetar o desempenho profissional.

E não adianta pastilha, chicletes e anti-sépitico bucal…

Mas mau-hálito tem cura. Mesmo sendo um problema antigo — inclusive com citações na Bíblia — o interesse da ciência pelo assunto é relativamente recente, a partir do século passado.

Convivendo constantemente com o problema em seus consultórios, médicos de diversas áreas resolveram se unir e criar, em Natal, em agosto do ano passado, o Centro de Tratamento da Halitose. Na verdade, uma ação conjunta de especialistas que detectam, diagnosticam e tratam os pacientes portadores do hálito ruim.

Em uma primeira consulta, aparelhos sofisticados fazem análise da saliva dos pacientes, identificando a origem do problema. Uma vez identificada, a pessoa é encaminhada para o médico da área específica. O tratamento dura em média seis meses.

Grupos de médicos tratam problemas de mau hálito

Natal conta hoje com um grupo de profissionais da área de saúde, em várias especialidades, preocupados em tratar um problema que afeta muitas pessoas e constrange outras tantas: a halitose, popularmente conhecida como mau hálito. São gastroenterologistas, nutricionistas, dentistas, farmacêuticos, psicólogos, enfermeiros, proctologistas, otorrinolaringologistas. Juntos eles fundaram o Centro de Tratamento da Halitose, em funcionamento desde agosto do ano passado.

O principal objetivo do Centro é oferecer diagnóstico e tratamento a quem sofre desse mal e não sabia a quem recorrer, com avaliação contínua feita pelos médicos já citados, e grandes chances de cura.

Para identificar a origem do problema, são feitos alguns exames, com equipamentos sofisticados e precisos. O principal deles é o Oral Chroma, capaz de classificar de onde vem e qual o tipo de  gás está sendo exalado pelo paciente. Feito isso, encaminha-se a pessoa para o médico responsável pela área relacionada.

Segundo a enfermeira Fernanda Xavier, integrante do grupo, muitos dos pacientes atendidos são pessoas influentes na cidade, comerciantes, professores e até mesmo profissionais da área de saúde. “Tem uma paciente nossa que é um bom exemplo. Ela tinha uma empresa, e a abandonou, ficou reclusa dentro de casa, por causa da halitose; o marido a deixou e ela associava isso tudo ao problema. Ela hoje é uma pessoa totalmente diferente”, conta Fernanda.

A enfermeira classifica a procura pelo serviço como “razoável” e atribui isso à falta de divulgação do serviço. De acordo com ela, a primeira consulta pode ser realizada por convênio médico, mas o tratamento propriamente dito fica em torno de R$1 mil, feito de forma particular.

O tratamento da halitose pode durar até seis meses, mas depende muito da colaboração do paciente, como informa a dentista Maria Cecília Azevedo de Aguiar, também membro do grupo multiprofissional. “Passamos várias orientações, da parte de saúde geral, da parte odontológica, da parte nutricional. Muita gente tem que mudar a alimentação, mudar hábitos de vida. E depende também do desejo da pessoa de melhorar.”

Segunda Maria Cecília, tem pessoas que começam o tratamento e com uma semana, dez, quinze dias já estão com uma melhora considerável, e que com três meses recebe alta. Algumas têm dificuldade de por em prática essas orientações, incorporar na rotina. 

Um estudo realizado na Europa constatou que cerca de 87% dos casos de mau hálito têm origem na boca. Os outros 13% que sobram seriam de todo o resto do corpo. Mas a halitose tem causas multifatoriais. Segundo Cecília, idosos e pessoas com problemas renais, hepáticos, diabéticos e quem toma medicamentos para pressão alta, ansiedade, insônia tendem a ter o hálito alterado. “Há uma questão que considero muito importante é o fato de a halitose puder sinalizar  algum problema de saúde. A halitose em si não é doença, mas ela indica que tem algo errado no corpo da pessoa. Tem problemas de saúde que são facilmente curáveis, tratáveis ou controláveis, mas tem, por exemplo, casos de  pessoas que estão com um câncer, uma coisa potencialmente maligna e que se manifesta inicialmente através do mau hálito”, comenta a dentista.

Hálitos e/ou mau hálito

40% da população brasileira tem mau hálito, segundo a Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO)

87% dos casos de halitose têm origem bucal

2% são de origem respiratória

1% está relacionado ao estômago

US$1,3 bilhões foram gastos nos EUA, em 2002, com enxaguatórios bucais e pastilhas de menta

Dicas para evitar o mau hálito

> Usar fio dental e escovar bem os dentes, de forma correta, limpando também a língua, sempre após as refeições.

> Consultar o dentista regularmente.

> Ter uma dieta balanceada, rica em frutas, legumes e verduras, e evitar comer entre as principais refeições.

> Beber no mínimo dois litros de água diariamente.

> Evitar e controlar o estresse.

> Evitar comidas gordurosas em excesso, não fumar, não comer frituras.

O que provoca o mau hálito

> Alterações gastrointestinais (intestino preso, diarréia, refluxo)

> Doenças sistêmicas: alterações renais, hepáticas, diabetes

> Jejum prolongado

> Dietas ricas em proteínas e lipídeos, inadequadas e excessivas

> Dietas ricas em compostos voláteis, como alho e cebola

> Dieta para emagrecer ou com restrição de carboidratos

> Uso de medicamentos que alteração a salivação (antidepressivos, ansiolíticos, antidepressivos, antialérgicos, moderadores de apetite, laxantes)

> Radioterapia em região da cabeça e pescoço

> Má higiene bucal (placa bacteriana, restos alimentares, saburra lingual)

> Alterações na qualidade da saliva (na viscosidade e pH)

> Alterações na quantidade de saliva (hipossalivação, boca seca ou xerostomia)

> Problemas odontológicos: cárie, gengivite, doença periodontal, processos infecciosos, próteses mal adaptadas e mal polidas, restaurações defeituosas, feridas)

>Mastigação deficiente (devido a: falta de dentes, próteses inadequadas, questão de hábito)

>Bruxismo (ranger de dentes)

Curiosidades:

Citações sobre halitose na Bíblia:

“O meu hálito é intolerável à minha mulher. Sou repugnante a meus próprios amigos” (Jó 19:17)

Na Roma Antiga:

“O hálito de minha esposa tem um cheiro horrível, melhor seria beijar um sapo” (Titus Marcius Plautus, dramaturgo romano, 184 a.C)

SERVIÇO:
Informações:
GastroProcto Hospital Dia
R. Apodi, 596 – Natal – RN, 59020-130. Tel.: 84-3611 0102‎ / 84-3611 1516
Site: www.gastroprocto.com.br

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