Cassiano Arruda
O Brasil envolveu-se tanto na guerra contra um inimigo comum, a CORRUPÇÃO, nos últimos cinco anos, que depois de tantas vitórias sobre quem nunca havia sido tão fragorosamente derrotado, e dos novos heróis nacionais surgidos terem perdido o apoio unânime da sociedade quando expostos a vazamentos contra si, do jeito que conquistaram suas maiores vitórias, o país não está conseguindo virar a chave, diante de outro inimigo – no mínimo de igual porte – agravado por crimes de morte, tráfico de drogas, sequestro e diferentes formas de violência.
Evidentemente que a corrupção não acabou no Brasil. Nem acabará nunca. Mas, o saldo desses cinco anos de combate travados, algumas vezes com robustas suspeitas também das forças oficiais terem sido reforçadas pela prática de jogo proibido, como vem sendo denunciado pelo site The Intercept Brasil.
A expansão nacional do PCC (Primeiro Comando da Capital) teve impulso nos últimos quatro anos, quando autoridades estimam que o grupo conseguiu batizar cerca de 18 mil novos membros, sendo 3.000 em cidades paulistas e outros 15 mil nos outros estados. Neste outro mapa, é possível ver a influência do PCC em cada estado brasileiro.
Fundado em 31 de agosto de 1993, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 km da capital paulista), o PCC tinha como inspiração o lema “Paz, Justiça e Liberdade”. As palavras de ordem são originalmente do Comando Vermelho, grupo criminoso do Rio de Janeiro, nascido no final dos anos 1970, ainda durante a ditadura militar. As duas facções eram aliadas até o segundo semestre de 2016, quando entraram em confronto definitivo por, entre outros motivos, disputarem batismos de criminosos em presídios.
Um terceiro fator foi o surgimento de facções estaduais inspiradas, sobretudo, no exemplo do PCC, mesmo aquelas que foram criadas para se opor ao grupo paulista, a exemplo da Okaida, na Paraíba, e do Sindicato do Crime, no Rio Grande do Norte
O então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que será criada uma Comissão Nacional de Inteligência e Operações contra o crime organizado. “Hoje o sistema penitenciário brasileiro, que já é o terceiro maior do mundo, está sob o controle das facções e grupos criminosos”, disse Jungmann à Agência Brasil.
Sérgio Moro, apresentou em Brasília um programa de ação resumido num projeto de lei anticrime buscando mais efetividade no combate a três frentes principais:
1- corrupção;
2 – crime organizado;
3 – crimes violentos.
Para o Ministro da Justiça esses eixos devem ser tratados no mesmo pacote porque “os três problemas estão vinculados; não adianta tratar de um sem cuidar dos demais”.
“O crime organizado utiliza a corrupção para ganhar impunidade. Por outro lado, o crime organizado está vinculado a boa parte dos homicídios do país”, disse Moro.
“Um grande porcentual de homicídios está vinculado às disputas do tráfico e às dívidas do tráfico, usuários que não conseguem pagar a sua dependência acabam sendo cobrados por essas organizações.”
Em vez de confrontos espetaculosos, a guerra começou com a distribuição dos chefes do bando paulista pelos presídios federais, o que pode justificar uma trégua com o Comando Vermelho que pode ter como primeira consequência a redução nas estatísticas do crime no Brasil. Mas, esta não é uma guerra de papel.
Registre-se que, sem nenhuma daquelas Operações que fazem a alegria dos repórteres de TV, essa providência tão discreta, o simples remanejamento de um apenado, pode ter efeitos espetaculares. Continuamos em guerra, contra um inimigo tem dinheiro, organização, armas e muitos combatentes.