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Combatentes chegam cansados para entrar numa nova guerra

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Cassiano Arruda

O Brasil envolveu-se tanto na guerra contra um inimigo comum, a CORRUPÇÃO,  nos últimos cinco anos, que depois de tantas vitórias sobre quem nunca havia sido tão fragorosamente derrotado, e dos novos heróis nacionais surgidos terem perdido o apoio unânime da sociedade quando expostos a vazamentos contra si, do jeito que conquistaram suas maiores vitórias, o país não está conseguindo virar a chave, diante de outro inimigo – no mínimo de igual porte – agravado por crimes de morte, tráfico de drogas, sequestro e diferentes formas de violência.

Evidentemente que a corrupção não acabou no Brasil. Nem acabará nunca. Mas, o saldo desses cinco anos de combate travados, algumas vezes com robustas suspeitas também das forças oficiais terem sido reforçadas pela prática de jogo proibido, como vem sendo denunciado pelo site The Intercept Brasil.

Mesmo assim, o saldo é positivo, uma vez que a corrupção institucionalizada e endêmica parece ter sido contida, sem falar na condenação de inúmeros empreiteiros, que controlavam, praticamente, todas as encomendas governamentais, além de executivos governamentais e políticos. A soma de tudo isso mudou o panorama nacional.
Inimigo mais forte
Enquanto isso, o outro inimigo se fortalecia. Um movimento surgido no sistema prisional em São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto a elite investigativa estava toda mobilizada no Lava Jato, o crime organizado foi se organizando ainda mais, até ganhar outros mercados, até firmar-se na condição de organização nacional, começando por atrair simpatizantes na rede carcerária, enquanto ia sendo criada uma rede de proteção fora dos presídios, com a incorporação de alguns negócios lícitos I(principalmente no comércio),  que forneciam fachada limpa e justificativa para a movimentação de altas somas.

A expansão nacional do PCC (Primeiro Comando da Capital) teve impulso nos últimos quatro anos, quando autoridades estimam que o grupo conseguiu batizar cerca de 18 mil novos membros, sendo 3.000 em cidades paulistas e outros 15 mil nos outros estados. Neste outro mapa, é possível ver a influência do PCC em cada estado brasileiro.

Fundado em 31 de agosto de 1993, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 km da capital paulista), o PCC tinha como inspiração o lema “Paz, Justiça e Liberdade”. As palavras de ordem são originalmente do Comando Vermelho, grupo criminoso do Rio de Janeiro, nascido no final dos anos 1970, ainda durante a ditadura militar. As duas facções eram aliadas até o segundo semestre de 2016, quando entraram em confronto definitivo por, entre outros motivos, disputarem batismos de criminosos em presídios.

Facções e falanges
Além do projeto de expansão da facção paulista, os pesquisadores identificam outros três fatores que influenciaram o processo de surgimento desses grupos criminosos, a partir do começo dos anos 2000. Os dois primeiros são a migração de especialistas de roubos a bancos para outros estados do país e a abertura de franquias do Comando Vermelho.

Um terceiro fator foi o surgimento de facções estaduais inspiradas, sobretudo, no exemplo do PCC, mesmo aquelas que foram criadas para se opor ao grupo paulista, a exemplo da Okaida, na Paraíba, e do Sindicato do Crime, no Rio Grande do Norte

O então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que será criada uma Comissão Nacional de Inteligência e Operações contra o crime organizado. “Hoje o sistema penitenciário brasileiro, que já é o terceiro maior do mundo, está sob o controle das facções e grupos criminosos”, disse Jungmann à Agência Brasil.

Pronto para nova guerra
O presidente Jair Bolsonaro começou seu Governo, atraindo para o seu ministério, o principal personagem do Lava Jato, Sérgio Moro, que pediu demissão do cargo de Juiz Federal para ser Ministro da Justiça do Novo Governo, tendo como principal missão enfrentar o Crime Organizado e manter o antigo inimigo sitiado. Na época foi dito que ele teria carta branca para convocar quem quisesse para auxilia-lo, o que não vem sendo repetido nos últimos dias.

Sérgio Moro, apresentou em Brasília um programa de ação resumido num projeto de lei anticrime buscando mais efetividade no combate a três frentes principais:

1- corrupção;

2 – crime organizado;

3 – crimes violentos.

Para o Ministro da Justiça esses eixos devem ser tratados no mesmo pacote porque “os três problemas estão vinculados; não adianta tratar de um sem cuidar dos demais”.

“O crime organizado utiliza a corrupção para ganhar impunidade. Por outro lado, o crime organizado está vinculado a boa parte dos homicídios do país”, disse Moro.

 “Um grande porcentual de homicídios está vinculado às disputas do tráfico e às dívidas do tráfico, usuários que não conseguem pagar a sua dependência acabam sendo cobrados por essas organizações.”

Em vez de confrontos espetaculosos, a guerra começou com a distribuição dos chefes do bando paulista pelos presídios federais, o que pode justificar uma trégua com o Comando Vermelho que pode ter como primeira consequência a redução nas estatísticas do crime no Brasil. Mas, esta não é uma guerra de papel.

Registre-se que, sem nenhuma daquelas Operações que fazem a alegria dos repórteres de TV, essa providência tão discreta, o simples remanejamento de um apenado, pode ter efeitos espetaculares. Continuamos em guerra,  contra um inimigo tem dinheiro, organização, armas e muitos combatentes.

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