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“Comércio justo” chega ao RN

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SUSTENTABILIDADE - Débora Creutzberg destacou o amplo mercado que os produtos orgânicos têm na Europa

Valdir Julião – Enviado a Mossoró

A política do “comércio justo e solidário” pode ser a saída para os pequenos produtores de melão da região de Mossoró, que sofrem a concorrência até mesmo dos grandes produtores e ainda têm de se submeter aos preços estabelecidos pelos atravessadores, que pode chegar a R$ 0,10 o fruto.

Com o apoio do Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae RN), um grupo de oito agricultores familiares estão aguardando uma certificação de seus produtos para começarem a exportar para a Inglaterra, a partir dessa modalidade de comércio para frutos “ecologicamente corretos”.

“A tendência de consumo é por alimentos orgânicos”, informou ontem a diretora de Feiras da Câmara do Comércio Brasil/Alemanha, Débora Creutzberg, durante uma reunião de trabalho com os produtores na Expofruit, a Feira Internacional de Frutas Tropicais realizada em Mossoró na semana passada e onde foi realizado o 1? Seminário sobre Comércio Justo.

Segundo ela, desde que não haja “um aumento considerável de preços”, quatro ou cinco vezes acima do preço de mercado para o fruto produzido de forma convencional, existe muita chance dessas frutas obterem preços justos no mercado europeu, onde o consumo também está em alta na Alemanha.

O presidente do Comitê Fitossanitário (Coex), Francisco Segundo de Paula, disse que os produtores de frutas “também já fizeram o que tinham de fazer”, com relação ao atendimento ao mercado de sete dos 27 países europeus: “Nós temos potencial para crescer, agora falta mais ação política”, disse ele, a respeito da necessidade das autoridades do governo brasileiro tentarem negociar junto aos países importadores de frutas tropicais uma redução ou fim da taxa de importação de 5,3% sobre o preço final dos produtos.

Segundo ela, por causa dessa taxa cobrada às importações de frutas brasileiras, o produtor de Mossoró vem perdendo competitividade para países da América Central, para quem não existe taxação nenhuma. “A taxa é zero”, reforçou ele, ao informar que 30% da produção de frutos vai para o Reino Unido, 25% para a Holanda, 20% para a Espanha e o restante para outros países, como França, Polônia e até Estados Unidos, que impõe uma taxação de 33% e só a reduz a zero em dezembro, “tempo muito reduzido” para realizar as exportações de seis variedades de melão, das quais o amarelo ou japonês, responsável por 50% das vendas.

Brasil

De acordo com um levantamento realizado pela – Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), em 2005, chamado de Atlas da Economia Solidária, foi identificado um total de 14.954 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) em 2.274 municípios do Brasil, o que corresponde a 41% dos municípios brasileiros. Constatou-se que 56% dos ESS vendem para o comércio local comunitário e 50% em mercados/comércios municipais. Apenas 7% alcançam o território nacional e 2% o mercado externo.

Os principais desafios enfrentados pelos EES são dificuldades na comercialização (61%), no acesso a crédito (49%) e no acompanhamento, apoio ou assistência técnica (27%).

Fair Trade é conhecido no mundo

De acordo com dados da Organizações Certificadora de Comércio Justo (FLO, em inglês), a certificação nesta modalidade está crescendo a taxas anuais acima de 20% nos últimos cinco anos, com um crescimento de 37% entre 2004 e 2005, chegando a um faturamento estimado no varejo em 1,142 bilhão de euros em 2005 nos 20 países membros.

Na ponta dos produtores, o Comércio Justo certificado beneficiou em 2005 aproximadamente um milhão de agricultores e trabalhadores em mais de 50 países. Em 2005 o número de organizações certificadas de produtores subiu 18%, de 432 no final de 2004 para 508. Todas as linhas de produtos cresceram, puxados pelo porta-estandarte café, com 70,9% nos EUA e 35% no Reino Unido. Na Áustria as bananas cresceram 46% e o açúcar na França impressionantes 125%. Os principais mercados hoje são os EUA, o Reino Unido, a Suíça, a França e a Alemanha.

A gama de produtos certificados pela FLO vai de café, chá, arroz, cacau, mel, açúcar e frutas frescas até produtos manufaturados tais como bolas de futebol e, desde o final de 2005, vestuário de algodão certificado.

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