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Comércio tem pior junho da década no mês da Copa

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Renata Moura e Valdir Julião
Editora e repórter

Inflação alta, crédito mais caro e greve dos rodoviários levaram o comércio do Rio Grande do Norte a amargar em 2014 o pior mês de junho para as vendas, em 10 anos. O crescimento foi de 1,7%, sem considerar os segmentos de veículos e materiais de construção.  Se incluídas essas duas atividades na conta, o resultado é ainda mais fraco: uma queda de 1,9%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio: Cenário preocupante
Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e refletem o ritmo das lojas no mês  da Copa do Mundo de futebol, quando Natal sediou quatro jogos e foi “invadida” por turistas. Em avaliação enviada por e-mail, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio RN), Marcelo Queiroz, afirmou que o cenário é “preocupante”.

#SAIBAMAIS#“Junho é um mês de boas vendas para o comércio. Temos uma data forte, que é o Dia dos Namorados, e também o movimento típico das festas juninas. Mas, este ano, a combinação da abertura da Copa ter caído justamente no Dia dos Namorados, com esta greve absurda e sem precedentes dos Rodoviários, cobrou um preço alto do nosso setor”, disse ele. A greve dos rodoviários durou quase duas semanas causando, na avaliação da Fecomércio, “prejuízos bem maiores que os impactos positivos da Copa no comércio da cidade”.

Dentre os quatros estados da região Nordeste cujas capitais sediaram jogos no mundial, o RN  obteve o menor crescimento nas vendas em  junho – sem considerar veículos e materiais de construção. O estado,  porém, ficou acima  da média do Brasil, que foi de 0,8%, em relação a junho do ano passado. A variação  potiguar ficou à frente, ainda, de outros sete estados que também tiveram jogos da Copa.

O chefe do IBGE no Estado, economista Aldemir Freire, analisou que uma série de fatores influenciou o desempenho do comércio potiguar. A greve dos motoristas de ônibus e o volume de chuvas acima da média estão entre eles. O funcionamento das lojas em horário diferenciado nos dias de jogos da Copa, em que as pessoas tiveram menos tempo para ir ao comércio, também pesou negativamente.

Segundo Freire, a pesquisa mostra, entretanto, “um processo de desaceleração das vendas que vem desde o ano passado”. Para ele, a Copa “não teve o efeito e nem deu para detectar que acelerou as  vendas”.

Semestre
O ritmo das vendas durante o semestre também caiu. De janeiro a junho do ano passado, o varejo ampliado teve uma variação de 9,3%. Neste ano, esse índice ficou em 3,2%. O estado só obteve resultado pior em 2009, quando o crescimento no volume de vendas não passou de 1,3%.

“É uma queda muito aguda (este ano)  e, pior, sem perspectivas reais de ser revertida a curto prazo. Nossa projeção de crescimento das vendas para este ano como um todo, que vínhamos posicionando entre 4,5% e 5,5%, já terá que ser revista, para baixo”, diz Marcelo Queiroz, da Fecomércio.

Segundo ele, faltam perspectivas reais de reversão do quadro em razão do atual cenário econômico nacional, que inclui inflação em alta (no teto da meta do Governo, que é de 6,5% ao ano), crédito mais caro (taxa média de juros ao consumidor acima dos 6% ao mês), inadimplência  (crescimento de 7,2% em julho) e previsão de crescimento mínimo para o PIB deste ano (alguns analistas já falam em menos de 0,8%).

“Todos estes fatores compõem um cenário preocupante. Os governos precisam agir, e urgentemente. E o caminho é investir no setor produtivo, repensar a nossa burocracia, promover as reformas constitucionais e apostar em projetos que gerem emprego e renda”, diz o presidente da Fecomércio RN.

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