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Comida de verdade na mochila

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Tádzio França
Repórter

O período escolar está prestes a recomeçar e uma lição costuma ser esquecida em muitas salas de aula: a importância da boa alimentação  entre a criançada. É na escola que crianças e adolescentes ficam mais expostos aos apelos dos salgadinhos, balas e refrigerantes, aquelas gulodices “ricas” em açúcar, gordura e sódio  que a médio prazo podem deixar seus efeitos – não muito bons – no organismo. Para evitar problemas futuros, pensar numa reeducação alimentar, com criatividade e sabor, é um aprendizado que envolve pais, educadores e, principalmente, as próprias crianças.

“Os alimentos processados e industrializados certamente constituem os grandes entraves de uma alimentação adequada na fase escolar”, afirma a nutricionista Camila Moreira. Ela ressalta que estes são produtos que contém um número considerável de aditivos e conservantes químicos, açúcares simples, alto teores de sódio, e possuem uma relação direta com o maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas a médio ou longo prazo.

Criatividade

A nutricionista acredita que o lanche ideal deve ser feito com “comida de verdade” – ou seja, o menos processada possível. É importante também que todos os grupos alimentares estejam presentes de alguma forma, através de frutas, carboidratos e proteínas. Criatividade e boas escolhas são capazes de quebrar a resistência dos pequenos a alguns itens. “As frutas regionais e da estação são uma ótima opção de lanche. Também é interessante utilizar alimentos fontes de carboidratos complexos e ricos em fibras”, diz.
Na volta às aulas, especialistas lembram a importância de oferecer alternativas menos processadas para o lanche de crianças e adolescentes
Na volta às aulas, especialistas lembram a importância de oferecer alternativas menos processadas

para o lanche de crianças e adolescentes

Camila também recomenda  preparações caseiras como bolinhos a base de batata e mandioca e pães a base de farinha de mandioca e aveia. Cookies caseiros feitos a base de aveia e cacau são sempre bem aceitos pelas crianças. Outra dica é variar a forma de apresentação das frutas, por exemplo, modificando os cortes de manga (cubinhos, tirinhas, redondos) ou usar as frutas em embalagens diferentes. “Estas alternativas são saborosas e ao mesmo tempo trazem atração ao paladar das crianças”, ressalta.

Os benefícios de uma lancheira saudavelmente harmonizada podem sim despertar o apetite. As frutas são ricas em fibras, vitaminas e minerais, que auxiliam no desenvolvimento da criança; o carboidrato está nos pães, barras de cereais e biscoitos (salgados ou integrais), e as proteínas estão nos queijos, iogurtes, leite e frios, substâncias que dão energia ao organismo e auxiliam na concentração e no desempenho escolar.

A reeducação alimentar deve ser feita em mão dupla, entre a casa e a escola, segundo a nutricionista. “São ações que devem se complementar. Os pais são grandes aliados neste processo. É um engano acreditar que as crianças vão aceitar alimentos saudáveis quando não vêem os pais se alimentando de forma saudável em casa”, diz. O trabalho deve ser discutido em na casa e na escola, sempre alinhando a realidade de cada família, entendendo suas particularidades e a necessidade de cada criança.

Alimentação saudável não é só questão de controle de peso e prevenção de doenças, pois também pode auxiliar num melhor rendimento escolar. “A alimentação adequada na fase escolar possui uma relação direta com um melhor desempenho das crianças. Ela pode influenciar desde o desenvolvimento cognitivo e processo de aprendizagem até questões relacionadas ao bem estar geral dos alunos. É importante que toda família se envolva neste processo para garantir ações cotidianas saudáveis na alimentação”, explica Camila.

Educação pela boca

A formação dos hábitos alimentares começam na infância,  daí a importância de prestar atenção no que se come em idade escolar. “Se já na fase escolar a criança é exposta a uma alimentação rica em massas e gorduras, com certeza levará esse hábito para sua vida adulta”, afirma a endocrinologista Tallita Carvalho Vieira. Ela alerta que a principal consequência o desenvolvimento da obesidade ainda em fase pediátrica. “A criança obesa ou com sobrepeso tem uma maior chance de ser um adulto obeso. A obesidade é uma doença crônica, assim como a hipertensão, o diabetes e as doenças cardiovasculares, que também podem vir como consequência”, diz.

A médica endocrinologista ressalta que os alimentos saudáveis nas quantidades corretas podem contribuir para o bom rendimento escolar. “O cardápio deve ser balanceado, com os nutrientes necessários para essa fase da criança, evitando assim doenças como anemia e desnutrição. Por outro lado, o excesso de açúcar também pode causar sonolência e indisposição, prejudicando em horários que devem ser destinados ao aprendizado”, explica. Ela enfatiza que quando a criança tem uma alimentação baseada apenas em produtos industrializados, e o consumo de frutas e verduras é escasso, os pais devem ficar alertas para o desenvolvimento da obesidade infantil.

Durante o período escolar os pais são os principais responsáveis pela alimentação da criança, portanto, cabe a eles acompanhar de perto o que estão ingerindo. “A dica é acompanhar o cardápio da escola durante o período letivo ou, de preferência, preparar a alimentação da criança em casa, optando por alimentos mais naturais, como frutas e sucos naturais, evitando os industrializados. Com certeza a alimentação realizada durante o período que a criança está na escola tem grande influência em sua saúde”, afirma.

Lição de casa

Dicas sobre como alimentar melhor as crianças também estão movimentando a literatura – o que tem tudo a ver com período de volta às aulas. Segunda a rede varejista Saraiva, entre os dez livros de gastronomia mais vendidos de 2018 estão dois dedicados à alimentação infantil. São eles “Comida de bebê – Uma introdução à comida de verdade” (Editora Senac), da chef Rita Lobo, e “Lancheira saudável” (Editora Alto Astral), de Tatiana de Vuono.  Este último, escrito por uma nutricionista especializada em alimentação infantil, traz receitas e reflexões sobre saúde, resaltando que o lanche é uma ótima oportunidade para consumir vitaminas e sais minerais. No livro, ela afirma que a melhor forma de estimular a boa alimentação é convidar os pequenos para participar de todas as etapas do preparo. São livros para aprender todas as lições.

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