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Como entender o Brasil

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Carlos Heitor Cony já disse está de saco de cheio. Houve um tempo, registrou em sua coluna de terça-feira na Folha, que dedicava duas horas por dia lendo quatro ou cinco jornais “para ficar por dentro e não ser atropelado pelos fatos”. Era obrigação determinada pelo ofício. Hoje a média baixou para meia hora-dia. Às vezes até menos, assegura, mas continua abrindo cinco jornais todos os dias. Com isso Cony quer mostrar o seu desinteresse pelo que vai acontecendo por este imenso pais à deriva: “nos últimos meses, sobretudo, é sacal enfrentar cinco, seis páginas compactas com o noticiário dos escândalos, suas minúcias, seus cronogramas, a repetição das mesmas caras, dos mesmos esquemas, variando apenas as cifras de cada canal de corrupção, com a descoberta diária de novos suspeitos e novos esquemas nacionais e internacionais, suas confluências e influências na vida nacional”.

E por aí vai Cony para afirmar, em seguida, que a leitura desses jornais “não dá para entusiasmar”. Aqui por estas ribeiras do Potengi conheço um fulano que gasta muito mais tempo do que Cony gastava no passado lendo as folhas do Rio e São Paulo. É o poeta Sanderson Negreiros. O dobro. Bote aí, no barato, quatro, cinco horas diárias. Além dos jornais de São Paulo e do Rio, tem os de Pernambuco, da Paraíba, todos os do Rio Grande do Norte, incluindo os de Mossoró (são cinco os jornais mossorenses!) que dão de capote nos de Natal e aqui e acolá, Virgílio Maia manda para ele os jornais do Ceará. Acrescente-se a tudo isso – e bote tempo para remar – as revistas semanais, mensais, trimestrais. Nem quero somar os programas de televisão que o poeta vaqueja todas as noites pelos canais afora avançando na madrugada cheia de mistérios de Petrópolis, isso depois de ter acompanhado, na parte da tarde, os debates no Senado e na Câmara. É impressionante. Toda essa incrível maratona olímpica do poeta tem um objetivo que ele persegue incansavelmente: Entender o Brasil, principalmente o Brasil de Lula. Imagino quando Sanderson dominar as veredas da Internet (já está recebendo as primeiras aulas) e bater nas teclas dos saites e dos blogs da vida! Vai ser um Deus nos acuda.

O complô dos bancos

Não sei se Sanderson Negreiros leu esta semana a coluna do Augusto Nunes, no JB. Foi a de domingo. Ele começa falando sobre os lucros estratosféricos dos bancos brasileiros fazendo uma ponte com o “complô das elites reacionárias”, um dos jargões preferidos do PT quando se refere à crise política. Vejamos alguns trechos:

– O complô das elites reacionárias, em aliança com partidos da oposição conservadora, está por trás da crise política que começou em maio e não tem prazo para terminar. Essa teoria bisonha, criada para explicar a confusão na gafieira freqüentada pelo PT e seus parceiros alugados, foi berrada pelo deputado José Dirceu ao despencar na planície. O presidente Lula repetiu-a em alguns improvisos. De vez em quando, é ressuscitada por militantes que espancam sem dó a realidade. O ministro Luiz Dulci, por exemplo, jura crer nessa sandice.”

Aí Augusto Nunes lembra que os bancos, que fazem a fina flor das elites reacionárias, “nunca lucraram tanto como no governo socialista e popular do presidente Lula da Silva” E acrescenta que nem a oposição e nenhum golpista pense contar com a ajuda desses privados: “O Bradesco e o Itaú não têm um só motivo para queixar-se de Lula. Têm bilhões para festejar a Nova Era”. Ilustra a informação com os números do lucro líquido desses bancos:

– De janeiro a setembro o lucro líquido do Bradesco somou R$ somou 4,05 bilhões. O Itaú, segundo colocado no ranking, lucrou apenas R$ 3,82 bilhões.

“Os bancos – acrescenta Augusto Nunes – voam em céu de brigadeiro. Em relação ao mesmo período de 2004 o lucro líquido do Bradesco registrou um salto de 102%. E não há nuvens no horizonte: nos Três Poderes, sobram amigos concentrados na vigília que permite aos banqueiros o sono dos generais exauridos por sucessivas vitórias.”

E confira este petardo de A.N.:

– No Supremo Tribunal Federal, vela pelos bancos o onipresente Nelson Jobim. Em abril de 2002, o ministro gaúcho pediu tempo para examinar com mais atenção uma questão relevante: o Código de Defesa do Consumidor deve ou não ser aplicado às instituições bancárias? Dois ministros haviam votado a favor do povo quando Jobim foi assaltado pela incerteza. O processo parou.

– O julgamento estava previsto para outubro deste ano. O advogado e político Jobim não poderia reivindicar outra olhadela na papelada, sob pena de ser aposentado por amnésia seletiva. Então entrou em cena o presidente do STF: Jobim excluiu o processo da pauta de votações. O caso pode esperar alguns anos”.

Dá para entender o Brasil, Sanderson?

A vez do boi

O Sebrae e o Senar vão promover um simpósio sobre a Bovinocultura no Rio Grande do Norte, já incluída na programação da XV Semana de Zootecnica da UFRN. Será nos dias 22 e 23 no auditório do Sebrae. A Universidade Federal do Semi-árido, antiga Esam, também está no meio dessa história.

Procissão das crianças

Está na programação da Festa da Padroeira. Hoje, 17, tem a Procissão das Crianças, saindo às 8 horas da manhã da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, na praça André de Albuquerque, em direção à Catedral Metropolitana, na avenida Deodoro, onde haverá missa.

Pato manco

É da escritora e cientista política Lúcia Hippólito, autora do livro “Por dentro do governo Lula”, primeiro lugar na lista de Veja dos livros de não-ficção mais vendidos no Brasil, no seu comentário da CBN:

– Desde agosto, quando foi atingido pela primeira denúncia de seu assessor Rogério Buratti, o ministro da Fazenda Antonio Palocci transformou-se naquilo que se conhece em política como um pato manco. Politicamente, Palocci está com os dias contados.

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