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Como ficará o RN depois de muitas surras de voto

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Cassiano Arruda Câmara
Faltando 43 dias para terminar, o ano de 2020, que era definido como o ano que não aconteceu (visto do ponto de vista da Educação) amanheceu, ontem, como o ano que pode mudar tudo (sob a ótica política) no nosso Rio Grande do Norte.
Abertas as urnas e conhecidos os seus resultados (com um atraso de quase três horas em razão da opção do Tribunal Superior Eleitoral pelo excesso de burocracia) surge um novo RN que estará sendo redesenhado ao longo dessas sete semanas que faltam para o ano  oficial terminar; atualizando as situações nos dois maiores eleitorados, mesmo que a morte na política não seja definitiva.
Na terceira base do tripé, responsável pela sustentação da sociedade, que trata da economia ainda não dá para se ter um retrato da situação, embora os primeiros indicativos conhecidos ofereçam razões de otimismo na volta à normalidade, embora exista uma consciência de que a Pandemia, responsável por tantas mudanças, ainda não terminou.
TAMANHO DA MUDANÇA 
Imagine um retorno, na máquina do tempo, ao mês de janeiro, no imenso laboratório de aplicação política do RN, que funciona nos quilômetros de alpendres de casas de veraneio a beira mar, de Sagi até Tibau, e fosse dado ao prefeito Álvaro Dias, de Natal, o direito de escolher um quadro ideal para a eleição do último domingo e ele não teria a ousadia de imaginar uma vitória logo do primeiro turno. Além disso tendo mais votos do que outros doze candidatos. – O que terminou acontecendo na realidade.
A expectativa de Álvaro era chegar a um segundo turno para tentar viabilizar sua reeleição.
No meio do caminho apareceu a Pandemia do Coronavírus, e Álvaro tirou da gaveta o seu jaleco de médico e foi para a rua enfrentar o inimigo invisível e foi tomando as providência para garantir atendimento ao povo, que se sentiu atendido pela Prefeitura de Natal. Começando pela rápida instalação de um Hospital de Campanha, enquanto costurava apoios de partidos à sua candidatura, ao mesmo tempo em que 13 candidatos achavam que era fácil derrotá-lo.
Desunidos e mal informados os concorrentes se prepararam para bater no Prefeito e fazerem denuncias inconsistentes. Na eleição, um candidato desistiu, e Álvaro teve mais votos do que a soma da votação dos doze que ficaram.
MUDAR OU NÃO EIS A QUESTÃO
Álvaro Dias apresentou-se candidato colocando a sua administração em julgamento, estratégia que se transformou numa arapuca para seus concorrentes, criticando até o que ele fez certo. Foi o caso da “denúncia” de não haver termômetro na sala de entrada de doentes num hospital municipal. Como se houvesse a necessidade de instalação de uma barreira para impedir a entrada ali de doentes febris.
Resultado: Além dos quatro minutos, num total de dez, do seu próprio tempo na TV, ele praticamente dobrou sua presença entrando no tempo da concorrência… No fim de cada mensagem usando o mesmo fecho: – “O que é bom deve continuar”.
Na Câmara Municipal, para preservar os atuais vereadores, o presidente Paulinho Freire provocou verdadeira ocupação a duas legendas, com um terço dos atuais vereadores, prometendo a renovação dos mandatos de todos eles, sem ligar para qualquer tipo de ligação dos mutantes com o programa do seu novo partido.
No fim deu empate técnico: Quinze reeleitos; 14 novatos. Entre os não reeleitos, o veterano Luiz Almir, um campeão de votos..
A SURPRESA DE MOSSORÓ
No segundo maior eleitorado do Estado, em janeiro, Mossoró, não  se admitia outro resultado que não a tranquila vitória da prefeita  Rosalba Ciarlini, que, então, nem tinha adversário.
Foi quando apareceu o “Menino”, o “Coitadinho” – termos usados pela atual Prefeita menosprezando o deputado Allysson, num Debate na TV.  Allysson que tinha uma atuação discreta na Assembleia,   assumiu, no ato, o que foi dito contra ele, e o crescimento da sua campanha começou a aparecer, destacando suas origens humildes e a sua capacidade de vencer adversidades.
Abertas as urnas, o “Menino” teve uma maioria de 6.263 votos, numa cidade que tem, no passado, casos de maioria inferior a cem votos.
Este é um resultado que terá desdobramentos nas futuras arrumações políticas, além da redução da importância de um grupo de tradição que fica sem os instrumentos de poder que permitiram sua longevidade,
O “Menino” é o Deputado Estadual Allysson Bezerra, da legenda da Solidariedade. Tem 28 anos, é formado em Engenharia e viveu até os 12 anos na zona rural, trajetória que lhe deu uma expressiva votação agora. Com uma presença discreta na Assembleia Legislativa, não fazia nada que topasse uma candidatura que não fosse numa missão suicida.
QUANDO TODOS GANHAM
Até a eleição, o único nome lançado para o Governo do Estado em 2022, era o da governadora Fátima Bezerra, convivendo com o enorme desgaste do seu partido, o PT, que terminou lançando o nome do senador Jean Paul Prates para Prefeito; ele que nunca havia disputado uma eleição (Jean é suplente, que é puxado pelo titular). JPP foi o segundo mais votado para Prefeito, com 14.38% dos votos que era a média histórica do PT em Natal. Ou seja, cumpriu bem a missão partidária, ajudando a eleger uma bancada de três Vereadores. Fato que foi devidamente comemorado.
Outro que sonha com uma candidatura em 2022 é o senador Styverson Valentim que é donatário do partido PODEMOS no RN. Ele lançou um respeitado empresário a Prefeito de Natal, que obteve só 1.64% dos votos. O partido formou uma chapa de candidatos e Vereador, mas não alcançou o quociente eleitoral, não elegendo ninguém.
E Álvaro?  Diz que vai cumprir todo o seu mandato. Ele formou no partido da Assembleia, daqui, o PSDB, mudando de legenda armou-se para contar com uma nova força. No fim, fora Natal, o desempenho do partido foi abaixo do esperado, embora seu presidente Ezequiel Ferreira, seja outro nome que se credenciou para uma eleição majoritária. O Menino de Mossoró, pelo que é dito, vai priorizar sua consolidação como um líder municipal.
E depois?
– O futuro a Deus pertence.
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