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Como nasce um jornal

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A pequena Natal, descoberta ao mundo após servir de Trampolim da Vitória para as tropas americanas que guerreavam na Europa durante a II Grande Guerra Mundial, foi o cenário escolhido por Aluízio Alves para dar vida a um jornal. As três noites de sono mal dormidas, o cansaço e até mesmo a fome que anteciparam a impressão do primeiro exemplar do quarto jornal a circular no estado potiguar à época, não impediram o então deputado federal de perseverar. 
Capa da edição do dia 7 de abril de 1984 trazia reportagem sobre o movimento Diretas Já, iniciado em todo o Brasil
Capa da edição de 31 de janeiro de 1961 mostra preparativos para posse dogovernador Aluízio Alves e o vice Mons. Valfredo Gurgel
#SAIBAMAIS#
Programada para circular no dia 19 de março de 1950, a primeira edição da TRIBUNA DO NORTE só chegou às bancas no dia 24 daquele mês. Uma série de problemas técnicos nas máquinas usadas, adquiridas à Editora Borsoi no Rio de Janeiro, atrasou o lançamento do jornal e obrigou seu fundador e toda a pequena equipe de jornalistas convidada a reescrever, por três vezes, todo o noticiário programado para o matutino.
Aluízio Alves queria que o primeiro exemplar saísse às ruas no dia de São José, padroeiro de sua cidade natal. O sonho construído ao longo do anos começou a se tornar real três meses antes quando, em janeiro de 1950, as máquinas impressoras chegaram ao pequeno escritório composto por duas salas nas quais funcionavam, alternando-se no uso de apenas duas máquinas de escrever, a Redação e a gerência. Em outros dois cômodos foram instaladas as oficinas de composição e a impressora.
A experiência para fundar um jornal em moldes empresariais, após as pequenas publicações artesanais da juventude, Aluízio Alves trouxe da militância política e jornalistica no Rio de Janeiro. Na capital carioca, para onde foi em 1946 como deputado federal da UDN, Aluízio foi um dos fundadores, na equipe liderada pelo também jornalista e deputado Carlos Lacerda, do jornal Tribuna da Imprensa.
Sem capital financeiro próprio, Aluízio Alves tratou de congregar um núcleo inicial de amigos pessoais e correligionários políticos para formar uma base de sustentação ao jornal. Os estatutos e o registro da empresa ficaram a cargo do advogado Hélio Galvão, que representaria legalmente a Tribuna do Norte por vários anos seguidos. O apoio financeiro veio do ex-governador Juvenal Lamartine,  Dix-huit Rosado e José Xavier da Cunha, além de subscrições populares e de pequenos empresários e comerciantes de todo o estado, coletadas pessoalmente por Aluízio em viagens pelo interior.
Os esforços desse núcleo de investidores e a campanha de arrecadação renderam 800 contos de reis, quantia suficiente para a aquisição de duas linotipos recondicionadas e uma impressora de segunda mãos que imprimia duas páginas de cada vez e 500 exemplares por hora. As dificuldades técnicas e as limitações do equipamento, que logo se fizeram sentir, não impederiam que a Tribuna do Norte – nos primeiros anos – chegasse a circular com 2.500 exemplares, um recorde para a imprensa potiguar à época.
O histórico primeiro exemplar, que circulou dias após o plano inicial em decorrência de problemas nos linotipos recondicionados comprados após 20 anos de uso, circulou com 12 páginas. A expectativa do sucesso da empreitada, porém, não diminuiu com o passar dos dias. Natal era uma cidade com 106 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) à época. Circulavam os periódicos A Ordem, Diário de Natal e o jornal oficial A República, atualmente extintos. 
Na primeira página da edição número um, o artigo assinado por Aluízio Alves, intitulado “Nossos Rumos”, se perpetuou como atemporal e resume, 71 anos depois, o que representa a TRIBUNA DO NORTE para a imprensa potiguar e para a história do Rio Grande do Norte. 
“Não surgimos por força de qualquer deliberação de partidos ou grupos políticos, com os quais não temos compromissos formais, senão os de acompanhá-los, ajudando aos melhores para que não se reduzam aos erros eventuais dos piores. Esta TRIBUNA foi uma iniciativa individual, mas, a ela se associaram, em generoso acolhimento, grandes correntes de opinião, a cujos ideais, por isso mesmo, não podemos ficar insensíveis, vinculados como estão aos problemas mais vitais do País e do Estado (…) Procuraremos, neste sentido, refletir com fidelidade os sentimentos populares, criticando o que nos parece criticável, apontando erros e exaltando acertos, sem paixões pessoais, sem objetivos subalternos, sem incondicionalismos facciosos ou estreitos”. 
Sete décadas e um ano depois, a Tribuna do Norte não seria o sucesso que é não fosse a atuação de outros dois nomes: José Gobat Alves (1925-2007), que atuou a partir de 1954, convidado por Aluízio, como diretor financeiro e adminsitrativo; e Agnelo Alves (1932-2015), como jornalista, engajado na linha de frente do jornal desde suas primeiras edições. 
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