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Compra de viagens exige precaução

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Andrielle Mendes
Repórter de Economia

Querendo abocanhar uma nova fatia do mercado, sites de compras coletivas estão intensificando a venda de cupons com descontos para viagens nacionais e internacionais, entrando num campo antes dominado pelas agências de viagens. Apesar das vantagens deste tipo de transação – em que os descontos em produtos e serviços podem chegar a até 90% – o consumidor deve tomar uma série de cuidados antes de fechar negócio.

Para especialistas, compra vale a pena quando o consumidor pode se adaptar às condições do pacote, como, por exemplo, embarques e hospedagem em baixa estaçãoA necessidade de se precaver antes de aderir ás promoções fica ainda maior num momento em que o número de sites é crescente e em que conquistam  cada vez mais clientes. O sistema de comércio que oferecem, que faz sucesso nos Estados Unidos desde 2008, inclui  o anúncio de promoções diárias, ativadas quando são vendidas para um número ‘mínimo de consumidores. No caso dos pacotes de viagem, destinos para dentro e fora do Brasil estão na lista de tentações que tem feito brilhar os olhos de muitos consumidores.

Para Kennedy Diógenes, advogado especialista em Direito do Consumidor, o cliente deve, antes de fechar qualquer negócio, verificar se o site é sério, e se o ambiente onde está ocorrendo a transação é seguro. “A internet é um campo muito fértil para aproveitadores, por isso é fundamental que o consumidor busque informações sobre o fornecedor, seja em sites de reclamação, seja nos próprios órgãos de defesa do consumidor”, complementa Luiz Fernando Martins de Castro, especialista em Direito Eletrônico.

Para evitar que a pechincha se transforme em prejuízo, o consumidor também deve salvar e imprimir toda a transação, orienta Kennedy. Os papéis servirão como garantia, e no caso de um processo, como prova. “Você deve ‘se documentar’. Isso provará que, de fato, você comprou aquele produto ou pagou por aquele serviço”, justifica ele. Além disso, deve priorizar empresas nacionais. Outra dica é entrar em contato com a prestadora de serviço – no caso de viagens, a empresa área, por exemplo – e checar se a empresa é parceira do site de compras e se o site está autorizado a vender aquele produto ou serviço. Kennedy alerta que sites de compras coletivas não dão nenhum tipo de garantia. Se ocorrer algum problema, o cliente deve procurar a empresa responsável.

Riscos

Se o consumidor seguir estas recomendações aproveitará os descontos oferecidos e não cairá em golpes. “Quem não toma esses cuidados básicos, corre o risco de ser enganado por estelionatários, perder o dinheiro e não ter acesso ao serviço”, resume Kennedy Diógenes.

Para Luiz Fernando, esse tipo de compra é vantajoso quando o consumidor pode se adaptar às condições do pacote, como, por exemplo, embarques e hospedagem em datas de baixa procura, vôo em horários ou aeroportos alternativos, ou outras condições específicas que dever necessariamente ser indicadas pelo fornecedor. A tendência, segundo Kennedy, é que este canal de vendas se popularize e sua receita aumente cada vez mais.

Apesar de afirmar que não está preocupada com a ‘concorrência’, a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), por sua vez, desaconselha a compra de passagens em sites, incluindo o das companhias aéreas. “Passagens áreas não são um item em liquidação. Os preços variam todos os dias. Não tem como prever quanto custará uma passagem nem garantir este preço”, afirma Ana Carolina Costa, presidente da Associação. Segundo ela, só a agência de turismo pode dar assistência ao consumidor antes, durante a após a viagem, além de fornecer todas as informações necessárias sobre vistos, autorizações e documentação, diferentemente dos sites.

Perspectivas de negócios acirram disputa no mercado

Os sites de compras coletivas, que já ofereciam cupons para bares, restaurantes, teatros, clínicas estéticas e salões de beleza, enxergaram no Turismo e Hotelaria um novo filão e intensificam a aposta neste nicho de mercado. Com a oferta de descontos em pacotes, as empresas têm robustecido o faturamento. Entre os destinos oferecidos estão desde praias do Rio Grande do Norte, cidades como Rio de Janeiro e até outros países, como Chile, Argentina e Estados Unidos.

O Click Cupom passou a oferecer cupons de viagens desde a semana passada. Até o momento, já vendeu 250 cupons. A meta é  chegar a mil cupons por dia na área de turismo. Os pacotes atingem todo o Brasil e também exterior. Embora esteja começando o negócio, o site já faturou cerca de R$100.000,00 com a venda de cupons de turismo.

Para Rubens Paiva, CEO (diretor executivo)  do  Click Cupom, o grande diferencial deste novo sistema é a forma de pagamento. “O cliente paga à Click Cupom apenas o percentual da nossa comissão e o restante é pago diretamente no local da oferta”, afirma. A porcentagem de comissão pode ser paga em até 3 vezes sem juros ou em até 12 vezes com juros (taxa de 1,99% ao mês). A parte paga à operadora de turismo varia conforme as condições de cada pacote.

Turismo e Hotelaria é uma das áreas de destaque do Groupon no Brasil, primeiro site de compras coletivas do mundo. Para reforçar a atuação nesse mercado, o grupo lançou recentemente o Portal de Hotéis e Viagens e o Meu Groupon – guia que reúne  ofertas em bares, restaurantes em mais de 22 cidades onde o grupo  atua. Embora não divulgue dados referentes a crescimento, faturamento e expectativa, Florian Otto, CEO do Groupon Brasil, diz que, no país, a companhia já vendeu milhares de cupons no segmento. “Nossa meta é continuar crescendo”, afirma.

O pagamento pode ser feito por meio de cartão de crédito, transferência online e o sistema Paypal. Entre os destinos oferecidos, Natal, que tem até página exclusiva, além de perfil no Twitter e no Facebook.

O Click On também está de olho nesta fatia. Desde setembro de 2010, quando anunciou a primeira oferta de turismo, já fez 600 ofertas de Turismo e vendeu mais de 73 mil cupons. A meta é dobrar o número de ofertas e cupons em 2011.
O Peixe Urbano foi um dos primeiros a se aventurar neste campo. A primeira oferta de Turismo foi anunciada em março de 2010. Com apenas uma oferta, o site conseguiu vender 18.453 cupons. Segundo Letícia Leite, diretora da empresa, “o segmento de turismo está entre os que mais crescem dentro do mix de ofertas. É um dos 3 principais setores do Peixe Urbano, e conta inclusive com um núcleo especializado, formado por especialistas da área”.

Estima-se que os sites de compras coletivas deverão faturar, juntos, mais de R$ 1 bilhão em 2011, quase seis vezes mais que o registrado no ano passado.

Bate-papo
Luiz Fernando Martins de Castro, especialista em Direito Eletrônico

Que cuidados o consumidor deve ter antes de comprar um cupom para viagens em sites de compras coletivas?

Ele deve examinar, com atenção, as condições da venda, e as informações relativas aos serviços que lhe serão prestados. É dever do fornecedor prestar informações precisas sobre essas condições.

O que observar no regulamento?

Todas as condições da oferta, mas sobretudo, em razão de se tratar de compra coletiva, atentar às restrições de uso que normalmente existem nesses pacotes promocioanais, como: data de embarque possível, que geralmente excluem datas muitos concorridas, e o tipo de alojamento, e mesmo algumas restrições que possam existir em vôos, ou horários menos cômodos, além a existência, ou não, de alimentação e passeios incluídos no preço. Repito, isso tudo deve estar claramente indicado pelo fornecedor.

Quais vantagens e desvantagens de comprar um cupom para viagens em sites de compras coletivas?

A principal vantagem é, sem sombra de dúvida, o preço – geralmente muito mais barato que em condições normais. Todavia, a redução do preço só existe porque existem “sobras” ou disponibilidade de pacotes que não foram vendidos. Por isso, o consumidor deve estar muito atento às características do pacote e as restrições que possam existir nos serviços, não devendo esperar receber um serviço “premium ou vip” pelo preço promocional que pagou.

A que riscos o consumidor está exposto?

O principal risco é o de não receber aquilo que legitimamente esperava receber.  Não esqueçamos que o Código de Defesa do Consumidor prevê a obrigação do fornecedor de informar claramente as características daquilo que se está vendendo. E no caso de divergência entre o serviço ofertado e aquele efetivamente entregue, o consumidor poderá exigir o correto cumprimento da oferta, ou a redução proporcional do preço pago.

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