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Conceito é debatido há quase 30 anos

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Desenvolvimento sustentável – conceito difundido desde a década de 1970 – ganhou a dimensão de propulsor de políticas internacionais e economias,  a partir da Eco 92.  Mais de vinte anos depois, o tema mantém a ênfase no discurso, entretanto, na prática, observa especialistas, é preciso avançar. As práticas  que buscam conservar o meio ambiente de forma a garantir qualidade de vida para a população e economia aquecida  ainda não foram incorporadas a ponto de dar resultados mais consistentes. 

Para isso, ressalta a a bióloga e coordenadora do programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFRN (Prodema) e bióloga, Elisa Freire, é preciso afinar o discurso entre ambientalistas, sociedade,  gestão pública, indústria, iniciativa privada e academia.

“É um desafio para ciência em nível global. Não se pode ter sustentabilidade em qualquer atividade se as pessoas não tem qualidade de vida, sem promover equidade social, e se elas não participam do desenvolvimento econômico”, analisa e acrescenta: “Nenhuma ciência sozinha consegue ultrapassar esse desafio”.

A agenda 21, principal resultado da Conferência Eco92, estabeleceu o compromisso de cada país em refletir, global e localmente, sobre como governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. “A Eco92 foi mais importante e concreta que a Rio+20, mas se formos avaliar os 20 anos, avançamos pouco nas metas”, analisa.

Em duas décadas,  biomas brasileiro como a Mata Atlântica,  a caatinga e o cerrado foram  depauperados. A Mata Atlântica perdeu 92% de sua área nesse período e no semiárido elevou as áreas suscetíveis a desertificação e a escassez de recursos hídricos se acentuou. A má qualidade da água é responsável por 70% dos casos de internação pelas chamadas doenças de veiculação hídrica, explica a coordenadora do Prodema.

Entre os avanços, a  implantação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a lei (SnUc) e criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A lei que estabelecia, entre outros pontos, a cobrança pelo indevido da água como forma de evitar o desperdício, foi implementada em apenas duas Bacias, do Nordeste.

Em relação ao restante do mundo, contudo, o Brasil está no mesmo patamar quando o assunto é mitigar a emissão de carbono. Para a professora, o Brasil é um dos países mais ricos em legislação ambiental, exceto pelo Novo Código Florestal “que foi aprovado para atender os anseios políticos e não da sociedade”.

O país também superou a falta de investimentos em meio ambiente a partir do governo Lula, com a destinação de recursos para o setor. “Tivemos avanços para a produção de inventários de biodiversidade, produção do conhecimento e capacitação de recursos humanos nas áreas de biodiversidade e conservação”, analisa.

A Rio+20 não teve propostas

A Conferência das Nações Unidas realizada no ano passado, no Rio de Janeiro, a Rio+20, para avaliar o andamento das metas traçadas em 1992 não acrescentou, afirma a coordenadora do Prodema, Elisa Freire. “O documento da Rio+20 não reflete nenhum medida efetiva, ficou no discurso vazio. Não há sequer um compromisso, de fato. Não teve propostas”, disse.

A elaboração da carta final não teve a participação de cientistas e nem dos demais representantes de países e instituições que participaram do mega-evento, segundo ela. Para ter “O documento já estava praticamente pronto quando chegamos lá, não pudemos fazer nada”, lembra.

Entendendo o desenvolvimento sustentável

Sustentabilidade
Conceito sistêmico, relacionado a três objetivos: ser economicamente viável, preservar o ecossistema e reduzir a pobreza. Por meio de ações para promover a exploração de áreas ou o uso de recursos naturais, ou não, de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas, permitindo o crescimento da economia.

Quando surgiu essa preocupação?
O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na Conferência de Estocolmo em 1972. Mas o vínculo entre meio ambiente e energia tornou-se mais forte a partir dos anos 1980 – após a crise do petróleo a partir de 1973. Nessa década, ganhou força a necessidade de diminuir a poluição ambiental, que resultou em práticas e programas urbanos para reciclar materiais como alumínio, plástico e vidro. Esse processo deu origem à moderna indústria de reciclagem e a um novo ímpeto de processos que já eram utilizados.

A água vai acabar?
A água é sustentável desde que seus mananciais e o fluxo sejam preservados, o que, às vezes, implica proteger as matas e evitar que um rio ou uma represa percam volume. No Brasil, 70% dos reservatórios e recursos hídricos não são explorados.

Crédito de carbono
Medida para indústrias e nações reduzirem os índices de emissão de gases do efeito estufa por um sistema de compensação, previsto no Protocolo de Kyoto. Um crédito de carbono equivale a 1 tonelada de dióxido de carbono. Para que uma empresa tenha direito a vender os créditos, ela precisa cumprir dois requisitos: contribuir para o desenvolvimento sustentável e adicionar alguma vantagem ao ambiente.

Energia sustentável
É a energia que dá sustentação à produção e ao consumo porque está disponível para o uso no decorrer do tempo – ou seja, é a energia gasta numa quantidade e numa velocidade que permite a reposição pela natureza.

Discussões internacionais
As ações globais foram temas de conferências das Nações Unidas: em Estocolmo em 1972, no Rio em 1992 e 2012, em Joanesburgo em 2002, Kyoto em 2005 e Copenhague em 2009.

Poluição atmosférica
A poluição atmosférica pode ser definida como qualquer forma de matéria ou energia com intensidade ou característica que prejudique a qualidade do ar, tornado-o danoso à saúde, à fauna e à flora e qualidade de vida da comunidade.

Efeito estufa
Nesse pode ter um globo terrestre, pela metade, mostrando a emissão de industrias e recebendo raios de sol.

Fenômeno causado por gases (principalmente gás carbônico, clorofluorcarboneto, metano e óxido nitroso) que estão presentes na atmosfera desde a formação da Terra e teria a função de absorver a radiação infravermelha e regular a temperatura na superfície.

É bom quando há equilíbrio e o nível de emissão dos gases é absorvida em processos naturais, como a fotossíntese.

É ruim quando a emissão é maior do que a natureza consegue neutralizar e provoca o aumento de temperatura e a concentração de poluentes na atmosfera.

Energia limpa
É aquela que não polui ou polui menos, na produção e no consumo, como a energia hidrelétrica, a dos ventos (eólica) e a solar.

Empresa sustentável
Os consumidores estão mais exigentes e vigilantes à empresas que com práticas e selos “verdes”. Incorporar medidas sustentáveis atrai consumidores e agregar valor ao produto/serviço. A gestão de resíduos sólidos, a emissão de efluentes líquidos e nos mananciais e de gases no ar, além de medidas de eficiência energética impulsionam a capacidade de produção e pode diminuir os custos.

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