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Concerto para consertar a vida

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Alex Medeiros 
Em fevereiro de 1968, os Beatles fizeram as malas e viajaram para a Índia, na companhia das quatro esposas e mais alguns amigos, como a atriz Mia Farrow e o compositor Donovan. O destino fora escolhido – praticamente imposto – por George Harrison, que embarcara na onda mística do período e queria aprender meditação transcendental e se purificar nas águas do rio Ganges. Lá, ele conheceu Ravi Shankar, aprendeu a tocar cítara e inseriu o amigo no Ocidente.
Dois anos depois, em novembro de 1970, um ciclone tropical devastador atingiu o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) matando meio milhão de pessoas. E para completar a tragédia da natureza, o exército atacou as populações do Leste, ceifando uma quantidade semelhante de vidas. Era uma guerra religiosa onde a maioria muçulmana castigava a minoria hindu. Ali, havia nascido o pai de Ravi Shankar, fato que o fez tentar minorar a catástrofe.
Então, em 1 de agosto de 1971, exatamente meio século atrás, George Harrison realizou no Madison Square Garden, em Nova York, o megashow chamado “The Concert for Bangladesh”, reunindo uma plêiade de amigos.
Já fazia um ano que os Beatles tinham se separado, mas que não impediu de Harrison procurar os velhos parceiros para ajudá-lo naquele ato musical em prol das vítimas. Lennon e McCartney não aceitaram tocar, mas Ringo foi lá.
Na inocência, ele chegou a sonhar que seria uma oportunidade dos EUA verem outra vez, desde 1966, os Fab Four juntos num palco. Fracassado na intenção, ele então foi atrás de astros do mesmo porte, como Bob Dylan e Eric Clapton.
Na verdade, Lennon até participaria, mas Harrison havia pedido para ele se apresentar só, e não em dupla com Yoko. O líder dos Beatles até assentiu, mas sofreu pressão em casa e sumiu de Nova York dois dias antes do espetáculo.
Quando o evento foi anunciado numa coletiva de imprensa, um jornalista perguntou ao músico “por que Bangladesh?”. E Harrison respondeu “porque um amigo me perguntou se eu poderia ajudar, você sabe, isso é tudo, né?”.  
Tudo iniciou com a multidão ovacionando George, depois do curto discurso de Shankar explicando como apelou ao amigo para salvar algumas vidas. Todos cantaram “Here Comes The Sun”, um hino de amor e paz do “beatle quieto”.
Ao seu lado, Eric Clapton na guitarra, Leon Russell nos teclados, Ringo na bateria e os músicos da banda britânica Badfinger tocando guitarras e fazendo vocal. Um deles, Peter Ham, fez um dueto com George durante um instante.
Um ponto alto do show foi quando ele disse “gostaria de trazer aqui um amigo de todos nós, o senhor Bob Dylan”. A plateia explodiu e o bruxo subiu cantando “Blowin in the Wind”, depois “Mr. Tambourine Man” e “Just Like a Woman”.
Harrison não apenas conseguiu retirar Dylan da reclusão, como deu a ele o primeiro show ao vivo desde que o poeta do Minnesota apareceu no Festival da Ilha de Wight, em 1969, na Inglaterra, rejeitando cantar em Woodstock.
O show de 50 anos atrás mostrou que George Harrison não estava à frente do seu tempo apenas como músico refinado e criativo, mas também no aspecto da solidariedade. Ali foi a fonte de Bob Geldof para fazer o Live Aid em 1985.
O concerto arrecadou US$ 243.418,50, que foram entregues para a UNICEF administrar num fundo que até hoje leva o nome de Harrison. Até hoje os discos e vídeos do show geram dinheiro para minorar o sofrimento do mundo.
Há décadas se discute quem seria o melhor beatle. Qualquer opinião há de ser respeitada, pois todos fizeram história. Mas em Londres às vezes se diz nos tabloides: “Os Beatles foram uma banda formada por George e três caras”.
No Twitter 
O crítico de cinema Pablo Villaça postou que deseja “do fundo coração tudo que há de pior para Jair Bolsonaro e sua família, desejo que ele adoeça, sofra muito e que, se possível, ainda veja todos os filhos presos antes de sucumbir”.
No Twitter II 
Horas depois, Pablo Villaça postou algumas vezes que está sendo criticado, recebendo ofensas e que um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, replicou sua mensagem desejando a pior doença possível para Jair Bolsonaro.
Neurociência 
Na França, Jean-Louis Constanza desenvolveu um exoesqueleto para fazer seu filho andar novamente. Ele contou com a parceria da empresa Wandercraft. Na Copa de 2014, um exoesqueleto virou chacota internacional.
Resenhas 
Os jornalistas esportivos Dionísio Outeda e Marcos Lopes lançam na quarta-feira, 4, o livro “Transmitindo e Resenhando”, narrando a experiência das viagens para cobrir o futebol. Será às 18h no Vila Colonial da Av. Afonso Pena.
Incêndio 
A grande imprensa trata sempre as tragédias em equipamentos culturais como um fato sem histórico. Aquilo que desaba ou pega fogo significa o fim de um processo de abandono. Há uma fila de culpados no sentido avesso do tempo.
António e João 
O português António Zambujo acaba de lançar seu nono álbum, “António Zambujo Voz e Violão”, título inspirado num disco de João Gilberto que lhe influenciou, o álbum “João Voz e Violão”, de 1999 e ganhador do Grammy.
Universo Marvel 
O filme do personagem Shang-Chi acaba de ganhar trailer e pôster anunciando a estreia em 3 de setembro. Mas a promoção mais provocante é uma HQ circulando nos EUA onde o herói chinês enfrenta o apoquentado Wolverine.
Saudosismo 
A onda retrô no cinema e na televisão segue arrebatando plateias e faturando alto. A série Wandavision provocou uma corrida dos americanos ao velho sitcom “The Dick Van Dyke Show”, de 1961, que passou aqui na TV Excelsior.
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