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Confesso que me encanta

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Rubens Lemos Filho
Me encanta o futebol de Fábio Lima, o refinado meia-atacante do ABC. Meia-atacante escalo eu, quando, de verdade, Fábio Lima é o reencontro com meu tempo perdido em beleza plástica no jogo de bola. Pode ser armador, finalizador, goleador.  Claro que Wallyson é o dono do time do ABC e, na referência específica  acontece o seguinte: a exemplo das sumidades, Wallyson não se compara a ninguém. 
Sou viúvo, órfão, saudosista do futebol de brinquedo. Da bola sexualmente saciada pelos craques. Do toque anarquista, dos dribles secos de bendito despudor. Fábio Lima é aquele cara que a gente vê e compara a uma antologia  de filme  italiano, de Tornatore, do emocional Cinema Paradiso, com Fábio Lima a escolher se é o projetista Alfredo ou o menino Totó, ambos de uma capacidade de fazer emocionar uma mesa de mármore. Alfredo ensina Totó a amar uma sala de exibição. Fábio Lima nasceu com o dom de levar alegria  a uma tela horizontal em quatro linhas de grama. 
O ABC hoje dispõe de alguns homens acima do padrão classe média de Série C: Wallyson, Kelvin(um raio, uma flecha, um driblador por convicção fundamentalista), Allan Dias, o recém-chegado Geovani e ele, Fábio Lima, uma luz que irradiava desde o ano passado.
Ainda no Campinense, enfrentando ABC e América, Fábio Lima me chamou atenção pela postura de ourives, o homem que analisa pedras preciosas com absoluto critério e perícia, no trato com a bola,  partindo da intermediária e abrindo clarões nas defesas adversárias. 
Fábio Lima, para mim, foi o camisa 10 mais técnico da Série D. Allan Dias joga um bocado, mas é mais vigor do que o desabrochar da flor em gol. Fábio Lima é requintado, sua aparente lentidão e o corpanzil de jogador de vôlei ou basquetebol, engana o pretensioso oponente. 
É no confronto olho no olho com o pretenso marcador, que Fábio Lima cresce em suave volúpia, puxando do seu acervo uma finta suingada, ginga de diretor de bateria de escola de samba, onde poderia brincar, fácil, também de responsável pela harmonia. 
Cascata – atenção que era o Cascata de 2020/2011, foi, de verdade, o último camisa 10 cheio de balanço a sacudir a Frasqueira. Cascata que ocupou a vaga do distante  Geraldo, o passista de cortes bruscos e zagueiros sentados, da bela campanha na Série B de 1998, quando o ABC mandou para a terceirona, de malas, bagagens, o tetracampeão Branco e o ex-abecedista Nonato, o Fluminense(RJ). Geraldo entortou a turma tricolor com seus jogos de corpo, seus ombros puxando a faceta maliciosa da supremacia sobre o pobre perseguidor.
Desde então, talvez alguém fale em Lúcio Flávio de bem poucos anos atrás. Ocorre que  Lúcio Flávio, veterano, parecia mais de passe, de aproximação entre a meia-cancha e o setor ofensivo. E aquela derrota de 6×0 para o Guarani, lá em Campinas, tirando do ABC a chance de ser bicampeão brasileiro, mostrou o espectro de  Lucio Flávio apagado, quase sonâmbulo, sem desejos ardentes em relação ao título afinal jogado fora. 
A presença de Fábio Lima ressuscita em preto e branco, a figura do jogador-delegado, aquele clássico capaz de prender e soltar a gorducha quando lhe convém ou é prioritário para o time. Assim fizeram Danilo Menezes, Dedé de Dora, Adilson Heleno, Geraldo e Cascata, eméritos armadores, indiscutíveis criativos, planejadores na repentina chance dos milésimos. 
O ABC está apenas começando sua luta para subir à Série B e, nos dois primeiros jogos, Fábio Lima abusou de jogar, caindo pelo seu lado, o esquerdo, tabelando em canhota ou revezando de espaço com o lateral Felipinho, que está bem próximo da afirmação, já que habilidade não lhe falta. 
Contar com Fábio Lima em campo é lazer e prazer garantidos aos arquibaldos fundamentais, os de bunda no cimento do Frasqueirão. Esses são os verdadeiros amantes. Fábio Lima me encanta. Seduzirá a torcida inteira, rodada a rodada da Série C. 
Competência 
Camisa 10 do marketing esportivo, o jornalista Alan Oliveira orgulha os seus amigos. Alan é decacampeão estadual nos clubes em que prestou ou presta serviço. É um gol para quem vibra com o sucesso dos outros. 
Títulos 
No ABC, Alan ganhou os campeonatos estaduais de 2010 e 2011 e a Série C de 2010. No Botafogo da Paraíba, onde fez uma revolução, venceu o tricampeonato 2017/18/19. No Gama(DF), o campeonato de 2015. E foi campeão da Copa Nordeste pelo Sampaio Corrêa em 2018. Alan merece loas. E precisa decorar a prece contra a inveja. O meio é sujo. 
Felipinho 
Atacando bem e defendendo sem tanta categoria, Felipinho é o protótipo de um meia-esquerda. Deixem o temo passar e me cobrem. 
Briga boba 
O (bom) goleiro do América, Bruno Pianissola prejudicou seu clube pela ridícula expulsão ao xingar a arbitragem. 
Colegas 
Bruno deveria era cobrar futebol decente dos colegas. 
 Vasco 
A Série C se aproxima. O time é pior do que o de 2021. 
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