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Congresso joga parado

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Lydia Medeiros

Desde que começou a greve no transporte de cargas, há dez dias, a Câmara e o Senado gastaram 79 horas em debates sobre a crise. Os deputados realizaram 11 sessões. Os senadores, nove. Juntos, ouviram convidados. Na maior parte do tempo, parlamentares se dedicaram a críticas ao governo federal — algo previsível em um ano eleitoral, diante dos efeitos da greve, dos altos preços dos combustíveis e da elevada impopularidade do presidente da República. O resultado concreto foi um projeto emergencial para permitir ao governo bancar o custo da redução do preço do diesel. O Congresso Nacional, porém, não discutiu e nem apresentou qualquer proposta de solução para o problema estrutural, os efeitos da política de impostos em vigor sobre os preços dos combustíveis. Ou seja, ajudou a tirar o sofá, mas preferiu deixar o elefante na sala. O impasse permanece. Senado e Câmara se habituaram a entregar ao Judiciário suas disputas e a repassar ao Executivo a resolução dos problemas do país, principalmente os do Orçamento. Os parlamentares estão abdicando da sua principal função — para a qual foram eleitos. A maioria vai tentar a reeleição em outubro.

Entrevista com Cristovam Buarque, Senador (PPS-DF)

Qual o papel do Congresso Nacional nessa crise?
Assumir o compromisso de sair da demagogia e a cair na real. Tem a obrigação de contar a verdade: a festa acabou, e os recursos são limitados. Ficar fora da realidade é fácil: é inflação, dívida, juros altos e recessão.

E o que o Congresso deveria fazer?
Definir de onde sai o dinheiro para manter os preços dos combustíveis nos limites. A Comissão de Orçamento deveria estar reunida oferecendo alternativas. Aí, dizem que o problema é do governo. Não, é do Brasil.

E o Brasil conseguirá pagar a conta?
Pagar, vai. Mas precisa decidir se com dinheiro real ou com o dinheiro ilusório da inflação. Historicamente, nas crises, o país sempre escolhe a inflação, e esquece que essa é a pior forma de corrupção: rouba de todos e engana, porque as pessoas não percebem. A tarefa é difícil, sobretudo porque não queremos, no Congresso, ter essa autoridade e competência. Se não pagarmos essa conta, corremos o risco da desagregação social.

Plano abortado
Afoitos para mostrar serviço em meio à crise, deputados saíram frustrados no maior desejo: convocar o presidente da Petrobras, Pedro Parente, alvo da maioria dos discursos, a se explicar na Câmara. “Não podemos. Nós podemos até convocar ministro de Estado, mas não presidentes de estatais”, lamentou o deputado Tenente Lúcio (PR).

Unindo forças
O bloco criado por Rodrigo Maia (DEM) para tentar unir o centrão em uma só candidatura vai fazer pesquisa para ver qual nome tem melhor resposta do eleitorado. Devem testar Rodrigo Maia, Flávio Rocha (PRB), Josué Gomes (PR), entre outros.

Sem serviço
Criada para fiscalizar a ação da Abin, a Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência ainda não se reuniu este ano. Em 2017, houve só um encontro para ouvir o general Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Vale o dobro
Um ano após a decisão de Litel, que reúne os fundos de pensão estatais, Bradespar, BNDESPar e Mitsui, de levar a Vale para o Novo Mercado da B3, a cotação do papel da Vale quase dobrou: acumula alta de 86%, de maio de 2017 até maio deste ano.

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