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Conquistas audiovisuais

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Yuno Silva
Repórter

A produção de filmes em solo norte-riograndense cresceu, sem exageros ou figuras de linguagem, de forma exponencial nos últimos três anos; tanto em qualidade quanto em quantidade. Curtas, médias e longa-metragem, séries, festivais, cursos de formação, prêmios inéditos e visibilidade nacional fazem parte de um roteiro que traz no topo dos créditos nomes como Carito Cavalcanti, Hélio Ronyvon, Victor Ciríaco, Edson Soares, Rômulo Sckaff, Henrique Arruda, Rodrigo Sena, Babi Baracho, Keila Sena, Gustavo Guedes, Pedro Medeiros, Alex Régis, Wallace Yuri, Larinha Dantas, Luara Schamó, Anderson Reis, Suerda Morais, Cássio Hazin, Júlio Castro, Dênia Cruz, Buca Dantas, Geraldo Cavalcante e Márcia Lhoss. A lista é grande, fazer cinema é por essência uma atividade coletiva.
Integrantes dos coletivos tiveram que protestar nas ruas para terem dinheiro de editais da área liberado
A democratização dos processos e o maior acesso tecnológico ampliaram as possibilidades audiovisuais, mas o mérito é todo dos realizadores locais que buscaram qualificação profissional, se articularam politicamente e arregaçaram as mangas para exercitar a máxima punk do ‘faça você mesmo’ frente ao pouco incentivo por parte do poder público. É fato que, no final das contas, por mais independente que seja, o cinema precisa sim de incentivo para acontecer.

#SAIBAMAIS#“Foi um ano complicado, de muita luta e mobilização. Tivemos que sair às ruas em protesto para garantir o pagamento de editais, datas de festivais como o Goiamum Audiovisual e o Urbanocine tiveram que ser remanejadas. Mas temos bastante a comemorar também”, disse Rômulo Sckaff, realizador audiovisual e membro da atual diretoria da ABDeC/RN.

Entre as conquistas, o curta “Sêo Inácio (ou o Cinema do Imaginário)”, dirigido por Hélio Ronyvon, foi o que voou mais alto: em agosto foi exibido na mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado, um feito até então inédito para filmes potiguares. No mês seguinte faturou o prêmio principal na mostra “Olhar Brasilis”, do Festival de Cinema de Santos – Curta Santos.
“Sêo Inácio” foi o que voou mais alto: em agosto foi exibido na mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado
O curta, documentário produzido ao longo de quatro anos que conta a história do cinéfilo inveterado Inácio Magalhães de Sena, que já assistiu a mais de 40 mil filmes e divide sua casa com pilhas de livros e DVDs, também participou de outros festivais, ganhou a Mostra de Cinema de Gostoso e integrou a primeira edição da Mostra Sesc de Cinema Potiguar – evento que deu as caras no início do mês de dezembro com exibições de oito curtas e dois médias.

“A característica de nossa produção cinematográfica ainda está baseada no esquema ‘no peito e na raça com recursos próprios’. O edital Cine Natal (da Prefeitura de Natal/Funcarte) atrasou, mas saiu: viabilizou dois festivais e financiou seis curtas (ainda não realizados). Já a lacuna do Governo do Estado (leia-se Fundação José Augusto) permanece. Embora solícita, pouco foi feito pela direção da FJA no tocante a incentivos”, salientou Sckaff, lembrando que produtores e diretores potiguares entraram no circuito – inclusive – como jurados em festivais de outros estados.

Para Rômulo, “o mais legal desse ano foi a mobilização da galera”. Ele também adiantou que tem “muita coisa acontecendo”. O realizador acredita que 2016 “será um ano ainda mais produtivo” para o audiovisual potiguar.

Nova Amsterdan

O tal “ano produtivo” citado por Rômulo Sckaff irá mostrar a cara já no primeiro bimestre de 2016. Se tudo correr conforme o planejado o longa-metragem “Nova Amsterdan”, do diretor Edson Soares, deve ser finalizado até fevereiro. Terminando o filme histórico, que fala sobre a ocupação holandesa no litoral do Nordeste com cenas gravadas em Natal, Macaíba, Goianinha, Canguaretama e Ceará Mirim, Soares (Engady Cine Vídeo) engrena a série futurista “Omicron” – produção aprovada em edital nacional lançado pela Ancine/Ministério da Cultura.

“Antes da estréia comercial (no cinema ou direto na TV) de ‘Nova Amsterdan’ pretendo rodar os festivais”, planeja o diretor.

A trama se passa em meados do século 17, e traz no elenco atores locais e nomes conhecidos como Joana Fomm, Leonardo Miggiorin, Paulo César Pereio, Marcélia Cartaxo, Cristina Prochaska, Íttala Nandi, Anselmo Vasconcellos e Roney Vilella.

Cronologia
Em maio o Destino Coletivo, combo que reúne produtores, diretores e atores, anunciou a produção de um longa-metragem produzido de forma colaborativa. Serão cinco histórias distintas com o mesmo tema: “O dia seguinte”. O filme conta com a participação de seis diretores, vinte e seis atores, dez produtores e seis roteiristas. “Estamos vivenciando um momento único”, disse na época o produtor geral do projeto Marcílio Amorim. Ainda sem previsão de estréia.

Premiado em Cannes e único representante brasileiro no Oscar 2015, o documentário “O Sal da Terra” sobre os 40 anos de trajetória do fotógrafoa Sebastião Salgado. Dirigido por Juliano Ribeiro Salgado e o alemão Win Wenders, de “Asas do desejo” e “Tão longe, tão perto”, o filme teve exibição oficial única no RN dentro da programação do Goiamum Audiovisual – um detalhe que comprova uma conquista de relevância nacional do evento natalense.

A série “Cordelísticas Nordestinas”, projeto do Coletivo Caminhos Comunicação e Cultura, ganhou as telas em agosto. A iniciativa (viabilizada por edital da Prefeitura de Natal/Funcarte) tem 14 episódios e reverbera vozes dos poetas e cantadores como Antônio Francisco, o repentista José Ribamar e o cordelista Luís Campos, Crispiniano Neto, Xexéu, José Acaci e o poeta Lacerda.

O IFRN-Cidade Alta recebeu, também em agosto, a mostra “Cine – É Proibido Cochilar” promovida pela Cinemateca Potiguar em parceria com Representação Regional Nordeste do MinC. Além de filmes, o evento trouxe para Natal o cineasta pernambucano Cláudio Assis (de “Amarelo Manga” e “Febre do Rato”) para um debate.

Mobilizados, realizadores do audiovisual natalense promoveram no mês de setembro o ato de protesto “Claquetada Cultural”, que cobrou agilidade no repasse de verbas do Cine Natal, que somou R$ 450 mil em investimentos em duas frentes: R$ 300 mil para seis curtas (sendo R$ 200 mil oriundos do Fundo Setorial de Audiovisual/Ancine) e R$ 150 mil para os festivais Goiamum e Urbanocine.

Carito Cavalcanti lançou em outubro seu primeiro média: “Histórias Abertas”, produção exibida dentro da Mostra de Cinema Potiguar do Sesc.

Em novembro Baía Formosa e São Miguel do Gostoso foram o destino de festivais que buscam consolidação no cenário nacional: respectivamente o Festival Internacional de Cinema de BF e a Mostra de Cinema de Gostoso, este que por sua vez chegou a terceira edição com um respaldo cada vez maior de realizadores do eixo Rio-São Paulo. Aina em novembro, a Mostra Cinema e Direitos Humanos que passou por Natal e circulou por todo o País incluiu pela primeira vez em dez anos um filme do RN: “Abraço de Maré”, do diretor Victor Ciríaco, na programação.

Além da realização da 1ª Mostra Sesc de Cinema Potiguar, no início de dezembro, estreou a websérie “Território Criativo”. Com duração de dez minutos, e produção da Mudernage, a série está vinculada à cena musical da cidade.

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