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Conselho definirá sobre o estádio

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Depois da confusão armada sobre o aluguel do estádio Frasqueirão, de propriedade do ABC, para o seu maior rival, o América, o presidente alvinegro, Rubens Guilherme Dantas, tentou explicar o que de fato está acontecendo.  Ele confirmou que negociações existem, mas que nada de concreto ainda foi apresentado pelo departamento comercial abecedista, a direção do clube. Adiantou também, que toda e qualquer decisão que possa vir a ser tomada, vai passar pelo crivo do Conselho Deliberativo do ABC.
O presidente do ABC, Rubens Guilherme concedeu uma longa entrevista à Rádio Globo Natal e desabafou sobre as pressões que sofre
Além disso, fez críticas a alguns  conselheiros que participaram da reunião do Conselho, na última segunda-feira, falou sobre o atual momento do time, se vão acontecer dispensas e contratações e também fez um desabafo sobre seus dois anos à frente do ABC.

ALUGUEL DO FRASQUEIRÃO

“Sou contra ao aluguel do estádio. Mas, fui procurado inúmeras vezes, inicialmente por uma empresa privada e não atendia as ligações. Como houve muita insistência, passei para o nosso setor comercial, que vive diariamente procurando soluções financeiras para o ABC. O nosso departamento comercial ouviu a proposta, que era segredo. Depois, chegaram instituições privadas oferecendo melhorias nas partes estruturais do Frasqueirão, se chegássemos a um entendimento. E as conversas começaram. O departamento comercial, ficou esperando que houvesse um afunilamento dessas conversas, para trazer para nós, da direção, analisar as propostas e passar ao Conselho Deliberativo. São instituições públicas e privadas interessadas nisso, o que daria algo em torno de R$ 2 milhões e, como pessoas civilizadas, não podemos deixar de ouvir. Eu acho que não causei nenhum prejuízo e não fomos desonestos e ouvir as pessoas. Esse problema não é do ABC e sim do nosso rival. Ouvimos a proposta, porque um valor desse, de R$ 2 milhões, não seria justo deixar para lá. A minha vontade não é maior que o clube. A minha decisão não é maior. O ABC é maior do que tudo. Essa opinião deveria que ser compartilhada por ex presidentes, que tem até mais tempo de clube do que eu”.

PATROCÍNIO

“Não tem como conseguir esse valor, sem o aluguel do Frasqueirão. Não se pode anunciar  um negócio sem fechar esse negócio. O problema não é do ABC. Como eu vou anunciar, se os valores nem entraram na conta do ABC e nem sabemos quando vai entrar. Só posso fechar o negócio, em a direção e o conselho aprovando, com os valores em poder do ABC”.

CONTRA O ALUGUEL

“Vem o lado que eu não consigo conviver. No futebol tem muito lixo. Existem interesses político e partidários, como ficou claro na reunião do Conselho Deliberativo e não vim aqui para isso. Existem as vaidades pessoais, que ficam acima do clube. Tem as pessoas que não tem o que fazer, que vivem pelas redes sociais, destilando ódio e raiva. Tem gente que reclama que eu não vivo no ABC. Se eu viver lá, só vou conseguir problemas e contas. Os recursos que vieram, foram de fora para dentro. Lá no ABC, só tem fofoca e contas”.

DINHEIRO

“Não queria falar disso, mas, no ano passado, quem pagou todos os bichos do ABC, foi Rubens Guilherme, Paiva Torres e Flávio Anselmo. Tem gente que faz cálculos platônicos e isso não existe. A realidade é outra diferente”.

DIRIGENTES

“O que foi acertado é que ele (Tertuliano Pinheiro, conselheiro do ABC) viria para a Rádio Globo, fazer uma exposição e a partir daí,  ser trabalhado de forma coerente, já que nós estávamos ouvindo um negócio importante, financeiramente, era importante que a emissora soubesse o que estaria acontecendo. Não houve maldade nenhuma. O que pode ter acontecido é que ele foi estimulado. Mas, tudo isso foi resolvido e já conversamos com ele”.

NEGOCIAÇÃO

“Existe  negociação. Está se ouvindo, de forma clara, transparente, não tenho problema com isso. O nosso departamento comercial está ouvindo as pessoas. Na hora que tiverem com datas, tudo, no cronograma de compromissos, vamos levar ao Conselho Deliberativo. Se for aprovado, certo, caso contrário, o ABC vai continuar vivo, vamos continuar lutando e continuaremos buscando soluções”.

REFORÇOS E DISPENSAS

“Não posso confirmar a saída de Thiaguinho nem o retorno de Éderson, porque não tem nada definido. Existe negociações e temos que ter muito cuidado. Na hora que o ABC estiver com alguma negociação boa para o clube, vamos divulgar. O que não podemos é acelerar o processo”.

DESAFIO

“O que faz o torcedor voltar ao estádio, são as vitórias. O dinheiro é necessário ao clube, mas vejo também a questão da moral, do respeito, que não tem preço. É por isso que estou levando essas questões para outras pessoas. Estou deixando o clube no final do ano e saio de cabeça erguida. Fiz o meu melhor”.

PLANEJAMENTO

“Na minha ignorância no futebol, a grande diferença é que o ABC perdeu o título. Ou você faz a mudança ou corre o risco de ficar a apatia e isso mudar para a outra competição. Com relação aos jogadores, quem é que reclamou da contratação do Washington, quando ele chegou? Alison, quem pode dizer que ele não é um grande jogador? E outros, que ainda não renderam o que podem. Mas, entendo essa impaciência do torcedor. A nossa expectativa é de que, no decorrer da competição, encaixe o time. Ainda vamos procurar mais dois reforços, para qualificar o time. Infelizmente, o futebol não é uma ciência exata”.

DESABAFO

“Estou tranquilo. Minha vida é pautada no caminho reto e claro. Sou apaixonado e tenho um amor muito grande pelo ABC. Participei da gestão anterior de forma efetiva. Para se ter uma ideia, o primeiro salário de Heriberto da Cunha (ex-treinador), quem participou, foi eu. Quando Fabiano Gadelha estava no Náutico/PE, o gestor anterior me procurei e ajudei. O carro maca do clube, eu ajudei também. Mas, eu não gosto de me promover. Nunca, na minha vida, fiz algo obscuro, que venha a enrolar ninguém. Esse não é meu perfil. O torcedor pode ter certeza de que, enquanto eu estiver no clube, não vou permitir que ninguém subtraia dinheiro do clube. Nem mesmo nas viagens, que é o normal de acontecer. Não saiu dinheiro nenhum, muito pelo contrário, foi colocado. Não vou revelar valores, mas foram muitos.  Mas, nunca irei cobrar, porque fiz por amor e paixão. Pagamos 25 ex-jogadores e três treinadores. Todos estão quitados. O único que não aceitou o acordo foi o ex-lateral Bosco”.

José Rocha reclama por não ter sido consultado no América

Quem não se sentiu confortável com o possível aluguel do estádio Frasqueirão por parte do América, foi o presidente do Conselho Deliberativo alvirrubro, José Rocha. Para, a diretoria americana, deveria, pelo menos, ter tido uma reunião previa com os conselheiros, antes de tomar qualquer decisão, mesmo que o regime rubro seja presidencialista. “Não fui procurado por ninguém, não fui convidado para nenhuma reunião, nada, para tratar sobre esse tema. Tomei conhecimento do que estava acontecendo através dos jornais. Mas, de qualquer maneira, essa decisão cabe ao presidente em exercício”, afirmou José Rocha.

O América recebeu o aval da Confederação Brasileira de Futebol, para mandar seus jogos no estádio Nazarenão, em Goianinha, em todo o primeiro turno da série B do Brasileiro. A liberação aconteceu com a condição de que o time potiguar iria adequar a praça esportiva do interior, aos quesitos obrigatórios da CBF, que exige lugar para 10 mil torcedores. Impossibilitado de cumprir esse acordo, já que a Prefeitura Municipal de Goianinha está impossibilitado de receber recursos federais, o América tem que se apressar para conseguir outro campo para jogar e é aí que entra o Frasqueirão.

Mas, de acordo com José Rocha, quem tem que tomar essa decisão, não é o América e sim a própria CBF, em parceria com a Federação Norte-riograndense de Futebol.  “Eu acho que o América tem que tomar conta das coisas dele. A CBF, através da Federação potiguar, é quem tem que decidir aonde o América vai jogar no segundo semestre”, prevê Rocha.

Hoje, o conselho deliberativo do clube se reúne, segundo a pauta, para tratar de assuntos urgentes no que diz respeito ao América. Mesmo sendo o presidente do CD, José Rocha não quis adiantar o que será debatido. “O presidente convocou essa reunião, mas não sei ainda do que se trata. Pode ser que o assunto do aluguel entre na pauta”, disse.

O presidente do clube, Alex Padang, também confirmou que a reunião de hoje, não é para tratar sobre o aluguel do Frasqueirão. “Esse assunto não está em pauta. Mas, pode acontecer de algum conselheiro querer tirar dúvidas e  eu vou responder.  Mas, devo convocar uma coletiva ainda essa semana, para falar sobre esse assunto do aluguel” finalizou Padang.

Técnicos dos dois clubes realizam mudanças nos times

Os técnicos de ABC e América, Márcio Goiano e Roberto Fernandes, estão sendo forçados a realizar mudanças nos seus times titulares. Pelo lado alvinegro, por questões técnicas, já que, logo após  derrota para o Ceará, o treinador abecedista criticou a postura de alguns atletas, que, de acordo com ele, não estavam correspondendo em campo, o que era esperado. Já para o comandante alvirrubro, ele está sendo forçado a promover alterações. O zagueiro Cléber e o lateral esquerdo Wanderson receberam o terceiro cartão amarelo e estão suspensos. O lateral direito Norberto, não se recuperou da lesão na coxa, sofrida ainda no empate diante do vitória e está vetado pelo departamento médico.

“O Norberto está vetado. Ele mostrou uma evolução boa da contusão, mas não vai se recuperar para enfrentar o São Caetano, na sexta-feira. Possivelmente ele volte para o confronto contra o CRB”, revelou Maeterlink Rêgo, médico do América.

O time titular que treinou ontem, teve Dida no gol, Thiago Schöller na lateral direita, Bruno Costa e Edson Rocha na zaga e Gustavo na lateral esquerda. O meio campo e ataque é o mesmo que vinha atuando.

No ABC, a mudança foi mais radical. Pedro Silva e Renatinho foram mantidos nas laterais. O meio campo foi o setor que mais sofreu alterações. Bileu e Heink continuam como volantes, mas, Alexandre e Herivélton receberam chances como titulares, ao lado de Raul, formando o meio campo com cinco jogadores. No ataque, Anderson Costa continuou como titular.

Mas, Elionar Bombinha pode reaparecer no time, depois de ficar de fora da partida contra o Ceará, por estar contundido. De acordo com o médico alvinegro, Roberto Vital, a situação do jogador está melhor e ele tem grandes chances de enfrentar o CRB. “ O atleta está bem melhor. Foi liberado pelo departamento médico e vai ficar fazendo tratamento com o departamento físico do clube. Se nada sentir até a quinta-feira, deve enfrentar o CRB, no sábado. Mas, tudo vai depender, também, dos nossos preparados físicos”, afirmou Vital.  O América volta aos treinos hoje, no estádio Nazarenão, enquanto o ABC faz seu coletivo no Frasqueirão.

Transparência e profissionalismo

Itamar Ciríaco – Editor de Esportes

Duas regras não podem mais ser quebradas no futebol: a transparência e o profissionalismo. Assim como na política a transparência é a luz sobre as incertezas, no esporte da bola rolando ela aponta o caminho para o apoio decisivo dos torcedores. Já no mundo empresarial o profissionalismo representa o progresso nos negócios. Da mesma forma, dentro dos gramados essa atitude leva à obtenção de melhores resultados financeiros em um esporte cada vez mais caro para se manter.

No caso do negócio envolvendo o estádio Maria Lamas Farache – Frasqueirão, faltaram ambos: transparência e profissionalismo.

Quando me refiro a essas falhas, não acuso, em momento algum, os dirigentes, ou qualquer outro integrante da negociação, de desonestidade. Muito pelo contrário, acredito que todos estejam trabalhando duramente em favor de seus clubes. No entanto, fica claro que foram mal assessorados neste episódio.

Não foi de uma semana para cá que ABC e América  foram informados da possibilidade de parceria com o Governo do Estado, nem tampouco da proposta feita por uma empresa privada para o pagamento, em patrocínio, de R$ 2 milhões. No entanto, procurados pela imprensa e questionados por torcedores, o discurso assumido foi, reiterada vezes, o da negação.

Esqueceram que, com a internet, a politização dos torcedores é cada vez maior e que a falta de informações oficiais é um campo fértil para a semeadura de crises e boatos. Nesse ambiente hostil nenhuma empresa consegue sucesso e, da mesma forma, nos clubes de futebol é uma porta aberta para uma crise sem fim.

Informar com clareza seria a melhor forma de separar o torcedor consciente, que pensa o clube como um todo e trabalha para o progresso do mesmo, daquele que se entrega simplesmente à paixão e não consegue observar uma oportunidade de negócio.

O que estou dizendo não é que o clube deva esquecer esse torcedor apaixonado. Ele também deve ter voz, mas para que ele grite – contra ou à favor -, precisa ter informação para que esse brado, no mínimo, seja acompanhado de uma argumentação crível. Dessa forma o clube estará protegendo o próprio apaixonado, que não vai restringir os seus protestos a faixas sem sentido e a gritos de guerra preconceituosos.

Dito isso, não estou defendendo aqui a locação ou não do estádio Alvinegro para o América. Defendo apenas que, ante assunto tão importante, os torcedores precisam ser informados desde o início para que possam se posicionar conscientemente.

Testemunhamos por aí exemplos enormes de convivência pacífica e de crescimento conjunto dos clubes sem perda de rivalidade. Internazionale e Milan dividem há anos o mesmo estádio; O São Paulo permite que qualquer clube utilize, desde que pague, o Morumbi. E, pasmem, ABC e América dividiram, por 91 anos os mesmos tetos. De 1915, quando foram fundados a 1972, o Juvenal Lamartine. Depois, de 1972 a 2006, o Castelão-Machadão. Nesses locais construíram histórias de glórias, tradições e também rivalidade.

Seis anos depois da construção do Maria Lamas Farache, chega a hora de decidirem se voltarão a conviver, desta vez como anfitrião e convidado. Que a decisão seja tomada com profissionalismo e sob a égide da transparência.

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