Primeira presidente mulher do Conselho Federal de Contabilidade, Maria Clara Cavalcante Bugarim, esteve ontem no Estado para prestigiar a posse da presidente eleita do Conselho Estadual de Contabilidade, Maria Rosário de Oliveira. Aproveitando a visita, ela concedeu entrevista para falar da importância das prefeituras manterem em seus quadros profissionais da área. Para a presidente é imprescindível que os municípios tenham contadores que conheçam a realidade local e contribuam para a transparência no Poder Público.
TRIBUNA DO NORTE: Um dos seus propósitos como presidente é fazer com que cada prefeitura tenha um profissional de contabilidade?
Maria Clara Bugarim: Perfeito. Eu vim da contabilidade pública. E maior parte de nossos companheiros militam na contabilidade privada. E hoje nós estamos tentando resgatar a importância do contador público e essa fiscalização que nós podemos fazer nos órgão públicos. Acho que no momento conturbado que o nosso país está passando, a transparência nunca foi tão exigida. E nós profissionais de contabilidade precisamos ter essa consciência da nossa responsabilidade em todo esse processo.
O que muda uma prefeitura que conta com um contador profissional?
MCB: Nós dizemos o seguinte: que desde a década de 90 vem havendo um avanço muito grande nas gestões municipais. Nós observamos que a partir do momento que o governo federal tomou consciência que as ações só eram possível serem implantadas dentro do Município houve um grande avanço. Então foram criados conselhos, como os de saúde, educação, assistência social; e esses conselhos perdem a participação da sociedade; o que tornou a fiscalização mais efetiva. Na época, em Alagoas, nós começamos a incentivar profissionais que participassem desses conselhos. Não precisamos mais de leis, mas cumprir essas leis. E para isso precisamos de profissionais que possam auxiliar os gestores. Não tenho dúvidas que os contadores são os mais indicados para auxiliar esses gestores.
Qual o principal desafio do Conselho?
MCB: Não aceitamos mais que a sociedade nos encare como órgão meramente corporativo. Nós temos plena consciência que o nosso desafio, nossa maior missão, é proteger a sociedade.
E para os contadores?
MCB: Atender a todas as exigências dos fiscos que existem no Brasil. Hoje vivemos em verdadeiras senzalas burocráticas. Um grande desafio é vencer a burocracia para que tenhamos condições de produzir um trabalho com qualidade. As exigências são tantas que termina você sendo um mero técnico. O contabilista tem de ser também um consultor e não ficar somente atendendo a essas exigências fiscais e burocráticas.
É muito sério a questão da falta de profissionais de contabilidade nas prefeituras?
MCB: Vou falar sobre a realidade que eu conheço. Há muitas empresas que prestam serviço a prefeituras e que muitas vezes têm de assumir totalmente a contabilidade das cidades por falta de profissionais locais. É preciso que as prefeituras abram concursos para esses profissionais. É preciso fazer como foi feito com os médicos. É preciso de contadores residindo nos municípios, acompanhado de perto a realidade do município.
