Como se não bastasse o acúmulo de sedimentação no rio Pitimbu provocado pela erosão na rua Mahatma Gandhi, empreendimentos imobiliários avançam paralelos à cratera chegando a devastar parte de uma duna para levantar edificações.
As construções que romperam a duna, além de comprometer a balneabilidade do rio, pois foram erguidas a cerca de 200 metros da margem, também contribuem para o surgimento de voçorocas – desmoronamento oriundo de erosão subterrânea causada por águas das chuvas – semelhantes às que deram início à cratera da rua Mahatma Gandhi.
Uma fiação de cor azul sem posteamento jogada em cima da duna dá o sinal de que as edificações são irregulares. De acordo com Ivanosca Rocha Miranda, chefe da Coordenadoria de Meio Ambiente (CMA) do IDEMA, nenhuma obra erguida nas proximidades da duna mencionada tem licença. São ocupações irregulares que já foram embargadas várias vezes pelos fiscais do IDEMA. “Apesar do embargo, esses moradores vão tocando as obras à noite ou durante o fim de semana. Já fomos ao local na companhia da polícia, mas é só ir embora para que eles continuem a desrespeitar o embargo. Estamos estudando uma forma de garantir a preservação do local e a paralisação das obras, por isso, encaminhamos o problema para a assessoria jurídica para que seja analisado e apontadas soluções do ponto de vista legal”, disse Ivanosca Miranda.
Segundo Marcelo Medeiros, morador da rua Tenente Victor Laureiro Bernardes e dono de uma casa na travessa Victor Azevedo Loureiro, que fica em cima da duna, a ocupação do local foi providenciada para evitar que a área se transformasse em uma favela como a Toca da Raposa, também erguida em uma duna a 900 metros do local. “São 26 famílias que moram em casas construídas nessa área. Decidimos ocupar o espaço para evitar a favelização e impedir a retirada indiscriminada de areia do local pelas empreiteiras que estavam construindo condomínios fechados na região. Com a ocupação da área pararam de retirar areia do local. Se a escavação tivesse continuado, hoje poderíamos ter outra cratera levando mais areia para o rio que já está bastante assoreado. Isso tudo é fruto de um descaso que vem se arrastando há mais de oito anos. O problema da Mahatma Gandhi vem desde a outra administração e até agora não fizeram nada para recuperar a rua e o rio”, disse.
O IDEMA está concluindo os estudos sobre o processo de erosão na Mahatma Gandhi e o assoreamento do rio Pitimbu para encaminhar ao Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER) o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prade) com as recomendações e providências a serem tomadas para recuperar a área.
