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Conto de Encontro XIV

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Um bendito fruto entre as garotas numa noite de subversão ambiental e desafio aos limites impostos por um inquérito com segredo de justiça. Eu e quatro amigas, todos no ponto de fervura da juventude, ativistas contra os moinhos erguidos nas fantasias ideológicas que juntam tribos. Tudo fora planejado na pequena sala que o partido acabara de alugar para ser o aparelho oficial; e saimos na madrugada a bordo de uma pickup Fiat, munida de tintas e pinceis.

Fomos pichar paredes nas zonas Sul e Oeste, com palavras de ordem pedindo a condenação de um assassino que tirara a vida da esposa, mas por ser influente conseguiu que o inquérito fosse transferido para São Gonçalo, onde seus advogados conseguiram a cumplicidade da polícia, que garantiu a segurança de modo a espantar protestos e coibir universitárias feministas de circular por perto do forum local. E usamos metade da tinta em muros de Natal.

A outra metade foi tomada por uma patrulha policial, que nos flagrou no meio das pinceladas ilegais. E se não fomos presos, é que os agentes não se preocuparam com os desaforos contra o poderoso feminicida, só com a sujeira.

Três das meninas ficaram nervosíssimas, o susto por imaginar-se trancafiadas numa delegacia, a soltura pela manhã diante de olhares paternos. Só uma sorriu da situação junto comigo, a mais alta, longilínea, com cabelos de hippie.

Aquela era apenas a segunda vez que nos encontrávamos; a primeira foi na sede partidária, quando meu olhar bateu no dela e uma boca insinuando volúpia se abriu num sorriso. A ação policial nos uniu pela manhã adentro.

Um café da manhã na lanchonete Chapinha, depois um cochilo juntos, enganchados, paixão lactente nas peles suadas, tendo como teto e motel o aparelho alugado para organizar a salvação da pátria e dos seus operários.

Ao acordar, um tour de mãos dadas pelo velho Centro, uma viagem no tempo pela minha infância, mostrando-lhe a rua e a casa e fazendo a reconstituição dos passos que eu dava com meu pai até à quadra da Casa dos Estudantes.

Não precisou combinar nada, botar carimbo de compromisso afetivo, pois no reencontro dois dias depois já éramos mesmo namorados. E as plenárias, atos públicos nas praças, tudo virou pano de fundo, cenário para nossos encontros.

Ela ficava pelas manhãs na faculdade, e eu ficava colado nela nas tardes e nas noites, amanhecendo o dia na calçada da sua casa, desenhando sonhos e assistindo o nascer do Sol no horizonte ali de frente, no alto da Ladeira dele.

Nalgumas madrugadas, em que ela precisava acordar cedo para estudar, eu vencia a distância entre Petrópolis e Nova Descoberta a pé, consumindo cigarros pela Salgado Filho, sem paciência de esperar o ônibus que não vinha.

E tinham as canções marcando nosso tempo, coisa posterior nessas horas de recordação. Ouvíamos o Clube da Esquina, Boca Livre, Gonzaguinha. Ah, os versos de Gonzaguinha, tão nossos. “Não ficou no tempo presa na poeira”.

Alguém disse que o amor, na dimensão que for, nasce por quase nada e acaba por quase tudo. E assim, do nada, um desencontro de feriadão, tudo aconteceu e estabeleceu distância, demarcou feridas e calou palavras nunca ditas.

Meu peito nunca acumulou paixões, nele precisa esgotar uma velha para que uma nova brote e se enraíze até abrir terreno pra próxima. Um dia meu coração acordou batendo noutro, o pensamento já não estava nela. Mas enquanto esteve, foi lindo o nosso tempo o tempo todo.

Exageros
O sindicato dos bancários segue com poder de polícia,
fechando agências da Caixa e Banco do Brasil. Em alguns bancos, como a
filial da Caixa em Macaíba, está exigindo que se faça testes de Covid em
todos os funcionários.

Reforço
A Casa de Saúde São Lucas
abriu uma segunda unidade especial de UTI para atendimento exclusivo de
pacientes com coronavírus. E incrementou o ritmo de atendimento no
pronto-socorro para as ocorrências de outras enfermidades.

Proposta
Roberto
Jefferson continua de parabelo na mão. Na Rádio Guaíba, propôs que
Bolsonaro fosse destituído se o STF estiver certo no inquérito fake
news, mas que se estiver certo que os 11 ministros sejam afastados e
substituídos.

Ufologia
A psicóloga e escritora bestseller
Angela Thompson Smith disse em entrevista à ufóloga Erica Lukes que
quando trabalhou na Fundação Bigelow fez um extenso relatório sobre
OVNIs, que passou ao jornalista Keith Basterfield.

Geraldinho
É
neste domingo, a partir das 19h, a live do cantor e compositor Geraldo
Azevedo, dentro do projeto #EmCasaComSesc, transmitida pelas redes
sociais do Sesc SP. A apresentação será na casa do artista, no Rio de
Janeiro.

Rolling Stones
Os velhinhos seguem nos divertindo com
rock ‘n’ roll. Um novo projeto musical da banda está transmitindo todos
os domingos os shows históricos do quarteto Mick, Keith, Charlie e
Ronnie (alguns antigos com Brian). No YouTube, 16h.

Bola nas
redes Na Europa, além da liga alemã, a bola rola neste domingo na
Dinamarca, República Checa, Polônia, Ucrânia, Croácia, Sérvia e Hungria.
Tem rodada também na Coréia do Sul, Tunísia e Costa Rica. É so procurar
no YouTube.

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