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Conto de Encontro XXII

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Alex Medeiros
Entre o primeiro dia que a vi e a primeira vez que a beijei se passaram uns dois casamentos, três eleições e duas copas do mundo, além de vários endereços que eu alternei entre Natal e São Paulo. Nos conhecemos no princípio dos anos 80, empurrados para o mesmo ambiente político-estudantil pelos primeiros ventos da redemocratização iniciada com a distensão gradual, lenta e segura do governo de Ernesto Geisel que se avultou no de João Figueiredo.
Enveredamos nas correntes políticas que encontravam tempo bom na juventude sedenta da velha ilusão de liberdade. Se não éramos amigos, viramos colegas de objetivos, e confesso que naqueles dias meu espírito rebelde de rescaldo rock ‘n’ roll não bateu com a sua postura feminista. Eu era fiel escudeiro da filosofia de botequim do Millôr, que enaltecia como único movimento genuíno de mulheres o dos quadris, coisa que venero até hoje.
Lembro um momento hilário em que seu feminismo Simone e meu machismo Simonal se conflitaram. Em 1982, quatro ou cinco militantes no Fusquinha dela, perdidos no meio de uma passeata de José Agripino, e o carro com adesivos.
No aperreio de sair dali e evitar provocação, soltei uma piadinha que despertou a ira de donzela magoada: “além de não saber trocar pneus, vocês também dirigem sem senso de direção e de ambientação eleitoral”. Quase apanho.
Ficamos mais de ano sem contato, até que em meados de 1983 nos achamos no apartamento de uma amiga em comum, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Naquela altura já estávamos bem mais leves, social e ideologicamente.
Depois casei, fui trabalhar e criar filho em São Paulo, e somente em 1988 voltamos a nos encontrar, ambos com mais de um casamento no currículo. Aliás, ela foi a última a sair da comemoração de outro matrimônio que tentei.
Logo que pintou em mim outro surto de solteirice, passamos a papear sob o argumento de botar as conversas em dia, religar os laços de geração. Vi que a coisa era outra quando lhe mostrei em primeira-mão dois trabalhos que fiz.
Nada mais estranho do que criar anúncio publicitário em tributo às mortes de Luiz Gonzaga e de Raul Seixas, ambos no mesmo mês, e não submeter primeiro aos chefes e sim a uma, digamos, amiga. Fui fisgado naquele agosto.
Os telefonemas passaram a ser constantes e demorados, os risos mais longos, e não faltavam motivos para um papo presencial, como juntar filhos em programas de fim de semana e frequentar happy hours e tardes de autógrafos.
Em dezembro daquele 1988, fomos juntos curtir inauguração de um bar, noite embalada por clássicos da Jovem Guarda. Alguém avisou da morte de Chico Mendes, brinquei que no dia seguinte mostraria a ela outro anúncio fúnebre.
Quando ela parou de rir, peguei sua mão e chamei pra dançar; ela disse que não sabia, informei que ensinei Lucélia Santos numa noite. E rodando no salão do bar, sob os olhares dos colegas alcoviteiros, veio então o primeiro beijo.
Em março do ano seguinte, estávamos de novo ali quando o chão tremeu e daquela vez não era consequência do pulsar das nossas veias na dança. Corremos para ver as crianças, torcendo para cessar o sismo de João Câmara.
Poucos dias depois, ao voltarmos de um carnaval com chuva, suor e cerveja, curtimos um banho ao som calmante de Billie Holiday, a diva cantando Speak Low, “fale baixo, o amor é uma fagulha, perdido no escuro tão cedo, tão cedo”.
Dali em diante, veio um belo bebê, curtimos árvores e mares, fiz um livro dos poemas plantados em casa e experimentamos o lance viniciano da eternidade enquanto dure. E Billie dizendo: “o carrossel das crianças, o poço dos desejos”. 
Esquerdismo
A poderosa facção de esquerda que atua na elite do Judiciário instalou a censura nas redes sociais determinando o bloqueio de perfis pessoais de alguns jornalistas cujo crime é defender propostas de direita para o Brasil.
Pesquisa
A revista Veja contratou com exclusividade uma pesquisa eleitoral do Instituto Paraná que aponta o presidente Jair Bolsonaro liderando com folga a corrida de 2022 em todos os cenários, contra Lula, Ciro, Moro, Haddad, Dória ou Huck.
Motivos
Mesmo diante de tantos fatos criticados pela mídia, Bolsonaro parece imune a tudo, inclusive ao coronavírus (há 15 dias está assintomático). Para o sociólogo Álvaro Moisés, o auxílio dos R$ 600 aos trabalhadores tem um grande peso.
Enquete
Bolsonaro também lidera a pesquisa virtual do aplicativo e site, que ontem já havia computado cerca de 2 milhões de votos. Ele tem 52% contra 13,7% de Lula, 11% de Moro e 9,3% de Ciro.
Violência
A jornalista Nadja Lira escreveu no site Navegos que os tempos de isolamento social não impediram o aumento da violência no estado, que cresceu mais de 200%, tendo maior índice na violência contra a mulher, que aumentou 258,7%.
O tempo
Do economista negro Thomas Sowell: “Se você acreditou que todos deveriam seguir as mesmas regras e ser julgados pelos mesmos padrões, isso o faria ser rotulado de radical há 50 anos, liberal há 25 anos e um racista hoje”. 
Retrocesso
Em 1934, o então presidente turco, Kemal Ataturk, transformou a basílica Hagia Sophia em um museu, dentro do programa de instalação do estado laico. Ontem, 86 anos depois, o ditador Erdogan reconverteu o museu em basílica.
Itália e Portugal
Um sábado com bons jogos de futebol na Europa. Tem Genoa x Inter de Milão (14h30), Napoli x Suassolo (16h30), Braga x Porto (17h15) e o clássico lisboeta Benfica x Sporting (também 17h15). Transmissão canais fechados e YouTube.
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