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Contra o PT, mas a favor

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Observadores da cena política e eleitores atentos que leram o artigo de ontem sobre a indiferença popular nas pesquisas, concordam que a campanha eleitoral no RN ainda não pegou, que segue fria, e com os cidadãos sem o menor saco de dar recall aos candidatos, por mais que os marqueteiros e assessores se esforcem nas redes, no espalhar de mensagens e pesquisas.
O assunto me lembrou antigas conjunturas e um velho amigo de juventude chamado Jairo Baracho, que ficou notório pelo apelido “Jairo Sandino”, que em 1982 pediu votos para este colunista. Erro comum de juventude, era eu aos 21 anos candidato a vereador, mordido que fui pela ilusão da revolução proletária. Jairo ganhou o apelido por se fã do movimento sandinista que naqueles anos espalhava terrorismo na Nicarágua em nome da democracia. E faz ainda hoje.
Meu colega de devaneio socialista era o mais radical sem sequer jamais ter sido militante ou filiado partidário. Nem mesmo participava dos atos públicos que fazíamos nas praças Padre João Maria e Kennedy e corredores da UFRN. 
O “Jairo Sandino”, que era autodidata, tinha uma extensa bibliografia sobre socialismo e capitalismo, todo dia aparecia com um livro diferente nos sovacos, de Marx a Florestan Fernandes, de Gramsci a Fernando Henrique Cardoso.
Jurou uma vez, num boteco de Nova Descoberta, onde fazíamos panfletagem, que apesar da dialética e do temperamento humano uma coisa ele jamais deixaria de ser, “revolucionário e petista”. Na virada do milênio se curou disso. 
Conhecedor do partido e das revoluções, ele dizia que o PT era o mais autêntico do planeta e que ali ele via a redenção real da classe trabalhadora. Estranhei quando o reencontrei apoiando Wilma e Tata, há uns vinte anos.
“Grande Jairo, quem diria, a dialética é foda hein, você também contra o PT?”, provoquei porque ele sabia da minha posição. Em cima da bucha, replicou que lia minha coluna e tinha até decepção com o “reaça” em que me transformei.
E mandou: “Nada disso, continuo aquele mesmo da sua campanha, ajudo o PT sem ser filiado e sei que os problemas do presidente Lula irão ser superados, é só dar tempo ao tempo”. Me explicou que atuava com marketing de guerrilha.
Indaguei como, e ele seguiu: “Lembra de um livro que a gente leu naquela época, do Carlos Eduardo Novaes?” (Lembrei vagamente e imaginei se tratar de O Quiabo Comunista, hilária obra do escritor carioca). E prosseguiu o Jairo.
“Tinha um personagem, não sei se você lembra, que arranjava votos para os candidatos progressistas pedindo votos para os burgueses”. De novo lembrei e tentei entender a lógica. “Tô botando em prática aquela técnica”, rematou.
Pedi detalhes e ele deu: “Me infiltrei na Onda Vermelha, mas trabalhando contra, jogando panfletos no colo dos motoristas, baforando charuto enquanto pedia votos dentro de elevador, estacionando carro de som nos cruzamentos”.
O velho Jairo carbonário dos anos 80 deixando muita gente puta da vida, irritando pessoas em nome de um partido para favorecer o PT. Dizia que ninguém ajudava Fátima mais que ele. Já vão outros 20 anos que não o vejo.
Imagino ele na campanha atual usando a técnica do livro de Novaes (que aliás completa hoje 82 anos). Quinta-feira passada, por exemplo, ele daria um jeito de minorar o fiasco da manifestação que travou o trânsito com os militontos.
Acho que proibiria as bandeiras vermelhas, mandaria todo mundo vestir amarelo e verde, distribuiria baseados e soltava o Hino Nacional como trilha das falas histriônicas de Natália, Isolda, Samanda e Divaneide, todas em uníssono berrando “fora com o ladrão, vote no capitão”. Ia dar PT no primeiro turno.
Delongou O tal consórcio da grande imprensa (grupos Globo, Folha, Estadão…) desistiu de realizar um debate com os candidatos a presidente. Bolsonaro e Lula ignoraram a ideia. Ambos preferem conversar com os milhões do podcast.
Decepção As manchetes do UOL quinta-feira jogaram água fria nas manifestações lulopetistas iniciadas no Largo São Francisco. Destacaram a volta do antipetismo para Bolsonaro, o empate em SP e o aumento do voto feminino.
Decepção II O desespero da jornalista Barbara Gancia se dizendo decepcionada no comício da carta dominou o Twitter quinta e ontem. Reclamou da ausência de juventude no ato e dos discursos com as mesmas narrativas dos anos 60/70.
Assinatura O melhor retrato para desmascarar a cartinha dos militantes “luluspianos” é a ausência do PT na assinatura da mais importante carta do Brasil contemporâneo, que foi a Constituição de 1988, que a patuleia de Lula rejeitou.
Arcaicos No comício da Faculdade de Direito, onde militantes do PT e MST gritavam “fora Bolsonaro” no pátio, o representante da juventude foi Casagrande; já Daniela Mercury representou a MPB; e Armínio Fraga, os empreendedores.
Declaração De um traquejado agente jurídico ao ler a notícia do voto de Marco Aurélio de Mello em Jair Bolsonaro: “Típico caso de um candidato chamar no particular e pedir adesão ao outro, e ele repetir a cantilena do orgulho de ser voto vencido.
Comitê O engenheiro e ex-vereador Hugo Manso avisando que hoje tem inauguração do comitê da campanha de Lula em Natal, na rua Gonçalves Ledo, perto do Beco da Lama. Outras movimentações do PT na capital e também no interior.
Estradas Do médico e poeta Napoleão Veras: “Quando vejo propaganda de Fátima Bezerra dizendo Rio Grande do Norte no caminho certo, me vem de imediato a frase mais correta ao caso: o Rio Grande do Norte no caminho esburacado”. 
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