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Conversando com Nei

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Woden Madruga

Findando maio, dia 30, o poeta Nei Leandro de Castro acendeu velas para comemorar seus 79 anos, mais de quarenta deles vividos no Rio de Janeiro onde continua caminhando, dia sim dia não, ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas, acolitado por Sandrinha.  Foi nesse cenário que recebeu naquela manhã as mensagens dos amigos de Natal, todos cobrando sua vinda a aldeia para que as devidas celebrações aconteçam no Beco da Lama, a nova “bróduei” da cidade. Seriam os preparativos para os oitentanos do ano que vem.

Alex Nascimento inclui-se entre os madrugadores natalenses que acordaram Nei no amanhecer daquela sexta-feira. Segundo o bardo da rua São João o papo foi igualzinho aos das noitadas da Bella Napoli, que já não existem mais. Nem as noitadas nem os alpendres de Dom Vincenzo.   Só faltou mesmo a oitava dose de Old Parr. Vai ficar para a volta do poeta. Depois da minha conversa com Alex, me lembrei de uma carta que Nei, nos idos de 1987 (lá se vão 32 anos), escreveu pra ele, onde, entre muitas outras coisas, conta dos elogios que Carlos Drummond de Andrade fez ao seu romance As Pelejas de Ojuara.

Abro a gaveta dos papeis desarrumados a procura da carta. Na terceira busca, encontrei o envelope.  Tenho impressão que, tempos atrás, publiquei essa carta aqui. A memória já começa a dar topadas, até porque a calçada do tempo vai aumentando a buraqueira.  Nada impede, porém, que se republique os bons escritos da vida, como esta carta de Nei. Pelo contrário. Mais das vezes, reler é bem melhor do que a primeira leitura. Reler, sempre. É o que faço agora transcrevendo trechos da carta:

 “ Rio, 14.01.87.

Alex, mon amour.

Faz um calor igualzinho ao de Jucurutu. Em compensação, as mulheres estão quase nuas, com as tetas ao léu, como se diz além-mar. Algumas das ditas cujas tetas chegam a puir as blusinhas sob as quais elas – as tetas –  bicam e balançam. Ai, Jesus.

– Para compensar ainda mais esse calor jucurutuesco (pior do que o senegalesco), acabo de receber um cartão de Drummond que, aos 84 anos, quem diria, caiu de quatro pelo caboclo Ojuara. Segue xerox, para as devidas providências, caso você as julgue providenciais. Olha, por via das dúvidas, passo a limpo as palavras do mestre Drummond. Diz ele:

“Obrigado pelo que diz sobre ‘Tempo Vida Poesia’. E também sobre a remessa-relâmpago da declaração de rendimento.

Não vamos trocar elogios, mas quero reafirmar a primeira impressão de leitura de ‘As Pelejas de Ojuara’. O diabo do libro me prendeu e fascinou. Sou sensível, antes de tudo, à arte da escrita, e tocou-me a graça do seu estilo, que torna a leitura uma festa. A gente ‘vive’ o personagem, suas aventuras, seu destino. E isso é ficção da boa.

Quanta coisa aprendi na riqueza do seu vocabulário!

Abraços, com a admiração do Drummond”.

– A remessa-relâmpago, se você quer saber, diz respeito a um trabalho que o poeta fez para um cliente da Assessor. No mais, é um ego tão dilatado pela mensagem recebida, que chegou a um vigésimo do tamanho do ego de Franklin Jorge em posição de descanso. Abraços. Beijo a alemãzinha, com um demorado acento de ternura. Escreva, seu puto!

Nei”.

Educação
Do editorial do Estadão, de quinta-feira, 6, com o título “Manifesto pela Educação”:

“A obtusa visão do presidente Jair Bolsonaro sobre educação é tão perniciosa que anima vozes dos mais diferentes matizes político-ideológicos, tidas como irreconciliáveis, a sair em uníssono em defesa de uma área que está na espinha dorsal de qualquer plano para o desenvolvimento do Brasil que se pretende sério

“Reunidos na Universidade de São Paulo (USP) na terça-feira passada, seis ex-ministros da Educação assinaram um manifesto no qual declaram ter ‘grande preocupação’ com as políticas adotadas pelo governo federal para a área. No entender dos signatários, estas podem produzir ‘efeitos irreversíveis e até fatais’ num futuro não muito distante. ”

Queijos
Um queijo nordestino está entre os 56 ganhadores brasileiros do 4º Mundial do Queijo (“Mondial du Fromage”), realizado na cidade francesa de Tours, entre os dias 2 e 4 deste mês.  É o “Serra do Pico”, produzido na fazenda Carnaúba, do grande Manoel Dantas Vilar Filho (Manelito), município paraibano de Taperoá. Ganhou medalha de bronze.

Foram inscritos no evento 952 queijos procedentes de 15 países.  O Brasil teve 137 participantes, a grande maioria de Minas Gerais. O Rio Grande do Norte teve um participante, o queijeiro Lucenildo Firmino, da Queijaria Serra de Santana, município de Tenente Ananias. Não foi premiado, mas só ter chegado em Tours já é uma taça dourada.

Festa do Boi 
A Anorc cuida da Festa do Boi que acontecerá em outubro no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.  O queijo artesanal está entre os destaques e nessa história a Anorc conta com a importante parceria do Sebrae. Vamos saborear queijos de todas as partes do país.

Ferreira Gullar 

Notícia boa que nos chega das bandas do sul: a Companhia das Letras prepara a publicação de uma biografia do grande poeta Ferreira Gullar. Está sendo escrita pelo jornalista e crítico literário Miguel Conde (foi curador da Flip) com a participação de Celeste Aragão Ferreira, neta do biografado.
Dane-se Brasil
Da analista política Eliane Cantanhede, em seu artigo do Estadão (sexta-feira, 07) com o título “Na contramão a 100 km/h”:

– O presidente Jair Bolsonaro anuncia o fim da “indústria da multa”, mas pode estar reforçando da “indústria da morte” com a obsessão pelas armas, o estímulo para converter carros em armas e a sensação de que, ao virar presidente, está livre para tornar suas convicções pessoais em agenda de Estado. Os papos com os filhos e amigos viram MPs, decretos, projetos de lei. Danem-se especialistas, dados e pesquisas.

Na fogueira 
Os festejos juninos em Natal, com o adjutório da Prefeitura, prometem animação se espalhando pelos os bairros. Já era tempo. Que não esqueçam de Luiz Gonzaga, O Rei do Baião, a melhor música sertaneja.
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