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Cony e os ditados

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Woden Madruga [ [email protected] ]

Não é fácil desligar-se de Brasília, mormente quando o sujeito é metido a trabalhar dentro de um jornal e, pior ainda,  quando,  no meu caso,    lá se vão   60 anos e um pingo  cumprindo esta sina. A cidade projetada por Lúcio Costa nem existia e a presidente Dilma Rousseff devia andar pelos sete anos de cidade na então provinciana Belo Horizonte, onde nasceu.  Brasília não sai das manchetes, insufladas mais agora com os escândalos envolvendo figurões da República e as crises –  econômica e politica  – que agitam o país inteiro onde não se vê a tal luz no fim do túnel.  Por cacoete da profissão me submeto às noticias, lendo (ainda) os jornais impressos, acessando através da internet as edições onlaine, além do radinho de pilha na cabeceira. Celular, não.

Manhã cedo de ontem, o sol ainda tímido driblando as nuvens que passavam pelo Barro  Vermelho, eu já lia Carlos Heitor Cony (Sanderson Negreiros só o fará no meio da tarde quando passar pela banca do jornal, seu passeio obrigatório de todos os dias pelas quadras do Tirol), ao lado de outros colunistas da Folha de S. Pulo. O jornal da televisão mostra as coisas, mas não explica (interpreta) com profundidade. É missão  mais para os  cronistas e  analistas políticos.   Cony é craque desse ofício que exercita derna dos anos 50 ocupando as páginas nobres do Correio da Manhã,  onde foi cronista, editor e editorialista. Além disso está no meu time dos grandes escritores brasileiros. Ler o seu  “Quase Memória”, por exemplo, é um deleite muito especial.

Bom, voltemos a Brasília onde acontece o grande teatro (quase tragédia) da política brasileira. Carlos Heitor Cony explica muito bem, em poucas linhas, algumas cenas dessa história toda, usando suportes metafóricos que sustentam os novos rótulos que enfeitam ou enfeiam as instituições politicas do país, a partir de ditados e provérbios. Cony trata como  ocorre  essa “nova embalagem” nos costumes, nos hábitos, na cultura do Brasil.

Li pelo telefone para mestre Gaspar a crônica inteira de Carlos Heitor Cony. Ele vibrou e em cima da bucha foi dizendo:  “Perfeito. Cony é genial. Eu fosse você transcrevia em sua coluna, ela toda. A galera vai adorar e o nosso amigo Ambrósio Azevedo, lá de São Paulo do Potengi, também”

“Anterior ao naufrágio do Titanic, havia um ditado repetido por toda gente: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. E mais antigo ainda, o anexim pode ser uma simples metáfora, dita pelo próprio Cristo, chamando os hipócritas de “sepulcros caiados”. Penso nisso sempre que vejo uma embalagem nova  e geralmente inexpressiva.

As caixas de fósforos da Fiat Lux tinha aquele terrível  olho inventado não sei por quem, o olho severo do Criador nos olhando e fiscalizando. Aliás, o mesmo olho comparece nas notas de dólar e acho que também nas lojas maçônicas.

Alguns times de futebol mudaram seus uniformes, o do Fluminense, por exemplo, é um horror. O Vasco e outros também.
Tradicionais produtos industrializados jogaram no lixo suas antigas embalagens e adotaram outras, tão enigmáticas que confundem todo mundo.

“Saco azul e cinta encarnada” era o slogan do açúcar Pérola. O tradicional Leite de Rosas  vinha num elegante frasco de vidro, hoje vem num inexpressivo plástico rosa. O Chacrinha vestido de mata-mosquito não é a mesma coisa.

Essas considerações iniciais são provocadas pela recente embalagem do PT e do próprio Lula. Surgiu embrulhado num vermelho vivo significando um fato novo e necessário. Agora, depois do mensalão e da Lava Jato, é completamente diverso da embalagem original, que representavam um apelo realmente novo de um partido honesto e progressista.

Lula, com aquela barba revolta de Rasputin, era uma coisa. Hoje, com  a barba civilizadamente aparada e cara de burguês bem posto na vida, já não é aquele Lula sindicalista, preso várias vezes e com discurso moralista,
O PT, repetindo o anexim inicial, também é por fora bela viola, por dentro pão bolorento.”

Atendo a sugestão de Gaspar. A crônica de Cony tem o título de “Sepulcros caiados”. Vai na   íntegra:

Política
A prisão do ex-ministro José Dirceu repercute em todas as conversas de Brasília a Lagoa de Velhos (menos). A rádio CBN, enfileirando as principais manchetes dos grandes jornais, enfatiza esta do Estadão: “Governo teme acirramento da crise após a prisão de José Dirceu”.

Com a voz empostada o locutor debulha a notícia:
– O governo avalia que a prisão do ex-ministro José Dirceu acirra mais os ânimos contra o PT e a presidente Dilma Rousseff e aumenta o clima de beligerância no País num momento crucial, em que ela precisa de apoio para enfrentar a pressão dos que querem o impeachment. Auxiliares de Dilma temem que a investigação atinja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem provas concretas.

Chuva
As chuvas de segunda-feira para o amanhecer de ontem diminuíram de intensidade como consta do boletim da Emparn:
Senador Georgino Avelino, 11,8 milímetros, Baia Formosa, 10,2, Vera Cruz, 8,6, Canguaretama, 6,2, Parnamirim, 5,2, Montanhas e Monte Alegre, 4, Natal, 2.

No Potengi
Toda a região do Potengi está bem molhada, pasto para o gado assegurado para o semestre,  alguns municípios passando dos 500 milímetros este  ano.  Domingo passado conversei com o prefeito de São Paulo do Potengi, José Leonardo de Araújo, Naldinho, que me disse que as chuvas do mês de julho no município  somaram 130 milímetros. Nas contas da Emparn, de primeiro de janeiro a 31 de julho, choveu em São Paulo do Potengi 588 milímetros.

É o terceiro município mais chovido da região, abaixo de Ielmo Marinho, com 716 milímetros, e São Pedro, 618.

Flipipa
Hoje tem a pré-abertura do VI Festival Literário da Praia de Pipa. Atrações a partir das 18 horas: Orquestra de Flauta Doce de Tibau do Sul, Coco  de Zambê do Mestre Geraldo e Dona Lidia e mais o Pastoril de Cabaceiras. Segue-se o show “Do Mar ao Sertão”, de Carlos Zens.

Fecha a noite o espetáculo poético-sonoro, vários artistas fazendo citações poéticas de Câmara Cascudo, Mário de Andrade, Oswaldo Lamartine, Rachel de Queiroz, Patativa do Assaré, por aí.  Amanhã, as primeiras mesas literárias.

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