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Copa 2006 – A sombra do Galinho na seleção

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JAPÃO - Zico recorre a um tradutor para se comunicar com os jogadores

Bonn (AE) – Ele é a voz, e a sombra, de Zico na seleção japonesa. Sem ele, o trabalho do brasileiro ficaria muito, mas muito mais complicado. Kunihiro Suzuki, um cinquentão baixinho (diz ter 1,65m) de corpo atarracado e muita vitalidade, é o intérprete do Galinho. E está sempre a seu lado, dentro e fora do campo. É quem traduz as orientações do treinador – que fala meia dúzia de palavras em japonês – para os jogadores e as perguntas e respostas nas entrevistas. “Trabalhamos em perfeita sintonia. Há grande harmonia entre nós e isso torna as coisas bem mais fáceis”, explicou Suzuki ao falar sobre o sucesso da parceria.

E coloca sintonia nisso. É até curioso observar os dois em treinos e jogos. Quando Zico sorri, Suzuki sorri também; quando fecha a cara, o japonês fica carrancudo; se o brasileiro abre os braços, o intérprete também abre.

A harmonia entre os dois é resultado de uma história que começou há cerca de 30 anos. Naquela época, Suzuki, então agente de viagens, vivia indo ao Brasil. “Eu levava a japonesada para conhecer o País, o Rio, São Paulo. Fiz várias viagens, como não tinha visto permanente, ia e voltava. O máximo que fiquei foram dois meses seguidos. Nessa época, recebia os grupos. Ficava com aquelas plaquinhas nos aeroportos com o nome dos viajantes. Aí, fui aprendendo a língua e hoje falo português muito bem”, explica Suzuki.

Naquela época, o japonês, apaixonado por futebol, queria ver Pelé jogar. Foi algumas vezes ao Pacaembu e Morumbi, mas nada do Rei aparecer em campo. Um dia, no Rio, foi assistir ao Flamengo no Maracanã. “Zico fez uma partida de gala”, recorda. A partir daí, o intérprete mudou de ídolo.

Suzuki deu um jeito de conhecer o Galinho, de quem colecionava fotos e reportagens. Mas não imaginava que um dia iria trabalhar com ele. “Em 91, o Zico foi contratado pelo Sumitomo (hoje Kashima Antlers) e, como os dirigentes sabiam que eu falava português, me contrataram como intérprete. Quando fiquei sabendo que era para ele, quase tive uma coisa”, recordou, após o treino do Japão na manhã desta quarta.

Nascia aí uma amizade e um entrosamento que só faz crescer até hoje, 15 anos depois. Quando Zico saiu do Kashima, Suzuki arranjou outro emprego, voltou ao clube (chegou a trabalhar com Toninho Cerezo), mas, no segundo semestre de 2002, recebeu um telefonema. “Era o Zico dizendo que ia assumir a seleção e me convidado para ser seu intérprete. Aceitei na hora, né.” Mas a parceria está para acabar. A Fifa proibiu o intérprete de ficar no banco de reservas durante os jogos da Copa – o que irritou o técnico brasileiro.

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