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Copa 2006: Feito para mulheres

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ESTUDANTE - Fernanda Leão joga futebol e compra figurinhas da Copa

Por André Miranda

Tem muito marmanjo por aí  reclamando da dificuldade de conseguir os escudos para completar o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Só que há outros colecionadores para os quais os escudos são importantes, sim, mas há uma diversão além de completar o álbum. No caso, não são exatamente colecionadores, mas colecionadoras que elegem jogadores como David Beckham e Kaká como os mais bonitos do álbum e outros como Ronaldinho Gaúcho e Carlitos Tevez comos os mais feios. 

De executivas a donas de casa, incluindo estudantes, elas aderiram à moda que conquistou os brasileiros e compram e trocam figurinhas sem cerimônia. Gostam de futebol e querem completar o álbum tanto quanto os meninos, além de se divertirem elegendo os mais graciosos, prevendo quem vai levantar as arquibancadas femininas.

Grupo de e-mails para troca

Às vésperas da estréia da seleção canarinho na Alemanha, mais de 3,5 milhões de álbuns já foram distribuídos no Brasil. Só na família da dona de casa Luiza Dupré, são quatro. Ela divide um álbum com o marido enquanto a irmã, o irmão e os pais da cunhada colecionam outros três. Para encontrar as 596 figurinhas, a família criou um grupo de e-mails em que cada um avisa quais são suas repetidas.

— O sucesso do álbum entre as mulheres é bom para acabar com esse preconceito de que não sabemos nada sobre futebol — diz.

Outra que tem paixão pelo esporte é a estudante Fernanda Leão. Aos 8 anos ela começou a jogar futebol com os meninos da escola. Agora, com 16, já disputou dois campeonatos nos Estados Unidos e chegou a treinar no Flamengo por quase um ano. Apesar disso, ainda pensou duas vezes antes gastar a mesada com as figurinhas.

— Primeiro, duas amigas da escola começaram a colecionar. Eu achei ridículo, disse que a gente não tinha mais idade para trocar figurinha — brinca ela, que logo depois comprou o álbum e cem cromos de uma só vez.

Aluna do 2  ano do Ensino Médio, Fernanda negocia suas repetidas até com a professora de matemática. Assim como ela, a estudante de direito Cecília Vieira segue a regra que prevalece entre as mulheres: nada de competição para completar o álbum mais rapidamente, o importante é a brincadeira. Ela critica quem compra as figurinhas avulsas ou cobra dez cromos por um que seja mais difícil. Para ela, as figurinhas se transformaram em hobby:

— Não tenho tempo para fazer nada além de trabalhar e estudar. O álbum é uma forma de ficar por dentro da Copa e me distrai.

Distrai? Nem tanto. No escritório onde estagia, os olhos atentos e os comentários entre uma ida e outra ao Fórum levaram Cecília e a amiga Glaucia Corti a criar um ranking dos jogadores. Na lista dos mais esquisitos, o argentino Tevez está em primeiro. Entre os “top 5”, o campeão é o inglês Beckham, seguido pelo brasileiro Kaká, o italiano Gilardino, o português Figo e o alemão Asamoah.

Brasil está em segundo no ranking

Apesar da superprodução de algumas fotos, em que os jogadores aparecem sorridentes e com penteados impecáveis, José Martins, presidente da Panini, empresa que publica o álbum, garante que não houve preocupação especial para agradar o público feminino.

— Já ouvi dizer que maquiamos o Tevez para ele ficar mais bonito, mas não é verdade. O que acontece é que, em muitos casos, não tínhamos fotos dos jogadores com as camisas novas, que vão usar no mundial. Por isso é nítido que algumas figurinhas são montagens, mas só mexemos no uniforme — explica Martins.

Segundo ele, entre os 110 países em que a Panini publica o álbum, o Brasil está em segundo lugar em número de vendas, perdendo apenas para a Alemanha. Na última Copa, os brasileiros ficaram em terceiro, e as mulheres foram responsáveis por 30% dos pedidos de figurinhas feitos diretamente à editora.

Martins ressalta que a estatística não é precisa, já que muitas mães mandam as cartas pelos filhos. Até 2002, a gerente de vendas Margareth Ganem, de 46 anos, por exemplo, estava entre elas. Este ano, porém, ela se rendeu às figurinhas depois de ajudar os filhos a montar o álbum nas últimas quatro Copas. Quando os dois eram crianças, aliás, ela mostrava no Atlas onde ficavam os países que iam disputar o mundial.

— Trabalho com homens e mulheres mais novos do que eu e não escondo meu álbum. Mas, como não tenho amigos que colecionem, é meu filho mais velho que troca minhas figurinhas repetidas na faculdade. E é lógico que é divertido eleger os jogadores mais bonitos — brinca Margareth.

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