sábado, 20 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Copa 2006: O mundo é Azurra

- Publicidade -

TETRA - Azurra é recepcionada com show aéreo sobre a capital, Roma

Berlim (AE) – A cor do futebol é azul. Sai a combinação verde e amarela que predominou desde 2002 e volta a Azzurra. Depois de 24 anos de espera, a Itália enfim comemora outro título mundial, que se junta aos de 34, 38 e 82. A quarta estrela veio numa noite quente de verão, que transformou Berlim numa extensão de Roma, e brilhou no pênalti cobrado por Fabio Grosso. Os italianos fizeram a festa, no Estádio Olímpico, com vitória de 5 a 3 nesse critério decisivo, depois de empate com a França por 1 a 1 no tempo normal e angustiante 0 a 0 na prorrogação. Zidane, o maestro, encerrou carreira com um gol e com uma cabeçada em Materazzi que lhe rendeu expulsão.

Os franceses entraram de branco por considerarem que a cor lhes traria bons fluidos. No entanto, um presságio desconfortável despontou com menos de um minuto de jogo. Henry foi a nocaute, após choque com Cannavaro no meio-campo, ficou grogue e quase teve de ser substituído. Como bom guerreiro, regressou à arena, espantou a tontura e aos 5 minutos lançou para Malouda, na seqüência derrubado por Materazzi. Os italianos contestaram a decisão do argentino Horacio Elizondo, mas precisaram resignar-se ao ver Zidane cobrar com estilo, aos 6, para fazer 1 a 0. A bola ainda bateu no travessão e, por átimos de segundo, deu a impressão de que não havia entrado. Ilusão.

No jogo de xadrez montado por Marcello Lippi e Raymond Domenech, esse movimento poderia resultar definitivo. Outra miragem, pois aos 19 minutos o grandalhão Materazzi – personagem dos lances mais importantes do duelo – por pouco não tocou as nuvens para desviar, de cabeça, cruzamento de Pirlo em cobrança de escanteio Quando Barthez se deu conta, a bola passava na sua frente como um míssil. 1 a 1.

Equilíbrio restabelecido, prevaleceu a lógica da precaução de duas equipes que chegaram ao ato derradeiro da Copa por força de seus sistemas defensivos. A Itália se aproximou do segundo gol aos 35 minutos, numa cabeçada de Toni que beliscou o travessão. O lance endoidou os mais de 20 mil italianos que foram ao estádio em que, 70 anos atrás, o negro norte-americano Jesse Owens teve a petulância de ganhar medalha de ouro no atletismo, nos Jogos de Berlim, diante do führer Adolf Hitler, aquele que sonhava com raça pura. A loucura deste domingo felizmente era sadia.

A França sentiu que podia cair na armadilha da Azzurra, como havia ocorrido com Austrália, Ucrânia e Alemanha na fase de eliminação direta. Por isso, partiu para o ataque no segundo tempo. Os campeões de 98 pressionaram, fecharam espaços no meio-campo, mas esbarraram no valente Cannavaro e no ótimo Buffon. A Itália cozinhou o galo em banho-maria. Outra vez prevaleceu a lógica e o clássico entre dois rivais históricos enveredou pelo tempo suplementar. Os franceses confiaram na pontaria, mantiveram o ritmo e deixaram aturdidos os italianos com um chute cruzado de Ribery e com uma cabeçada à queima-roupa de Zidane que Buffon espalmou.

Os Bleus pareciam revigorados, como nos jogos contra Espanha, Brasil e Portugal. Até que o astro Zidane usou a cabeça para perder-se e desorientar seus súditos. Depois de lance de agarra-agarra, saiu de área em bate-boca com Materazzi. De repente, se volta para o italiano e o acerta com uma cabeçada no peito. O lance passou despercebido por Elizondo, mas não por seu auxiliar Dario Garcia. Vermelho para Zidane, em sua triste saideira.

Pela segunda vez na história, a Copa foi definida nos pênaltis. Na primeira, 12 anos atrás, a Squadra Azzurra perdeu nos EUA para o Brasil, que comemorou o tetra. Agora, exorcizou o fantasma e se deu bem. Pirlo, Materazzi (ele, de novo), De Rossi Del Piero e Grosso marcaram. Wiltord acertou o primeiro, Trezeguet errou, Abidal e Sagnol fizeram, mas foi tudo inútil. A Itália deu a volta olímpica, ao som de “Funiculi, Funiculá!”.

Campeões voltam à realidade

A festa ainda é grande na Itália, mas para 13 jogadores da seleção que conquistou o quarto título mundial o futuro é incerto. Eles pertencem aos quatro clubes que estão sendo julgados e que até hoje conhecerão a sentença da Justiça. Se os clubes foram rebaixados, é provável que o futebol italiano testemunhe uma debandada, com vários jogadores indo jogar no exterior – no Mundial, a Itália era uma das raras seleções em que os 23 jogadores atuavam no país.

Os campeões que defendem os clubes envolvidos no escândalo são: Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Del Piero e Camoranesi (Juventus); Nesta, Gattuso, Pirlo, Inzaghi e Gilardino (Milan); Peruzzi e Oddo (Lazio); Toni (Fiorentina). O promotor Stefano Palazzi pediu o rebaixamento da Juventus para a Série C1 (terceira divisão), seis pontos de penalização e o cancelamento dos títulos conquistados nas duas últimas temporadas. Para o Milan, o pedido é de rebaixamento para a Série B e três pontos de penalização. E para Lazio e Fiorentina, queda para a segunda divisão e 15 pontos de penalização.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas