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Coronel confirma indicação de sargento para “cobrança”

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DELEGADO - Elivaldo Jácome fala sobre o depoimento do coronelO tenente-coronel Luciano Melo prestou depoimento ontem, às 10 horas, confirmando que convidou o sargento Alissandro Dagoberto para fazer a cobrança de R$ 162 a um industrial de Macaíba. A “cobrança” resultou na prisão de Dagoberto e outras duas pessoas por extorsão. O encontro foi na granja do oficial, em São Gonçalo do Amarante. O tenente-coronel, no entanto, negou que receberia algum dinheiro em troca da “indicação”. Em cerca de uma hora de interrogatório, ele confessou ainda a venda da pistola de uso exclusivo das Forças Armas que foi apreendida com o sargento. 

O oficial chegou à sede da Subsecretaria de Defesa Social, em Candelária, no horário marcado. Sozinho, numa motocicleta, ele tentou estacionar na garagem da DP, num lugar reservado, mas os agentes não abriram a porta, obrigando o tenente-coronel a estacionar na frente da DP. Rapidamente e sem falar com a imprensa, Luciano Melo foi levado ao cartório, onde o delegado Elivaldo Jácome o aguardava.

O depoimento durou cerca de uma hora. Na saída, o oficial falou rapidamente com a imprensa sob a condição de que sua imagem fosse preservada. “Não tenho nenhuma participação nisso. Só sei que os sargento foi preso, mas não tenho nada com isso. O sargento agiu por conta própria”, disse. Ele confirmou apenas a venda da arma há seis meses e disse que iria assumir essa responsabilidade.

Ao delegado Elivaldo Jácome, no entanto, o oficial confirmou que foi na granja dele, em Guajiru, distrito de São Gonçalo do Amarante, onde o sargento Dagoberto se encontrou com um representante do cobrador da dívida. “Ele (o tenente-coronel) disse que chamou o sargento para fazer a cobrança, porque ele (o sargento) tinha grande poder de convencimento”, disse o delegado. Segundo o depoimento do oficial, lido pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o oficial admite que fez a intermediação  para a cobrança, mas negou veementemente que receberia qualquer quantia pela indicação. “O oficial alegou que não sabia que a cobrança era superior ao débito real, nem que havia uma briga entre os dois empresário, e também negou conhecimento sobre as ameaças feitas a vítima. A vítima disse que o empresário goiano dizia que ia mandar o grupo de extermínio da polícia cobrar a dívida”, falou Elivaldo Jácome, ressaltando que não cabe a um policial  militar a função de cobrar dívidas a terceiros.

O sargento diz que Luciano Melo receberia R$ 9 mil caso a cobrança fosse bem sucedida. Desse valor, R$ 3 mil iam para o sargento, uma parte para um segurança e o resto para o oficial. “Pelos depoimentos, ainda não posso fazer juízo de valor, porque seria falta de ética da minha parte”, comentou o delegado ao ser questionado sobre as divergências nos depoimentos.

Sobre a pistola calibre 9 milímetros – de uso restrito das Forças Armadas – que o sargento diz ter comprado do oficial, o tenente-coronel Melo confirmou a venda. Ele disse que vendeu a arma por R$ 1.500, sendo R$ 1.000 à vista e duas parcelas de R$ 250. O dinheiro obtido com a venda seria usado na compra de material de construção. “Ele disse que vendeu a arma há uns seis meses, mas não soube precisar a origem, alegando que comprou a pistola há muito tempo”, disse o delegado.

O depoimento do oficial foi encaminhado à Delegacia de Macaíba, responsável pela conclusão do inquérito. Será o delegado de Macaíba, Pedro Falcão,  quem vai decidir se o oficial tem participação na extorsão ou responderá por crime de porte ilegal de arma com o agravante de a arma ser de uso militar. O sargento que fez as denúncias responde ao processo em liberdade.

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