Rio (AE) – O corpo do economista brasileiro Gabriel Buchmann, de 28 anos, foi encontrado na manhã de ontem (horário local) no Monte Moulanje, no Malaui, por equipes de buscas por terra. Buchmann foi visto pela última vez em 17 de julho, quando fazia uma escalada e estava a cerca de 600 metros do cume. O corpo do rapaz foi reconhecido pela namorada, Cristina Reis, que viajou ao país africano para acompanhar as buscas. A mãe do economista, a professora Maria de Fátima Buchmann, ficou muito abalada. No sábado, quando uma equipe de sete bombeiros brasileiros especializados em busca na selva se preparava para embarcar para o Malaui, ela ainda se mostrava esperançosa de que o filho seria localizado. “A expectativa era muito grande porque o Gabriel tinha experiência em montanhas, tinha muita resistência, mas também sabíamos que havia contra nós o tempo sem comer, as condições climáticas”, disse Jacques Chaves de Melo, tio do economista.
Ele disse que a família foi avisada ainda pela manhã pelo irmão, Joaquim Chaves de Melo, que também acompanhava as buscas. “Meu irmão ligou cedo e avisou que ele estava morto. Não sabemos de nada: se estava ferido, se havia se machucado”, disse.
Tanto a família quanto o Itamaraty não souberam informar em que ponto da montanha o corpo foi localizado ou em que condições. Não se tem notícia ainda se Buchmann tinha algum ferimento no corpo ou se havia sinal de violência. A assessoria de Imprensa do Itamaraty informou que o corpo foi levado de helicóptero até a sede do parque. Hoje, um legista local fará a necropsia.
Segundo a família, as viagens de helicóptero, as passagens de voluntários canadenses e a diária dos cerca de 50 africanos que atuaram nas buscas foram pagas com doações feitas por amigos e internautas, que acompanharam o esforço para localizar o economista pelo blog ajudegabrielbuchmann.blogspot com.
Economista estudioso da pobreza, Buchmann havia começado a viagem pelo mundo há cerca de um ano. Ele queria ter contato com a realidade que estudaria no doutorado na Universidade da Califórnia, previsto para iniciar no mês que vem. Durante a viagem, Buchmann hospedou-se na casa de famílias, e vivenciou seu cotidiano, ajudando, inclusive, na pesca e na lavoura.
No dia 17, ele subia o Monte Mulanje com um guia. Segundo relato da namorada Cristina, postado no blog, Buchmann deixou sua mochila numa cabana de observação do parque e escalava mais rápido que o guia. “Como tinha intenção de voltar no mesmo dia – ainda que fosse à noite -, lhe pediu (ao guia) para voltar e pegar sua mala pequena, com medo de que o posto de entrada da montanha fechasse”, escreveu. No entanto, o tempo fechou, havia muita neblina no Mulanje e Buchmann não foi mais visto. Depois do Malaui, o economista passaria por Moçambique e voltaria ao Brasil no dia 28.
