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Cortez vive!

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Vicente Serejo
Quando Antônio Gentil remeteu para alguns amigos a imagem inesperada dos trigais, aquela que no domingo passado Cassiano Arruda reproduziu na coluna, não foi a beleza dos pendões dourados, tangidos pelo vento, o que de mais forte surgiu nos olhos. Mas, a grande e justa lembrança de Cortez Pereira. Falou ao deserto da nossa insensibilidade, nos começos dos anos setenta, quando pregava a grande fertilidade da Chapada do Apodi para a nossa economia. 
E muito mais forte há de ser o remorso, afinal, negamos ouvidos, na medida em que os trigais douram a paisagem da chapada dos lados do Ceará e não do Rio Grande do Norte. Ali, naquele cenário quase bíblico, o tempo repete, como um novo milagre, a história do homem que encontra na terra sua sobrevivência. Nela plantou o trigo do pão para matar a sua fome e criar seus bichos, e garantir a sobrevivência da carne e a transcendência simbólica do espírito.
Ora, ora, o Ceará registra mais essa vitória debaixo dos nossos olhos. E nos afasta ainda mais da terra que nos foi dada sem exigir ser prometida. Foi em nós que faltou a sensibilidade para acreditar no pioneirismo das antevisões de Cortez Pereira. Aquele que nos abriu os olhos para o caju, a castanha e a produção de camarão em cativeiro, só para citar os três exemplos mais eloquentes. No entanto, preferimos um dar de ombros que já dura meio século de atraso. 
Nem preciso lembrar que ninguém nunca leu aqui, nesta Cena Urbana, que anda pelos olhos do nosso pequeno mundo há 38 anos de circulação, o gesto pobre de desacreditar na força das ideias de Cortez Pereira. Trucidado pelas lutas, cassado pela política e abandonado por seu próprio partido, viveu os últimos dias como um vivo-mudo, vítima da grande e terrível injustiça que o fez sair com o rosto ilustrando a capa da revista ‘Veja’ com o título a corrupção punida. 
Imagine, Senhor Redator, se acreditássemos em maldição. Seria esta, justamente esta, a de escolher perdê-lo vivo. Recolheu-se para ser aquele monge que desejou ser na sua juventude, preso às convicções e prisioneiro da inocência negada pela injusta injustiça dos homens. Um ser de uma fé inabalável que deixou como herança, além das ideias sociais e econômicas do seu humanismo, a frase para se pregar na parede do palácio de governo: ‘Governar é fazer o bem’. 
Há naqueles trigais que douram a solidão da Chapada do Apodi, do lado do Ceará e não do Rio Grande do Norte, não só a primavera, justa para quem foi capaz de semeá-la. Ali, brota o grito surdo que nos sussurra nos ouvidos a injustiça que praticamos. Justamente por isso, pagamos o preço do amargo remorso que negamos e que carregamos nas costas sem um lugar para descansar o peso nesse destino de uma pobreza invencível. Cortez vive naqueles trigais! 
GRAVE – O estouro na tubulação da barragem de Jati, Ceará, pode revelar grave erro de projeto dos governos FHC e Lula que pode atrasar ainda mais a chegada das águas do São Francisco.  
BOMBAS – Com apenas duas bombas instaladas em Jati, e não oito, como planejado, as águas só chegarão ao RN quando transbordarem nas nove barragens e açudes entre a Paraíba e Ceará. 
SAÍDA – Mantido o sistema tal como já está instalado, o Rio Grande do Norte terá um terço da água.  Os dois outros dois terços irão para o Ceará e a Paraíba. Um terço para este RN, o órfão.   
DOMÍNIO – A avaliação técnica é do professor João Abner que diante da grandeza do projeto de transposição defende uma solução técnica que seja mais justa para o Rio Grande do Norte. 
CASTIGO – Toda a comunidade da Redinha está limitada a uma só linha regular de ônibus e via Ponte de Igapó. Pela Ponte Newton Navarro está suspensa. A STTU acha tudo muito natural.

ÁGUA – Por falar na Redinha, lá continuam a falta de água e os braços cruzados da Caern. Dias e dias sem água. Como se a empresa estatal não cobrasse caro pelo sérvio que presta. E presta? 
ENIGMA – Se o assunto é ônibus, quando será publicado, afinal, o novo edital de licitação da concorrência das linhas urbanas marcada para dezembro do ano passado? Seria só um mistério?
GREVE – Segundo fonte ligada à greve da ECT, já estariam dormindo no armazém do Correio, aqui, mais de dez mil encomendas à espera do final da greve. A Justiça do Trabalho é quem decidirá. 
FORÇA – Ao reunir uma aliança de sete partidos o PV demonstra o maior vigor de articulação na campanha de prefeito. Tem pela frente, agora, o desafio maior: que é transformar seu slogan ‘Pensando Natal’, em algo capaz gerar magnetismo e agregar votos. O que não é lá muito fácil. 
ESPELHO – O PT, em que pese a força de governo, sai com uma chapa pura – PT-PT – o que tanto pode demonstrar autossuficiência como um estado de isolamento com um final feliz ou infeliz. Mas, se não chegar ao segundo turno não perde apenas a campanha. Condena o governo.  
EFEITO – A chapa do prefeito Álvaro Dias, líder em todas as pesquisas, reúne as siglas mais fortes, mas nasce com a perspectiva de precisar ganhar a campanha no primeiro turno. Segundo turno é outra campanha que exige outros arranjos partidários em função das urnas definitivas. 
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